domingo, 19 de maio de 2013

4.24 - Itália - Murano e Burano

Murano é uma ilha dentro da Laguna de Venezia famosa por seus cristais coloridos. Tem a mesma estrutura arquitetônica de Veneza, com canais, pequenas pontes de três a cinco degraus e casas em tons de ocre e terraços com janelas verdes. Apenas os edifícios são menos suntuosos, menos palacetes!
Canal principal de Murano, a partir da estação do ferryboat

Ponte em arco em Murano
Vai-se a Murano de barco. Compramos um passe de 12 horas com trajeto livre, pois tiramos o dia para conhecer as ilhas por perto: San Michele, onde esta o cemitério, Santo Erasmo, Giudeca, Lido, onde estão as praias de mar aberto.

Chovia muito e fazia frio quando deixamos o nosso hotel, em San Marco. Pegamos o "vaporetto" no cais em San Marco e - contornando toda a ilha - rumamos para Murano. O vento no barco era inconsolável, gelava as orelhas. Há uma parada em San Michelle e até quis visitar o cemitério (ficou para a volta e não aconteceu).

Quando chegamos a Murano, 40 minutos depois, a chuva estava parando e seguimos ilha adentro, na calcada que contornava o primeiro canal. Grata surpresa! Cada porta era uma loja de cristais e algumas - grandes e bem-estruturadas. A maioria das peças são coloridas, de cores fortes e apostam na relação com a luz e a transparência para serem plenas.

Escultura em vidro numa praça em Murano

São peças de grande qualidade artística, mas de um preço proibitivo. Nada custava menos que 100 euros, mesmo os menores pratos ou cinzeiros! Alguns lustres chegavam a 8, 10 e até 15 mil euros!

Peça feita com centenas de fatias de millefiori
  
Escultura em cristal azul de Murano
No fundo de uma loja um artesão  trabalhava e pudemos entender o básico do processo: a areia se transformando em vidro a 1.300 º C, o sopro para criar o espaço interno, os cortes e as sucessivas moldagens, a mistura das cores....... O artesão trabalhava há 35 anos com vidro, desde seus 15 anos....... Qual o salário de uma pessoa como esta?

Saí sem comprar quase nada..... Um brinquinho para a Marina e um gato azul. Conto a história do gato azul: há 30 anos, quando estive em Veneza pela primeira vez só tive dinheiro para comprar um pequeno gato azul que esteve na cômoda do meu quarto por todos estes anos. Uma faxina daqui e dali quebrou as frágeis orelhas do gato. Em uma das minhas mudanças, o gato mutilado se foi....... E hoje recuperei meu gato azul, muito mais por nostalgia, pois apenas um gato de cristal fica solto e fora do contexto na minha casa atual. Estou pensando em agrupar junto aos elefantes em cristal vindos da Tailândia e duas peças trazidas da Praga! Onde? Não sei.....

Eram quase cinco da tarde (e que tarde quente, luminosa e azul havíamos passado em Murano!) quando pegamos outro barco para Burano, a ilha logo em frente. Pequena, com os mesmos canais e casas um tanto mais baixas: dois andares apenas. 

A diferença? 
Cores!
Muitas cores nas fachadas, criando um espaço singular na Itália, onde todas as casas tem o tom de terracota. 

A ilha é conhecida (e explora isso muito bem) pelas suas rendas de bilro. Praticamente todos os edifícios do centro histórico são lojas a venderem renda ou peças bordadas em linho.

Belíssimas e caríssimas! 

Porém sem sentido algum; casa alguma contemporânea coloca uma toalha de linho na mesa. Quem vai lavar, passar? Eu mesma tenho algumas, resultado das minhas andanças pelo nordeste do Brasil - onde encontramos a mesma técnica, herdada dos portugueses - guardadas há anos no armário, usadas apenas em ocasiões muito festivas.

Em horário de verão escurece tarde na Europa. Houve tempo para sentar-se em um bar e tomar cerveja enquanto os pés aproveitavam para ficar ao léu.

Chegamos a Venezia já escuro. O jantar? Uma pizza simples.

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