E olha que a UNESCO andou brava por aqui, demolindo hotéis e colocando regras rígidas no acesso aos travertinos.
Os hotéis estão mais para espeluncas. Baratos, eh verdade, R$ 53.00 com café da manha, mas tudo eh de baixa qualidade. Saudades da minha linda casa otomana em Konya e dos agrados de la.
A viagem foi longa, sete horas e meia, por ônibus. Atravessei em linha reta do leste para o oeste. De Goreme até aqui foram 1.000 quilômetros e e só um pedacinho da Turquia. Acredito que o pais tem, de fronteira a fronteira; da Armênia até o Mediterrâneo, uns 5.000 km. Acho que o Brasil tem este tamanho, de norte a Sul.
De Goreme até Konya, era só um planalto, sem nenhuma montanha e os campos estavam arados, mas ainda era inverno, pouca coisa tinha nascido, insuficiente para mudar a cor terrosa da paisagem. Hoje, apenas alguns dias depois e numa longitude mais central, a cor havia mudado; a paisagem também. Continuávamos viajando por um largo vale, mas havia montanhas contornando a estrada, muitas ainda com os picos com neve e muito verde nos campos geométricos.
Nesses mil quilômetros, a agricultura é pujante, nenhum centímetro de terra sem plantar. Trigo, batata, beterraba branca para açúcar. Foi o que consegui identificar. Talvez tenha mais coisa, que só mais tarde, quando as plantas crescerem mais, dará para identificar. Parece que não há grandes fazendas como no Brasil. Eh uma Agricultura familiar, de pequenas propriedades. Mecanizáveis, é claro, mas pequenos proprietários, o que se confirma pelos pequenos tratores que vi no campo.
Não se chega direto a Pamukkale, ela fica fora da rota. A cidade mais perto é Denizlir. Uns 20 km talvez. Troca-se o ônibus por uma van e torce-se para tudo dar certo.
No dia seguinte as coisas não melhoram. Dormi bem, é verdade, mas no banho, as águas quente e fria não se misturavam.
- É hora de partir, pensei.
Aproveitei a mala ainda arrumada, busquei uma camiseta pois o dia prometia calor e - 15 minutos depois, anunciei o check- out.
O dono do hotel puxou a conversa sobre tapetes, a loja do primo que ficava no vilarejo vizinho e desconversei. Então, ofereceu para me levar até o portão de entrada de Hierapolis.
Quando o carro ultrapassou a entrada do parque arqueológico e seguiu em frente, achei que ele estava indo por outro caminho, para me mostrar o tal vilarejo onde ele havia nascido.
Santa inocência!
A ficha demorou a cair. Claro, ele estava tentando me empurrar algum tapete.
- onde estamos indo?
- beber chá, foi a resposta.
- mas eu não quero beber chá. Quero visitar Pamukkale.
- nem ver tapetes?
Imaginem a minha cara: brava e amedrontada. Estava na mão de um turco, no meio do nada. Ele parou o carro na entrada de uma casa, talvez para fazer conversão. Ai, aí, apareceu um homem e eles falaram alguma coisa. O dono da casa me estendeu a mão e a mulher dele apareceu na varanda.
Respirei aliviada quando ele pediu desculpas, virou o carro e retomou o caminho certo.
Meio-certo, meio-errado, talvez a melhor coisa é vir num tour a partir de outra cidade. Sei lá, eh mais pasteurizado, mas o ganho de tempo eh importante.
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