Chegamos à Venezia a hora do almoço. Dia cinzento, cheio de nuvens e chuvas esporádicas. Entregamos o carro no aeroporto e - nem sabia o quanto ia me arrepender disto. Explico: vinha com o endereço da loja de smalti para mosaico, Orsoni. Só quando fui procurar o endereço da loja é que percebi que ela ficava em Venezia Mestra, acessivel apenas de carro. E o carro tinha se ido.....
Do aeroporto ao ponto do vaporetto, na estação Central, pegamos um ônibus. Acontece que os ônibus param numa praça e a estação se encontra em outra, depois do canal, com escada de interligação. Todo mundo chega com mala e vimos, sob a chuva, alguns sacrificios para atravessar a ponte de escadas. Nós também!
Alexandre estava deslumbrado com a cidade onde as ruas são de água. O vaporetto andou pelo sinuoso Grande Canal e - depois de algumas paradas, fotos incluídas - paramos na estação da Piazza San Marcos. Ah, que felicidade! Sabíamos que o hotel era ali por perto, mas onde? Pergunta aqui e ali, nas ruelas muito estreitas, e finalmente encontramos o hotel. Pertinho da Piazza San Marco, numa ala de um predio à beira de um pequeno canal.
Gostamos da localização, da entrada, mas odiamos o quarto: pequeno, caro e sujo, muito sujo. Desconfortável, com cama estreita, mal ventilado....um horror. Deixamos a mala (apenas uma, pois as outras havíamos guardado na estação de trem, prevendo o desconforto de andar com malas grandes em Venezia) e saímos para a rua.
O que ver?
Tudo. Pois Venezia se mostra linda e interessante a cada esquina, a cada ruela a cada angulo do canal. Deixamos a catedral - ícone da cidade - para o dia seguinte e nem pensamos em visitar o Museu, no Palazzo Del Dodge, ali em frente. O que nos atraíam eram a s ruas.
Chovia e - espremidos pela multidão de turistas nas ruelas - comprado o necessário um guarda-chuva, andamos até decidirmos pela pizza, a única coisa acessível (não barata) em Venezia. E andamos mais. Nos encantamos com as torres, as piazzetas, os inúmeros sinos badalam com sonoridade a cada quarteirão.... até ficar bem escuro e voltarmos à Piazza San Marco e passearmos a esmo pelas galerias, olhando as joalherias com o mesmo olhar guloso de trinta anos atrás.
Dormir no quarto horroroso e manhãzinha de sol lindo, tomar café na esquina - o cremoso café italiano - com croissant e rumar para a Catedral de San Marco, o monumento decorado com o saque de Constantinopla pelas última Cruzada, mil anos atrás. os cavalos estão lá, no balcão em cima do pórtico, a grande peça cravada e esculpida em ouro atrás do altar, os mosaicos contando a história do suplício de San Marco no Egito e o roubo do seu corpo e sua chegada à Venezia.... toda a história está mostrada ali, num dos templos mais luxuosos do mundo, senão o mais....
Pobre Igreja de Santa Sofia, em Istambul. há mil anos esvaziada e saqueada, primeiro pelos Cruzados e depois pelos longos oitocentos anos do Império Otomano... E a orda de turistas não tem fim; estão em todos os lugares, formando filas fotográficas em si mesmas.
É desses quadros vivos, desses recortes arquitetonicos e humanos que se preenchiam os nossos dias e nossos olhos em Venezia. Foi bom termos tempo para sentir lentamente esta cidade.
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