terça-feira, 9 de outubro de 2012

3.18 - A caminho de casa

Dia de ir embora. Depois de 13 dias no Chile, e hora de ir embora. O que ficou desta viagem sempre me pergunto mesa despedida final?

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

3.17 - Aquí está Coco.

Coco é um chef chileno, dono de um restaurante de alta gastronomia, valorizando o terroir chileno. A história do nome é muito interessante: há 4 anos atrás o restaurante pegou fogo e fechou. Quando abriu, um ano e meio depois, sinalizou com o nome algo como "eu estou aqui", neste novo endereço.

É um restaurante de sucesso, com preços honestos (R$ 100,00/pessoa, entrada e prato quente com vinho incluído). O cardápio tem frases bem humoradas junto ao nome dos pratos e tem inclinação para o mar, ponto forte dos chilenos. A decoração vai pelo mesmo caminho. Um recurso muito usado na decoração de restaurantes aqui e compor estruturas com uma alga imensa que fornece um tubo grosso e flexível, cujo nome esquisito escrito num papelzinho, acabei de perder. No Coco, há uma imensa baleia construída com essa alga e pendurada no teto.
www.aquiestacoco.cl
Aproveitem!

3.16 - Segunda-feira

A segunda-feira amanheceu com cara de segunda-feira.

Em Ancud, às 7:00, Marcelo, o dono do hotel bateu em nossa porta; ainda estava escuro e não teríamos acordado sem este sinal. Café da manhã e saímos no horário previsto. Na garagem do hotel a primeira surpresa: havíamos esquecido os faróis acesos a noite toda e a bateria estava descarregada (mortita, como dizem os chilotes).

Pedido de ajuda para quem passava na rua naquele momento e três pessoas nos ajudaram ladeira abaixo, com uma subida de permeio. Eu nem me lembrava mais como pegar o carro no tranco; e o carro não pegou! Por sorte, no ponto de taxi, um deles tinha um cabo (Puente, acabei de aprender o significado) e pode-se dar uma descarga na bateria.

A viagem continua, ou apenas começava. Depois da tragédia, da meia hora de ferrye comenco nosso relógio, era hora de abastecer; cadê posto de gasolina?

E quem disse que a segunda- feira e fácil?

Carro entregue no aeroporto sem problemas, chegamos para o check-in em cima da hora prevista. Mas nosso vôo estava marcado para amanhã (?). Como?

Enfim, embarcamos, chegamos na casa da Eta e fomos comprar algum artesanato, presentes de fim-de-viagem. Pátio Bela Vista (Barrio Bela Vista - Metrô Baquedano) sem luz, máquinas de cartão desativadas.

Quem disse que a segunda-feira tinha acabado?

domingo, 7 de outubro de 2012

3.15 - Pinguins e muito mais em Punihuill

Punihuil é uma praia de mar aberto no Pacífico, a 23 km de Ancud.
É um SantuárioAmbiental! Local de migração de animais, principalmente pingüins (espécies Humbolt e Magalhães) e aves. Mas é muito mais que isso: dezenas de outras aves (varias espécies de gaivotas, cormorões, pelicanos, petrel negro, carancas, quetrum non volador, Pidén de bico vermelho - estas foram as que vimos). Lobos marinhos tomavam sol nas pedras e uma lontra mergulhava toda hora bem à frente do nosso barco.

Um lugar muito especial num dia de sol e céu azul sem nuvens. Perfeito!

Chegamos à praia por uma estrada de cascalho em boas condições. Estacionamos o carro e logo apareceu Claudio que, por R$ 20,00 por pessoa, foi nosso guia no passeio de barco (cerca de meia-hora) pelas ilhotas onde estavam os animais.

Os pingüins chegam a partir de setembro para botar, nidar, nascer os filhotes e quando eles trocam de penas, em março, partem para uma temporada de 6 meses no mar, em águas mais frias, sem tocar em terra. Havia melancolia em uma foto mostrando uma fila de pingüins deixando a terra, indicando a hora da partida.

Ah, em tempo, na praia existem dois restaurantes razoáveis (comemos empanadas de centolla, (kings crab de Punta Arenas), salmão e merluzas a la plancha, com batatas). Há também um hotel muito charmoso, no alto do morro, com vistas para a baia de Punihuil.

Vale a viagem, valeu o dia.

sábado, 6 de outubro de 2012

3.14 - Moinhos de Água

Castro, capital da Ilha de Chiloé é uma cidade no Paralelo 43o.30', a cidade mais austral de minhas andanças pelo mundo.

Aqui, além de um trânsito infernal (a Ruta 5 - a Panamericana - a estrada que corta o Chile de Norte a Sul, cruza pelo meio da cidade), existe a maior das igrejas de Chiloé. A Catedral de Castro é um imenso edifício gótico, todo em madeira, feito pelos carpinteiros locais, entre 1900 e 1902.

É a quarta igreja construída no mesmo lugar desde 1750, pois incêndios destruiram as outras três. Mesmo com esse passado, não vi extintores de incêndio, nem rede de proteção...... Foi um privilégio para mim conhecer, estar dentro deste templo único. Valeu cada quilômetro rodado para chegar aqui.

Dormimos em um hotel meia-boca, Hostal Cordillera, o único disponível no booking.com, um site (muito confiável) de reservas. O aquecedor em nosso quarto era um botijão de gás dentro do quarto. Ficamos com medo da chama se apagar e ficar vazando o gáz letal e o pagamos durante a noite; claro, passamos frio.

Fez e faz muito frio. Apesar do céu azul sem nuvens, deve estar fazendo agora (11:30h) uns 8 graus. Cláudia foi ao supermercado comprar coisas para nosso Pic-nic, pois o projeto hoje é sair pela zona rural, visitando moinhos, fiordes e outra igreja em Rilán.

No interior do município há 4 moinhos de água, usados para moer cereais. É atrás deles a nossa rota de hoje. O primeiro deles, em xxxx, não encontramos; não havia placas indicando o caminho ( a zona rural chilena é muito bem sinalizada), o segundo, uma casinha charmosa escondida numa vala de um corrego tinha suas enrgrenagens escondidas e água congelada em baixo. Onde estavam o terceiro e o quarto? Não encontramos e decidimos seguir em frente até a vila de Rilán, onde havia mais uma das Igrejas tombadas como Patrimonio Histórico.

Surpresa!

A Igreja estava em restauração ( a madeira se deteriora pela açao da humidade e dos cupins) e toda desmanchada: aula onstantânea de como se restaura uma igreja de madeira.

Demos a volta na pracinha ( continuávamos dirigindo nosso Corsa 2010) e chegamos à praia para nosso piquenique à base de pão, queijo. bolo de chocolate, bananas e vinho - Cabernet Santa Ema.

Fim do dia, hora de voltar à Ancud.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

3.13 - Um almoço de arrepiar

Dalcahue. Ilha de Chiloé.

Andando atrás das Igrejas tombadas pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, chegamos à Dalcahue lá pelas duas da tarde. Cidade bucólica, pequena e quieta. Da praça central, a Igreja em madeira e sem pintura. Na parede lateral, logo na entrada uma pintura em madeira com o Cristo no centro e nos 4 vórtices, 4 figuras da mitologia Chilote: El Traico, La Pincoya e dois outros que não identifiquei.....

Na saída,a vista do mar. Não bem do mar, mas de um dos inúmeros canais que recortam o litoral da Ilha; paisagem deslumbrante: a rua em primeiro plano, o mar e lá na frente, um fiorde de uma ilha (seria Quinchao?)com sua vegetação plena de flores amarelas.

No mar, muitas fazendas de mariscos. À nossa esquerda deparamos com uma construção de madeira simples e muito usada. 4 degraus e damos em uma varanda com uma mesa defronte ao mar e cadeiras enferrujadas. Dois pontos comerciais: uma pequena mercearia e um restaurante. Na mercearia (e eu me lembro novamente da Romênia) algumas batatas, cebolas brotando, tomates, algas secas e - num canto - 3 sacos empilhados de mariscos vivos de diferentes espécies,mexendo seu corpo gelatinoso para nós. Na porta do restaurante uma placa com meia dúzia de pratos, todos à base de peixes ou frutos do mar.

Salivei de contentamento frente a tantas iguarias enquanto Cláudia, num sentimento oposto, só queria um caldo de legumes (que não existia). Veio um caldo perfumado de mariscos variados e um vinho de baixíssima qualidade,o vinho dos pescadores locais.

Só muitas horas depois me dei conta do desastre que não aconteceu; mesmo um caldo típico, com temperos locais, gordura, peixes e mariscos passou incólume pelo nosso aparelho digestivo.

E viva o preconceito que insiste em nos acompanhar!

3.12 - As Igrejas de Chiloé - Patrimônio da Humanidade

Em Chiloe, durante os séculos 18 e 19 foram construídas pela colonização jesuítica muitas igrejas (cerca de 150, segundo a Wikipedia); de todas sobraram 16, construídas em madeira, segundo uma técnica única de carpintaria: a Escola Chilote de Carpintaria, cuja especificidade são os encaixes, sem uso de pregos.

Tento citar os 16 lugares, o que não é uma informação fácil.
Vamos lá:
1- Castro
2- Dalcahue
3- Achao ou Anchao
4- Ichuac
5- Nercon
6- Caguach
7- Chouchi
8- Colo
9- Tenaun
10- San Juan
11- Rilán
12-
13-
14-
15-
16-

Destas, duas estão em restauração: Rilán e xxxxx. Há uma entidade não governamental, Amigos das Igrejas de Chiloé que gerencia este patrimônio. Há muito dinheiro do Governo do Chile envolvido. Não vi nada parecido com o sistema de financiamento existente no Brasil para isso: a Lei Rouannet, onde uma empresa financia obras culturais à custa do abatimento de impostos.

Há também uma preocupação com a técnica de carpintaria secular, que com o fim das florestas da Ilha, também desaparece a mão-de-obra que dela se ocupava. Hoje os Amigos das Igrejas de Chiloé está abrindo em Ancud (nem tenho certeza) uma escola para carpinteiros, especializada na carpintaria chilote.

Me impressionou muito a altura das igrejas, a sustentaçao de seus pilares e, principalmente os arcos que ligam as colunas que sustentam os tetos.Para quem já viu as grandes catedrais góticas da Europa, sabe do que estou falando...... Transpor tudo isso para construçao em madeira constitui um saber único.

Mais importante que ser um Patrimonio Arquitetônico da Humanidade, é ser um Patrimônio Vivo da Humanidade, isto é, elas continuam até os dias atuais com as mesmas funções a que foram construídas: locais de culto e de fé!

3.11 - Las Fianderas del Sueño

Ancud.
Ilha de Chiloé!
Cidade perdida nos recortes de baías e golfos de água azul, tranqüila e gelada.

O tempo parou aqui, parou na tecelagem artesanal a partir da lã de ovelha. As lojas de artesanato vendem essas lãs de texturas variadas e cores miscigenadas. Criações únicas!

É tentador levar alguma, por outro lado é inútil. Não usaria nada feito com essas lãs por 3 motivos:
- o frio para nós é ameno demais,
- a textura da lã me incomoda a pele,
- estão um pouco fora de moda. 
Contudo - há uma coisa que faria com essas lãs: uma colcha de retalhos! Mas é só fantasias.

Contudo, em Ancud há 4 mulheres que fazem da minha fantasia a sua realidade. Sao as Fiandeiras del Sueño! Têm habilidades de tricotar desde sempre, têm as lãs e têm tempo, todo o tempo do mundo. A loja delas fica no centro de Ancud; perto do restaurante La Pincoya. Trabalham em turnos, fazem produtos diferentes e a loja fica uma belezura.

Comprei bonecas e bonecos em tricô.
Lindinhos.

3.10 - Ilha de Chiloé

A Ilha de Chiloé foi me apresentada pelo meu amigo Claudio,ainda em Parati.
Tem 180 km de comprimento e 50 km de largura, sendo a segunda maior ilha da América do Sul. Qual será a primeira? Ilha da Páscoa, Ilha Grande? A gente sempre sai de uma viagem com mais perguntas que começou.....

Chiloé tem cultura própria - mapuche do mar - com mitologia interessantíssima. Eles se sentem especiais; quando atravessam o Canal de Chacao para o continente, dizem:
- Me voy a Chile!

Ela é cortada ao meio pela Ruta Panamericana e se ramifica em numerosas estradinhas, umas asfaltadas, outras não. A economia são as fazendas marinhas de moluscos e salmão.Há um pouco de gado de leite (Hereford) e algumas ovelhas, mas em número pequeno... Não sei o quanto conta economicamente.

As pessoas vem à Chiloé para ver as igrejas em madeira, Patrimônio da Humanidade, pela UNESCO. São 16. Há também um extenso litoral, ferries, ilhas e ... muitas gaivotas que conversam com a gente o tempo todo.

A proposta é ficar 2 dias em Ancud para ver a cidade e os pinguins, que estão a chegar e depois nos basearmos em Castro, capital da ilha, para fazer o roteiro das Igrejas.

Andando por Ancud, cidade de 37 mil habitantes e devastada por um terremoto em 1960,a sensação é que o tempo parou por lá. Nada globalizado, nenhuma placa da Coca-cola nos bares, nem da Bhrama! As vitrines são kitsh, quase horrorosas com roupas de cores fortes e descombinantes, os objetos chineses (ah, esses sim já chegaram) se amontoam em frente às vitrines junto com flores de plástico...... Lembra muito a Romênia do início dos anos 90, logo depois da queda do comunismo, quando lá ainda não existia sociedade de consumo.

Andar pelas estradas vicinais, quase sem destino, apenas deixando se envolver pela paisagem, pelo verde das colinas, pelo azul dos canais, pelo canto dos pássaros e do vento que contorce as árvores, ah, isso é muito relaxante e dum prazer que não tem preço.

Não se esqueça de descobrir Quilquico com seu hotel perfeitamente harmonizado com a Natureza. Coloquei um Farol em Quilquico para me dizer da hora de voltar.

Vá. Vá agora, pois acabou de começar um serviço de vôos diretos de Santiago para lá e - daqui a pouco - vai estar infestado de milhares de turistas e toda essa magia vai se acabar.

3.9 - Lago Llanquihue.

3.8 - Finalmente, el Osorno

terça-feira, 2 de outubro de 2012

3.7 - Lago Llanquihue

O lago Llanquihue é o maior lago da região e contornado por 3 vulcões: Osorno, Monteagudo e Calbuco.

A beira do lago se ancoram 3 cidades - Puerto Varas (a mais turística e estruturada), Frutillar (a mais charmosa) e Puerto Octay (onde não há infraestrutura turística). 23 Km ao sul do lago está Puerto Montt, a maior cidade da região, com cerca de 150 mil habitantes e capital mundial do salmão, 
em plena crise de excesso de oferta.

Nós fizemos a cidade de Puerto Montt, onde fica o aeroporto e à beira mar, no Seño de Reloncaví, uma grande e pacífica baía no Pacifíco a nossa cidade-base. É uma cidade montanhosa, com casinhas de madeira ou corrugado metálico e tetos de zinco. Nosso hotel, o Seminário, (US $ 100,00/dia) ficava no patamar intermediário, nosntres andares da cidade. Fria e colonizada por alemães, tem a tradição dos cafés e das tortas, onde o strudell ganha significado especial. 

O bairro Angelmó, logo depois do porto, hoje é o destino turístico da cidade. Ha várias lojas de artesanatos que vendem cestaria, pássaros esculpidos em madeira, artigos em lã de ovelha e de alpaca e mil outras quinquilharias que existem em todo lugar como chaveiros, imans de geladeira...... Há também bons restaurantes com pratos típicos do Chile: salmão, congrio, merluza, mariscos, polvos, enfim uma infinidade de frutos do mar de nomes desconhecidos para nós.

Puerto Varas, cidade bem menor e mais turística, a beira do Lago Llanquihue de onde se avistam os dois vulcões: Osorno e Cabulco. Ventava, fazia frio e muitas nuvens no céu, escondendo o sol e o pico dos vulcões. Mesmo assim, todo mundo faz muitas fotos da calçada a beira do Lago,mesmo que a vista dos vulcões seja só intenção..... Cidade de colonização alemã, tem na arquitetura a expressãode sua tipicidade: casas de madeira, telhas de Tijuelas. Um dos roteiros turisticos é visitar 13 casas típicas de cem naos atrás, de famílias alemãs. Vimos duas; o resto são estampadas nos milhares de folhetos turísticos espalhados.

Frutillar, ah Frutillar! Pequena cidade de colonização alemã encravada nos Andes... Casas de madeira, o lago Llanquihue e - como moldura - a simetria do vulcão Osorno. Única! Prepare-se para ser surpreendido: na margem do Lago se ergue um imenso teatro de mil e duzentos lugares. Pensado para ser palco de óperas, é o teatro mais austral da América. Sua magnificiência impressiona: construído em madeira de vários tons, seu entorno avança pelo lago e o ir e vir das ondas e do vento se juntam ao som da música. Não, não vi nenhum espetáculo artistístico no Teatro do Lago. Essa experiência ficou faltando.....

Puerto Octay, a 30 km ao norte de Frutillar não tem nada, é um vilarejo chileno à beira do Lago Lanquihue, onde os turistas ainda não chegaram. Contrapartida a estrada que liga as duas cidades é uma das mais belas do Chile. Estreita, calma, rodeada de pastos, pinheiros, verde, muito verde, igrejas pequeninas a transmitir muita paz, como se os anjos morassem apor ali.


3.6 - Puerto Montt - próximo destino

A segunda-feira amanheceu fria em Santiago, talvez uns 8 graus. Céu cinzento e nublado; Eta saiu cedo para trabalhar, para uma reunião muito difícil, segundo ela e eu e Cláudia nos quedamos em casa, malas por arrumar e encolher.

As dez, Lourdes liga e nos convida para um café. Lourdes é minha editora e numa reunião de dois dias atrás ela não só topou publicar meu segundo livro (E a gente se encontra em Rangum) como apoiou o projeto gestado na Serra da Capivara e sobre ela. Fomos a um café na Municipalid de Las Condes onde relembrei que un cortado é um café com leite (ah, que falta me faz saber apenas portunho!).

Acabou a manhã e estamos num taxi a caminho do aeroporto, com destino a Puerto Montt, no Sul do Chile, Distrito dos Lagos. Viajamos pela LAN CHILE, talvez a única companhia de porte no país. E aprendemos mais uma: ao comprar os bilhetes pela internet a partir de Santiago, não consegui pagar pois o site não aceitava o cartão de crédito emitido no Brasil. O valor da passagem ida e volta era de Ch$ 120.000, ou seja R$ 480,00. Todavia, solicitava irmos ao site internacional da LAN. Só que havia uma diferença brutal de preços. Foi para um pouco mais de mil reais! O dobro!
Eta, espertíssima, propôs que fossemos ate uma loja da LAN no Shopping (afinal era uma tarde de sábado!)

Do avião pudemos perceber a poluição (uma névoa branco-acinzentada) encobrindo Santiago e também a Cordilheira, que faz a cidade ficar mais fria pela manhã. Agora, viajamos em direção ao Sul, com a visão da Cordilheira pelo lado esquerdo do avião, onde estão nossos assentos e do Pacifico (por supuesto), do lado esquerdo, já que o Chile tem apenas 175 km de largura.

A visão da Cordilheira dos Andes é única: montanhas azuladas com picos e cristas irregulares, coberta de branca neve. Começamos a sentir a magia dos vulcões e lagos na altura de Pucón, a 220 km de Puerto Montt. Da janela do avião a gente via os picos em forma de cone, dos vulcões e as curvas sinuosas dos lagos de águas azuis. Agora sobrevoamos pelo maior deles, supondo ser o Lago de Todos Los Santos. Não, não é, é o Lago Llanquihue.

Chegar, achar hotel, alugar carro e cair no mundo. Férias são para isso.

domingo, 30 de setembro de 2012

3.5 - Um domingo de vinhedos

O domingo amanheceu frio e nublado e às 9 horas descemos para entrar numa van pré-contratada a caminho de uma rota de vinhedos. Nossa informação veio dum bem cuidado guia brasileiro sobre as vinícolas chilenas.

Escolhemos uma rota que envolvesse um par de vínicolas em uma mesma estrada:
Viña La Montaña
Viña Heuquén
Viña Santa Rita
Viña Concha y Toro.

O que nós enoturistas precisamos compreender que uma viña é um empreendimento comercial e - normalmente fecha aos domingos. Apenas as grandes mantêm um serviço de visitação nos fins-de-semana.
Acredito que em todo lugar é assim, na Argentina era e na França também. Então, se propor a visitar vinícolas no fim-de-semana é encontrar (muitos) portões fechados.

A Viña Heuquém me interessava pois além de ser um vinhedo orgânico, produz o único amarone (vinho de uvas desidratadas) do Chile. Impossível pois nem atenderam o telefone da reserva e também estavam d e portas fechadas.

Sobrou a Concha Y Toro e a Viña Santa Rita, as duas maiores do Chile com produção de mais de 2 milhões de litros por ano cada uma. O Chile é loteado por Vales e - em cada um - uma espécie de uva de adapta melhor. No Vale de Casablanca são as brancas e a Pinot Noir no Vale do Maipo, a Cabernet Sauvignon, no Vale do Rapel, a Carmenère e a Syrah e por aí vai......

Não gostei do tour na Concha y Toro, caro e superficial e vinhos de degustação de baixa qualidade. Na Viña Santa Rita, a visita foi em português, com mais detalhes e a degustação, dos vinhos premium da casa. terminamos com um almoço no restaurante da fazenda com sabor da história do envolvimento de Doña Paula, a proprietária da fazenda na época da Guerra Civil pela Independência. Um de seus vinhos - o 120 - leva esse nome devido ao fato da fazenda ter abrigado e cuidado de 120 soldados feridos do exército rebelde.


3.4 - "El Asado"

Lourdes queria inaugurar seu terraço em Las Condes com um "asado", um churrasco.

Ela e Tolovi foram até o supermercado e compraram a carne, um "asador" de origem chinesa e pernas mancas, além dos acompanhamentos. Junto com o asador acompanhava o kit um assoprador cuja manivela era de plástico e eu, no ímpeto de ajudar, acabei quebrando. Claro, fiquei desconsolada, afinal era uma convidada.

O vinho foi farto e bom, o que é um privilegio, estando no Chile. Começamos com um Pinot Noir, da Vi"na Lamas......, despois um Cabernet Sauvignon, da Viña Los Vascos e por fim, EPU, da Almaviva!  Bom demais!

Haviam velas acesas por todo o terraço criando uma atmosfera que faz com que os convidados se sintam bem-vindos. A conversa fluía solta cada vez mais, com o vinho generoso que ocupava nossos copos.

Bela noite!
Obrigada ao casal que nos acolheu com tanto carinho.

sábado, 29 de setembro de 2012

3.3 - Europeo

Europeo é um restaurante de alta gastronomia (o que significa preço alto também) em Las Condes.

Ontem fiquei sabendo que Las Condes não é um bairro de Santiago, mas uma cidade grudada em Santiago com autonomia administrativa e prefeito a ser eleito nas próximas semanas.

O Europeo fica numa casa térrea, com inúmeras  saletas, onde a parede foi recortada até um metro de altura. As toalhas saão brancas e a louça também. Música ambiente imperceptível, (todo mundo na mesa percebeu a música, menos eu) que não atrapalha a conversa.

Carta de vinhos dumas seis folhas, distribuídas por tipos de uvasç assemblages poucas, não chega a dez. Queria experimentar todos.

Cardápio bem cuidado com Menu-degustação ou entradas e prato principal. Comida bem feita, apresentação cuidadosa, porções honestas.

Eu pedi abalone de entrada e depois Mero (peixe). Eta e Lourdes comeram risoto de centolla, Claudia, atum grelhado e Tolovi, um cordeiro...... O vinho foi uma assemblage de 75% de syrah e 25% de cabernet, da Viña La Bisquert.

Preço? R$ 200,00 reais por pessoa!!!!!! 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

3.2- Santiago. Barrio Bela Vista

Por ser uma capital de país, isolado é certo, Santiago nunca é objetos dos meus desejos turísticos. É apenas um lugar de chegada e de partida. Há lugares interessante, por certo, mas nada que deslumbre, que tire o fôlego.

Desta vez decidimos explorar o Barrio Bela Vista, o equivalente à nossa Vila Madalena, em menores proporções. Encravado entre o Rio Mapocho e o Cerro de San Cristobál, é um bairro pequeno com meia dúzia de ruas charmosas, repletas de ateliês, bares e restaurantes. Ainda é um bairro horizontal de casas velhas dos anos 50 e 60 do século passado, muitas com pinturas grafitadas em suas fachadas. H´´a um toque artístico nos detalhes, nas calçadas, nos lustres.....

Bares, bares e bares para os turistas, para os santiaguinos e para as centenas de estudantes que estudam na universidade do bairro. Ocupando um quadrilátero razoável, está o Patio Bela Vista, um espaço de lojinhas e bares charmosos. Ali também se concentram as lojas de artesanato chileno. Muita jóia em prata e lápis-lazuli, uma bela pedra azul exclusiva do Chile e do Afganistão (ah, viajando a nossa cultura de alfinetes se amplia tanto!), de bom preço e qualidade e também objetos em cobre. O resto é bobagem, porcarias para turista levar de lembrança, só para lembrar (ou exibir) que esteve lá.

Quase no fim do bairro, numa rua sem saída esta La Chascona, uma das casas de Pablo Neruda (ele teve quatro casas no Chile!) que ele construiu para viver seu amor com Matilde Urrutia, seu último casamento. É uma casa com muit apersonalidade, feita por alguém criativo, que sabia exatamente o que queria. Lamentavelmente, no dia seguinte ao golpe militar que arrasou o Chile em 1973, a casa foi invadida pelos militares. Agredida, destruída, inundada, queimada..... Neruda não suportou a  dor e morreu uma semana depois.

O Cerro San Cristóbal é uma pequena colina, com uma vegetação rala, própria da Cordilheira. É o segundo pontomais alto da cidade. Em seu cimo há uma imagem de La Virgen da Imaculada Conceição, donde se chega de funicular. Atualmente está em reforma e fechado, e decidimos nao enfrentar o acesso. Fomos até o Zoológico (formado por animais resgatados aqui e ali), mas a vida lá fora estava muito mais interessante que os bichinhos ex-maltratados..... Se o funicular funcionasse, e nós conseguíssemos chegar ao topo, além de ver a vista da cidade, pedir as bençãos da Virgen, iríamos tomar um teleférrico (sera que teria coragem) e por cima dos cerros, chegar a outro bairro, outro destino.

A gente planeja e nossos passos desfazem a intenção. É isso férias de vagar sem restrições!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

3.1 - Andes. Viajandes.

Voltar ao Chile pouco mais de um ano depois é se propor a conhecer novos caminhos e rotas. Viajo com Cláudia, a sobrinha primeira. Acabei de descobrir que ela odeia frutos-do-mar, objeto dos meus desejos. Viajar também é compartilhar diferenças....

Roteiro ainda em aberto, alguns planos.... Ficamos em Santiago por quatro dias em casa de Antonieta, a minha casa fora do Brasil onde quer que ela esteja e depois queremos ir rumo ao Sul, ate a Região dos Lagos.

Voamos pela Lan Chile, parceira e - acredito - comprada pela TAM meses atrás. A rota é interessante: vamos para sudoeste ate Foz do Iguaçu, depois Córdoba (ah, Córdoba da maravilhosa cerveja em frente a Universidade), depois Mendoza....... até Santiago. A mesma rota feita de carro junto com o Alexandre há 18 meses atrás.

Viaja conosco o time de futebol de La Universidad del Chile, que ontem jogou com o Santos ( e perdeu!). Claudia ficou acesa, tirou fotografia e pediu uma camisa a um jogador:
- é la unica que tengo!, foi sua resposta.

O que é sair de férias nesse momentopara mim, me pergunto desde que sentei no avião. É um tempo de olhar-se para dentro enquanto se olha para fora, para novos lugares. É um afastar-se do cotidiano para conferir se as mesmas verdades ainda estão valendo..... Abstrair-se do tédio e saber das novas possibilidades, novos desejos, novos desafios.

Ter a Cláudia comigo também é um resgate afetivo, um tempo para nós duas que vivemos tão distantes. Tudo a conferir... boas expectativas..... que venham os Andes com seus picos nevados, seus vulcões e lagos, seus vinhos......

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

2.18 - Caatinga

Precisa-se de algum tempo para compreender a Caatinga. 

A palavra de origem indígena  significa Mata Branca. Tem uma beleza incrível  e ao mesmo tempo profundamente hostil, principalmente para uma pessoa como eu, criada em meio à Mata Atlântica. 

Homens e animais domesticados não deveriam viver na Caatinga. Não dá! Não tem solo fértil para plantar, não tem comida, não tem água .. Fazer o que em terra tão inóspita? 

Gisele Daltrini Felice, arqueóloga da FUNDHAM e professora da UNIVASF discorda da minha reflexão. Acha o desafio da sobrevivência em terra inóspita, a adaptação que homens, flora e fauna fazem para sobreviver algo magnífico e extraordinário.

- Ser Mata Atlântica é fácil, está cheio de água; difícil é ser Caatinga, refuta.

Há dois anos não chove aqui. Isso se incorpora na pele das pessoas; encaram como natural esperar mais quatro meses pela chuva. 

Hoje viajei quase seis horas pelo sertão do Piaui, para desviar dos 80 km. de estrada de terra percorridas durante a viagem de ida até São Raimundo. Foram seis horas pela Caatinga, debaixo do sol inclemente e céu sem nuvens. Vi vacas magras comendo pau seco para matar a fome; vi muitas cabras lambendo a terra nua, em busca de algum broto. Pequenos quadrados de terra nua e aradas esperam há dois anos pela chuva para se jogar as sementes no solo. 

Alguma coisa andou: todas as casas na beira da estrada exibem no terreiro uma grande cisterna para armazenar água  Não sei como funcionam, sua autonomia nem a qualidade da água. Tem também uma pequena placa solar que fornece energia, algumas lâmpadas para alumiar a solidão.

Descobri depois sobre as cisternas: elas foram implantadas pela CARITAS,  uma organização católica ligada a CNBB - Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, dentro do Programa " Um milhão de cisternas". Elas são construídas em concreto, com capacidade de 16 mil litros e captam toda a água da chuva que escorre pelo telhado. No tempo de seca, a prefeitura abastece as cisternas junto com pastilhas de cloro para tratamento da água.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

2.17 - Motos

Nesse novo Brasil, nesse novo Nordeste pós Lula, pós bolsa-família, a miséria  aquela tragedia retratada na literatura por José Lins do Rego, por Guimarães Rosa e, principalmente, Graciliano Ramos não existe mais. 

Aqui em São Raimundo Nonato há um plus a mais: o Parque. Com 20 anos de existência  e tendo como estratégia de preservação, o desenvolvimento das comunidades do entorno, trouxe uma vida econômica impensável antes dele.

Junto com o Parque, vieram pesquisadores internacionais, duas Universidades públicas, uma federal (Universidade do Vale do São Francisco) e outra estadual (Universidade Estadual do Piauí). Vai se criando na cidade um saber erudito relacionado às atividades arqueológicas e paleontológicas. 

A cidade se transformou visceralmente nestes anos. Prova disso são as motos. Muito, mas muito mais numerosas que carros, faz com que os palácios das concessionárias sejam da Honda e da Yamaha. 

Aqui os motociclistas são descuidados, velozes e sem-lei; provocam grande número de acidentes. Poucos usam capacete e é normal ver uma família - o homem na frente, a criança no meio e a mulher, atrás sem nenhuma proteção. Acreditam na sorte e na habilidade...

Minha guia, que também é recepcionista do hospital me assusta com as estatísticas de morte de jovens por acidentes de moto. Estou tentando entrar no site do IBGE para confirmá-las. Quando conseguir, posto aqui.

domingo, 9 de setembro de 2012

2.16 - Niéde Guidon

2.15 - Cerâmica da Serra da Capivara - um modelo de sucesso


A cerâmica da Serra da Capivara criada em 1994. 
Hoje ela é considerada em todo o país um exemplo de projeto pioneiro de empreendedorismo sustentável, ao aliar empreendimento econômico, inclusão social e proteção ambiental, empregando cerca de 36 famílias do bairro do Barreirinho -São Raimundo Nonato nas oficinas de cerâmica e outro tanto nas cinco lojas, sendo uma em Terezina. 

O Barreirinho, é pouco mais que uma praça central onde se destaca a igreja rodeada por casas simples nas laterais, com grandes árvores frondosas onde a sombra oferecida é sempre um alívio para o forte calor, tem um visual que há muito perdeu seu ar miserável: casas de tijolo, antenas parabólicas, motos estacionadas sob a sombra. 

Cada trabalhador da cerâmica recebe uma renda de um a dois salários mínimos dependendo da produção. O ceramista Soichi Yamada, de São Paulo, a convite da FUMDHAM  passou – no ano de 1994 – seis meses no Parque procurando a melhor argila e treinando a comunidade do Barreirinho nas técnicas de cerâmica. O desenho das pinturas rupestres encontradas no parque define o estilo dessa cerâmica. Elas são desenvolvidas nas cores: azul, verde, bege, branca e marrom, pois são os pigmentos com ausência de cádmio e chumbo, permitindo a fabricação de peças bicolores, onde o branco sempre faz contraste com as outras três cores, de uso utilitário e decorativo, resistente ao forno e ao micro-ondas. São queimadas em fornos a gás, de alta temperatura, evitando o uso da lenha e diminuindo a pressão por desmatamento.

Hoje a Cerâmica da Capivara produz cerca de cinco mil peças por mês, mas a produção é variável dependendo das encomendas e é vendida a clientes fixos ou nas grandes feiras país afora. Para os grandes clientes foram desenvolvidas coleções exclusivas: Caras do Piauí, para o grupo Pão de Açúcar; Coleção Folha, para a Tok & Stok; Coleção Marco 500 – para a empresa do mesmo nome, em São Paulo e a Coleção BHCBrazilian Home Collection para a empresa americana BHC, de New Jersey que busca valorizar artesanato ecológico para consumidores dos Estados Unidos e Canadá.

2.14 - Parque Nacional da Serra da Capivara - superlativo

O Parque Nacional da Serra da Capivara, no sudeste do Piauí foi criado em 1976, após um grande trabalho de pesquisadores que encontraram centenas de sítios com painéis de figuras rupestres em expedições patrocinadas pela França entre os anos 1973 a 1975 e capitaneados por Niéde Guidon. 

São 132 mil hectares que se unem, por um corredor ecológico  ao Parque Nacional da Serra das Confusões (lindo nome!). 

Foram catalogados quase mil sítios arqueológicos e - atualmente - há 172 sítios preparados para visitação.  Legal saber (e ver de perto) que 17 deles permitem acesso aos portadores de necessidades especiais. 

Tudo tem a mão de Niéde Guidon, cada detalhe, cada ação, cada pedaço de estrada, cada decisão de escavação.  Me espantei por não encontrar biografia alguma dela nas lojinhas do Parque. 

Só se entra no Parque com guia e há três associações deles: duas em São Raimundo Nonato e uma, em Coronel José Dias, onde está a entrada do PARQUE. Eles cobram R$ 75,00 por dia e ficam disponíveis para te acompanhar. Normalmente eles escolhem os sítios a serem visitados levando em conta a idade, forma física do turista e horário do dia. Alguns sítios ficam à sombra pela manhã e outros, à tarde. 

Minha guia, Cida Pereira, considerada uma das melhores, tinha 50 anos e é técnica em Paleontologia. Informou que a maioria dos guias tem nível universitário,  principalmente em cursos relacionados ao Parque, mas a experiência conta muito também. 

O Parque contém formações rochosas imensas de arenito, divididas em quatro serras: da Capivara, Vermelha, Serra Talhada e Serra Branca. São as CUESTAS! Pela ação do tempo, da água de um rio que existiu aqui no passado e do vento, as rochas foram escavadas e usadas como abrigo. As TOCAS. Nessas tocas, homens primitivos desenharam figuras rupestres, principalmente com Óxido de Ferro, que lhes dão uma cor vermelha. Na região, os nativos chamam esse grão de TOÁ.

A datação dessas pinturas é de mais de 11 mil anos!! 

Nas escavações foram encontrados sinais de atividade humana (fogueiras e ferramentas feitas de pedra lascada) há 50 mil anos atras!!! É o homem mais antigo das Américas que aqui chegou proveniente da África, via Oceano Atlântico, segundo tese da pesquisadora Niéde Guidon! 

Isso faz os desenhos rupestres aqui encontrados únicos no mundo. Também por isso, ou só por isso vale a pena conhecer o Parque Nacional da Serra da Capivara.

2.13 - O Cu do Mundo

São Raimundo Nonato, no sudeste do Piauí é o Cu do Mundo. Nem é uma expressão desrespeitosa, apenas é o lugar mais isolado que cheguei. O Piauí é um estado carregado de preconceitos no sudoeste do Brasil, no sentido que aqui as relações capitalistas são muito precárias.

Não há indústria, nem extrativista, não há agronegócio, não há praias.... Ensombrecendo ainda mais o quadro, a vegetação é semi-árida, o que significa que o calor é desafiador e há seca, o padecimento a se suportar e conviver.

São Raimundo entra para a história mundial quando Niéde Guidon, há 40 anos atrás, descobre perdidas entre as serras e boqueirões, pinturas rupestres a céu aberto. Foi para conhecê-las que vim.
Não sabia muito o que encontrar no parque; na cidade tinha expectativa zero. Já havia andado pelo nordeste nos anos 80 do século passado numa viagem com a minha amiga Cristina e sabia que os horrores que Graciliano Ramos havia descrito em "Vidas Secas" não eram ficção literária.

Cheguei na tarde de domingo. Alojei-me na Pousada Progresso, logo na avenida de entrada. Local simplesinho, alojamento de viajantes. Baratinho. Tinha ar condicionado e internet, o que é essencial para pessoas que como eu, ficamos wi-fi dependentes.

Não havia energia elétrica na cidade. Xiiiiiii!

Nem ar condicionado, nem internet funcionando.......Bem pior que eu supunha!

Bem, vamos ver o que fazer: o Museu do Homem Americano ficava pertinho, era um bom começo. No museu, outra decepção: ele não conseguia funcionar sem energia. Nada a fazer. Nesse momento encontrei Cida Pereira, uma senhora de mais de 50 anos, fala arrastada, que se apresentou como guia do parque e se ofereceu para ser a minha condutora no Parque.

Não era bem o que eu esperava de um guia. Tinha imaginado um sertanejo de coxas firmes e dorso largo a me contar e mostrar os sinais dessa civilização que aqui viveu. Acabei contratando a Cida. Combinamos de nos encontrar no dia seguinte, cedinho, na pousada.

Escureceu sem luz. O jegue nos arredores da pousada parecia não se importar com isso, seus movimentos lentos, duma espécie que se tornou inútil quando as motos chegaram, só falavam duma vida abandonada ao léu. E conforme a luz do dia ia sumindo o mais belo céu apareceu: sem nuvens, sem poluição, sem umidade e sem lua, todas as estrelas apareceram. Tudo o que a Natureza negava à Terra, oferecia ao céu. Estrelas.

O Cu do Mundo se vingava me mostrando o mais belo céu possível.

2.12 - Segunda parte: rumo ao Piaui

Enfrentar a estrada Petrolina  a Sao Raimundo Nonato, no Piauí, pela rota de Remanso, onde 80 dos 350 km sao feitos em uma estrada deserta e descalça, atravessando a Caatinga inóspita, eh como se caminhássemos ao Cu do Mundo.

Com a construção da barragem de Sobradinho, algumas cidades foram realocadas em lugares diferentes, construindo uma nova geografia no lugar. Isso originou uma estrada asfaltada e moderna para os padrões locais, na região mais ao norte da Bahia, ligando Casa Nova a Remanso.

Depois essa rota vira para o norte até a fronteira com o Piauí, de estrada sem pavimentação, em plena Caatinga. Foi a primeira vez que cruzei algo tão desértico e inóspito. Dirigia sozinha. Lembro que cruzei Remanso lá pelas 11 horas da manhã, então era o momento de sol a pino e forte intensidade de luz.

Poucos carros, nenhuma casa, um ou outro bode lambendo o chão seco e empoeirado. Por alguns momentos tive medo, sensação de abandono. De que, ali o socorro tardaria.

Inútil procurar árvore de sombra para um descanso, não havia arvore alguma.

Em algum momento, depois de muito tempo, surgiu a redenção: uma pequena guarita e uma placa indicando a fronteira Bahia - Piauí. Fim das dificuldades. Uma estrada azulada de asfalto surgia a minha frente. Qual o que! Apenas alguns quilômetros adiante, tudo se acaba e os pedregulhos, a poeira e as cabras soltas voltam a fazer parte do destino do viajante até a cidade de Dirceu Arcoverde.

Cheguei em São Raimundo Nonato numa tarde de domingo. O que esperar dali, me perguntei. Os próximos dias me darão essa resposta.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

2.11 - Miolo - uma vinícola arrogante

Duzentos hectares (cerca de 80 alqueires ) de uvas plantadas, dois milhões de litros de vinho e o mesmo tamanho em arrogância.

Essa eh a Miolo aqui nas margens do São Francisco.
Produzem vinhos na linha Terranova e, nos últimos meses, num lance de marketing, substituíram o selo Terranova pelo Almaden. Alegaram que a Almaden eh uma marca consolidada no mercado.

Tem também uma parceria com a empresa espanhola Osborne, produtora de conhaque e anis famosos por la.

Não gosto da postura das enólogas que nós acompanham na degustação: são arrogantes, se sentem superiores e demonstram isso na postura, nos comentários. Tão diferentes de vinícolas argentinas, chilenas, italianas, francesas por onde andei. Mesmo o pessoal do Rio Zgrande do Sul eh mais simpático.

A uva que melhor se adaptou em terras baianas do município de Casa Nova eh a Syrah. Dela saiu o Tessardi, um vinho tinto premiado na Expovonos de 2022 como o melhor vinho tinto brasileiro.

Agora, as 3 mil garrafas produzidas nessa safra premiada se esgotou.
Não vai ser dessa vez!

2.10 - Vapor do Vinho

Roteiro criado em fevereiro de 2011, usando a barca Rio dos Currais.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

2.9 - Bodódromo

Nao gosto desse nome assim como nao gosto de apagão, Mineirão e algumas palavras que ficam com sonoridade áspera quando se juntam sufixos como ÃO e DROMO..... Considerações à parte, vamos ao lugar:
As cabras são muito bem adaptadas no semi-árido e o Nordeste tem mais cabras que a França. Qualquer hora encontro essa estatística de Globo Rural. Daí que comê-las ou a seu queijo faz parte da gastronomia nordestina.
Acontece que nós, paulistas, chamamos o macho de cabrito e - os nordestinos - de bode. Semântica apenas, para falarmos do mesmo animal. Nas cantinas italianas de São Paulo se come cabrito ensopado no vinho; aqui se come bode assado.
Mania local, construíram o tal Bodódromo, símbolo da identidade pernambucana. Sucesso total! 8 restaurantes acomodados em L, com espaço para estacionamento no L contrário. A maioria é apenas um galpão aberto e a maior parte das mesas fica do lado externo. Lembrar que nessa cidade chove quase nunca.
Musica ao vivo no mais genuíno forró: sanfona, triângulo e bumbo.
Comida variada e metade dos pratos são baseados no bode servido assado em seus mais diversos cortes: pernil, paleta, lombo. Pedi errado e fui servida num churrasco com os piores pedaços do animal: carne seca e dura. Hoje vou pedir com mais propriedade!
O que acompanha a carne?
Arroz, feijao de corda com farinha e coentro, pirão de leite, pirão de bode, macaxeira cozida, vinagrete. Por curiosidade, pedi paçoca de bode (carne assada triturada com farinha de mandioca). Ventava muito e foi um desafio compartilhar (verbo do garçom) a iguaria com o vento.
A carta de vinhos locais era pobre (o vinho  produzido nessa terra há apenas 10 anos não entrou na cultura gastronomica local) e direcionada ao público local que gosta de vinhos doces. Santo sacrilégio!!!!!!
Ah, na frente de cada restaurante - à guisa de decoração - um casal de animais esculpidos em cimento.

A carta de vinhos era

2.8 - Petrolina em suas entranhas

Cidade plana, de céu azul intenso, poucas ou nenhuma nuvem, vento do rio constante de maio a setembro. Essa foi a melhor surpresa: clima semi-árido e seco, me preparei para um calor infernal. Nada disso! A brisa que sopra diuturnamente deixa a cidade aprazível.

Cidade de 250 mil habitantes, com algumas largas e estratégicas avenidas que fazem o transito fluir. Gastei a manhã andando pela cidade, um pouco a pé, um pouco no carro alugado a R$ 80,00 ao dia. Fui conhecer o centro de artesanato Mestre Quincas onde 3 homens sentados faziam esculturas em pau de umburana(será isso?). O motivo básico são as carrancas (imagens de monstros que eram colocadas nas proas  dos barcos do rio para afugentar os maus espíritos (são muito semelhantes na crença e na forma aos dragões que encontrei na Tailandia), mas também há variações de barcos, anjos e bichos da fauna local. Levo comigo uma carranca como recuerdo.



Depois o Museu. Figuras históricas são Lampião, Dom Malam e Nilo Coelho, em ordem cronológica crescente.Talvez me simpatize mais com Lampião que preenche nosso imaginário como Justiceiro popular, numa terra de oligarquia dura a favor dos coronéis. Lampião morreu em 38 em Angico, Sergipe numa emboscada da policia alagoana. Alinças politicas desse Nordeste! Como documento da morte dele sua cabeça foi decapitada e guardada em formol e mais tarde exposta em algum museu da região. Mesma sorte teve sua parceira - Maria Bonita! Nem faz muito tempo que seus descendentes fizeram um movimento judicial e popular para o sepultamento de suas cabeças que hoje descansam em paz em algum cemitério. Noooossa, nao sei nada da história do Cangaço!



Depois, a Catedral, do visionário Dom Malam. Catedral em estilo gótico, de 800 lugares (sentados) e belíssimos vitrais franceses. Construída na década de 20, quando esta cidade ainda era uma aldeota. Gosto mais dele ao saber que construiu - salesiano como era - grandes colegios para meninos e outro para as moças. Colégios que 90 anos depois ainda sao referencia na cidade. A crítica que se faz hoje aos grandes colégios católicos no Brasil é que eles tiveram ( e ainda têm) a missão de educar a elite. Aos menos desfavorecidos, as escolas públicas do governador Nilo Coelho......

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

2.7 - Roteiro de Vinícolas na Estrada de Vermelhos

Aluguei um carro em Petrolina (R$ 680,00 por 8 dias) e - mapa na mão - parti em direção ao município de Lagoa Grande, PE. Estrada de mão dupla, plana e plana. A vegetação do semi-árido no início de setembro é composta de arbustos de 1,5 metros de altura, com galhos finos e secos, flolhas miúdas aparecendo, insuficientes para alterar o tom de cinza-terroso da paisagem.

De quando em quando, um cacto, contrastando em sua elegancia longilínea. Dois cumes de colinas ao longe faziam o contraponto com a planície imensa. 50 km. depois cheguei à Lagoa Grande, aquele lugarejo que voce atravessa sem perceber; contudo uma grande placa LOJA DE VINHOS avisa que aqui os tempos são diferentes.

Mais 8 km e estava em frente ao imenso portão da VITIVINÍCOLA SANTA MARIA, do grupo português Dão Sul. 200 hectares de uvas viníferas plantadas, de 16 espécies e 1,6 milhões de litros de vinho produzidos anualmente. Coisa de tirar o fôlego. Fiquei 05 horas lá, andando pelos diversos vinhedos. O diferencial do Paralelo 8 é que voce tem vinhedos em todas as fases de formaçao permitindo gerenciar a fazenda e programar colheitas mensais.
Portal da Vinícola, na Estrada de Vermelhos

Vinhedo de Tempranillo, amadurecendo para a colheita em 2 semanas

Vinhedo de Alicante Boucher, em fase de formaçao do grão

Vinhedo de Moscatel pronta para a colheita
Poda mecanizada pós-colheita


 VINÍCOLA GARZIERA
TTTTT







CHATEAU DUCOS

VINÍCOLA BIANCHETTI

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VINÍCOLA BOTTICELLI
Era a última vinícola da estrada dos Vermelhos, já no município de Santa Maria.

VINÍCOLA OURO VERDE
No estado da Bahia, no município de Casa Grande.








2.6 - Petit Verdot

Petit Verdot é uma uva francesa, de Bordeaux.
É uma uva de colheita tardia, mais pro meio de outubro, quando o vinho já está em fermentação. Por isso é utilizada apenas nas assemblages para dar um toque a mais, seja no aroma, seja no sabor.
Aqui, no São Francisco - foi diferente.
Cultivada pela empresa Chateau Ducos, a Petit Verdot deu um vinho varietal. Maravilhoso e complexo!
Mineral e aromático, cheira azeitonas que se repete no sabor com pimentas e couro.
Lamentavelmente não consegui visitar esta vinícola. O portão estava cerrado, sem vigias. Na cidade uma informação com cara de fofoca diz que a empresa foi vendida e não estao produzindo vinhos nessa transição. Consegui experimetá-lo no restaurante, estava fora da carta mas exposto no console.
Pura sorte!
Talvez deva prcurá-lo num supermercado já que na Casa do Vinho não há nada.

2.5 - Com o pé em Petrolina

Vôo da Gol pontual. Pontualíssimo!

Fiz escala de meia-hora em Recife, o suficiente para descer do avião, um xixi e embarcar em outro. Viagem de São Paulo à Recife com avião lotado, nenhuma poltrona vazia. O interessante é observar um novo tipo de passageiro presente em minhas viagens pelo Brasil nos últimos 3 anos: o nordestino que migrou 40 - 50 anos atrás em condições de miserabilidade extrema e agora volta para rever a família... de avião. Impensável há dez anos atrás.

A chegada em Petrolina foi cheia de surpresas. Boas e más.
- havia uma brisa permanente na cidade que a deixa muito confortável e a gente nem sente os 33° C.
- o azul do céu impressiona: azul profundo e etéreo; nenhuma nuvem no céu.
- trânsito livre do aeroporto até a Orla e o preço combinado previamente com o taxista não estressou: R$ 32,00.
- O Rio São Francisco, ah, o Velho Chico, de tantos planos antigos estava a minha frente. De um azul rutilante,  lembrou o Rio Tapajós em sua extensão e cor. Belo país esse.
- o Hotel reservadpo pela internet foi um mico: me deram um quarto sem janelas, com lençóis encardidos e toalhas ásperas. Saí meia-hora depois e encontrei o Petrolina Palace Hotel. Confortável, com preços honestos.
Depois de montar a Pousada Bartholomeu, em Parati ou talvez pela idade, o padrão de exigencia mudou muito. Preciso de um mínimo de mimo

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

2.4 - Um pouco de informação sobre vinhos

A Região

Situado entre Pernambuco e Bahia, numa latitude até então impensável para o mundo do vinho - o paralelo 8 - o Vale do São Francisco caminha para ser um dos importantes produtores vitivinícolas do país e desperta a curiosidade mundial
Responsável por 99% da uva de mesa exportada pelo Brasil e pela produção de 5 milhões de litros de vinho por ano, o vale vem se destacando como modelo de desenvolvimento para o Nordeste.
A vinicultura pernambucana/baiana já detém 15% do mercado nacional e emprega diretamente 30 mil pessoas na única região do mundo que produz duas safras e meia por ano.

Localização



Mapa vinícola do Vale do São Francisco
Mapa vinícola do Vale do São Francisco

 


Dados de Produção do Vale do São Francisco
Variedades Tintas:Syrah, Cabernet Sauvignon, Tempranillo, Merlot, Grenache
Variedades Brancas:Moscatel, Muskadel, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Silvaner, Moscato Canelli
Área de Uvas Viníferas:500,00 hectares
Área de Uvas Comuns:7.000,00 hectares
Área de Vinhedos:7.500,00 hectares

História

Apesar do pouco tempo de emancipação política, o município de Lagoa Grande já ostenta uma história promissora. A localidade, que em 1997 deixou de ser distrito de Santa Maria da Boa Vista para ser elevada à categoria de cidade, hoje é um dos destaques do Pólo Vitivinícola de Pernambuco. O município possui uma produção anual de 20,5 milhões de kg de uvas e de 2,5 milhões de litros de vinho, exportando parte deste volume para outros países e diversos estados brasileiros.

Em Lagoa Grande, conhecida em todo o Brasil como a capital da uva e do vinho do Nordeste, existem cerca de 4 vinícolas, (Vinicola Santa Maria, Vinicola Garziera, Chateau Ducos e Vinícola Bianchetti) responsáveis pela geração de empregos impensáveis no passado. A Festa da Uva e do Vinho oferece aos visitantes e moradores de Lagoa Grande diversas atrações. Além de degustar as uvas e vinhos da cidade, os participantes do evento podem conhecer algumas fazendas da região para passear entre as videiras e verificar todas as etapas de produção vinícola, desde o plantio da uva até o acondicionamento do vinho.
(Fonte: www.academiadovinho.com.br).

domingo, 2 de setembro de 2012

2.3 - Pernambuco: Arrumando a mala

Fim-de-tarde de domingo, ainda em casa. Olhava algumas fotos de Petrolina para me familiarizar.... Começo pela imponente catedral gótica, do início do século XX (1929). O que era Petrolina há 90 anos atrás para construir uma igreja como essa?


Retirei a mala do armário e verifiquei seus fechos; parecem funcionar bem (o da aba esquerda estava estragado) e não vou comprar mala nova. Consulto a previsao do tempo e - se de terça a sexta - o tempo é ameno (18C a 28C), a partir de sábado vai ferver, a temperatura chegará a 34 graus. Nadinha de chuva.
O que ponho na mala? Preciso comprar algo? Sim, há algumas coisas que nao tenho, mas a preguiça de sair me diz que vou para uma cidade de 250 mil habitantes e que devo encontrar lá alguns pares de meia, um croc e filtro solar.....

Não, nada disso!
Melhor ver o que e necessário e comprar por aqui onde conheço o lugar e a dinâmica das lojas. Faz tempo que não saio sozinha, ouvindo meus desejos. Me habituei a viajar com o Alexandre e fiquei acomodada. Até a língua trava.

Outra coisa queime interessa e fugir da rota do litoral e me adentrar pelo interior, pelo semiárido. Férias na praia eh fácil. Tudo te interessa. Agora preciso treinar meu olhar para gostar de árvore seca e cactos. Além dos vinhedos, eh claro.







quinta-feira, 23 de agosto de 2012

2.2 - Pernambuco: Petrolina e Juazeiro

Petrolina, em Pernambuco e Juazeiro, na Bahia estão face a face tendo o Rio Sao Francisco a separá-las e a ponte Presidente Dutra a uni-las. Juntas formam um aglomerado de cerca de 500mil pessoas. Petrolina e industrial e cosmopolita (quase 50% de sua população é estrangeira, já Juazeiro é uma terra de bahianos, vive de comercio e servicos. Ambas ancoram sua economia na agricultua irrigada, produzindo frutas (coco, manga, uva, melão e banana) e vinhos.
Peguei estes dados no IBGE - 2010 para compará-las, nem sáo diferentes assim na essência:


Petrolina Juazeiro
População 293.962 197.965
pop< 24a. 49% 47%
% de estrangeiros 46% 34%
analfabetos 8%
rendimento      médio 234,00 - Rural
548,00 - Urbano
saneamento 71%
Inc. Pobreza 43% 45%

Sao duas culturas diferentes instaladas no mesmo lugar e nem sempre são cordiais. Se pudessem, matavam-se uns aos outros... Um bahiano vai para a Escola e aprende a historia, a geografia e os valores da Bahia. Já o seu vizinho, do outro lado do rio recebe a cultura e os valores de Pernambuco. E esses valores movem suas vidas. Cada uma tem seu coronel politico (em Petrolina o patriarca foi Clementino Coelho) e nada sei dos politicos de Juazeiro.
O ar moderno de Petrolina  aparece em suas avenidas amplas e estrategicas, fazendo o trafego fluir, seus arranha-céus de luxo beirando a Orla, seus centros médicos tecnológicos, seu aeroporto, tudo isso lhe dáum ar moderno e cosmopolita.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

2.1 - Pernambuco: Vale do São Francisco

Pronto, decidi!
Em meio à insonia da madrugada, quando os sites abrem mais rápidos, marquei minha passagem para Petrolina.O foco maior será visitar as vinícolas da região, as desafiadoras vinícolas do Paralelo 8! São seis em seu total. Não pense que essa informação foi fácil, os sites são muito contraditórios.

Mas também quero me deixar tocar pela cultura de Petrolina, em Pernambuco e Juazeiro, na Bahia. Prometo uma fotografia da ponte sobre o São Francisco, ligando as duas cidades.


Para quem foi tão longe, é preciso andar mais um pouco e visitar o Parque Nacional da Serra da Capivara, no sul do Piauí, com suas pinturas rupestres únicas.
Tenho duas semanas para preparar a viagem e - esta é, com certeza, uma parte muito saborosa. É quando se decide o roteiro geral, se toma contato com as informações geográficas e históricas do local, se vê muitas fotos e - viajando na imaginação - vamos filtrando os desejos e montando um roteiro prévio.
Já comecei...