Enfrentar a estrada Petrolina a Sao Raimundo Nonato, no Piauí, pela rota de Remanso, onde 80 dos 350 km sao feitos em uma estrada deserta e descalça, atravessando a Caatinga inóspita, eh como se caminhássemos ao Cu do Mundo.
Com a construção da barragem de Sobradinho, algumas cidades foram realocadas em lugares diferentes, construindo uma nova geografia no lugar. Isso originou uma estrada asfaltada e moderna para os padrões locais, na região mais ao norte da Bahia, ligando Casa Nova a Remanso.
Depois essa rota vira para o norte até a fronteira com o Piauí, de estrada sem pavimentação, em plena Caatinga. Foi a primeira vez que cruzei algo tão desértico e inóspito. Dirigia sozinha. Lembro que cruzei Remanso lá pelas 11 horas da manhã, então era o momento de sol a pino e forte intensidade de luz.
Poucos carros, nenhuma casa, um ou outro bode lambendo o chão seco e empoeirado. Por alguns momentos tive medo, sensação de abandono. De que, ali o socorro tardaria.
Inútil procurar árvore de sombra para um descanso, não havia arvore alguma.
Em algum momento, depois de muito tempo, surgiu a redenção: uma pequena guarita e uma placa indicando a fronteira Bahia - Piauí. Fim das dificuldades. Uma estrada azulada de asfalto surgia a minha frente. Qual o que! Apenas alguns quilômetros adiante, tudo se acaba e os pedregulhos, a poeira e as cabras soltas voltam a fazer parte do destino do viajante até a cidade de Dirceu Arcoverde.
Cheguei em São Raimundo Nonato numa tarde de domingo. O que esperar dali, me perguntei. Os próximos dias me darão essa resposta.
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