Roberto é um italiano, dono de um hotel em Veneza, onde nos hospedamos. O nome não condiz com o ambiente: Maison de Charme de Balbi! Um quartículo de seis metros quadrados, sujo, feito de móveis remendados e desconfortáveis. Caro, muito caro, € 132,00 a diária! Mas foi a única coisa que achamos buscando com uma semana de antecedência.
A geografia era privilegiada; acordava com os sinos do Campanário da Piazza de San Marco. Contei as badaladas ontem a noite: 96 badaladas para anunciar onze da noite! Uma sonoridade redonda, especial de todos os sinos italianos.
Mas o lugar era sujo, desconfortável e deprimente; só entravamos para dormir, grávidos de cansaço.
Agora a história:
Roberto morou no Brasil por um bom tempo, fala português numa boa. Há 10 anos atrás casou-se com uma mineira de Montes Claros. Imagino como aqueles casamentos onde o interesse mútuo falou mais alto: ela - como tantas brasileiras, querendo um casamento que a arrancasse da miséria. Ele, além da carne fresca, alguém para cuidar da casa, cuidar dele..... Tiveram uma filha que hoje tem 9 anos.
Há dois anos atrás a moça foi passar férias no Brasil e não voltou mais. Há nove advogados (em Veneza, Roma, São Paulo, Belo Horizonte e Montes Claros) cuidando (?) do caso que se arrasta em documentos e trâmites burocráticos.
Ele me contou esta história nesta manhã, enquanto nos despedíamos e eu reclamava do quarto. Antes de mais nada, é bom saber que Roberto tem mais de 80 anos e - como muitos dos europeus antigos, tem o cabelo e as roupas ensebadas.....
O pessoal da embaixada brasileira na Itália diz que a maioria dos brasileiros na Itália são de mulheres das regiões pobres do Brasil, casadas com italianos brutos e grosseiros. E todo dia tem problema........
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