segunda-feira, 27 de maio de 2013

5.4 - Uruguay - segunda-feira, o meio do caminho

Amanheceu um dia lindo em Colônia del Sacramento. Céu azul, sol luminoso. As meninas foram até ao Rio del Plata que passa ao lado da Pousada del Flor e - contaram que a maré subiu muito e escondeu o tronco de arvore e a pequena praia de areia.



Por mais que houvéssemos amado a cidade, era hora de partir. Na van alugada, sob o comando de Marcos Florindo, atravessamos o país do sul para o leste pela rodovia A1, para chegar até Punta del Este. No meio do caminho, passamos novamente por Montevideo, atravessando toda a avenida a beira-rio, com o porto a nossa direita, bem no meio do caminho e a cidade velha à esquerda.
Quando vimos o Mercado Central bateu uma fome.... era hora de almoçar. Nesse momento a mistica do Mercado Central desabou: se tornou apenas um lugar para turistas com uma comida razoável, como costumam ser estes lugares. Garçons apressados, cortes de carne secundários... Mas é um belo visual ver todas aquelas carnes no assador.


Hora de seguir viagem até Atlântida, um pequeno balneário onde o Rio da Prata próximo ao oceano se torna tão largo que não sabemos se é rio ou mar. Ali pode ser uma das sete portas do mundo transcendental (as outras que conheço são Machu Pichu e São Thomé das Letras) aonde se adentra por um imenso navio cor-de-rosa, ancorado em concreto na praia. 

Neste pueblo existe uma joia da arquitetura: la Iglesia de Cristo Obrero, do arquiteto Eladio Trieste.

Eladio Dieste foi um talento arquitetônico: desenvolveu a técnica construtivista utilizada nesta obra (cerâmica armada). Ele tira partido das formas e da iluminação natural, resultando num efeito muito interessante.


Paramos ainda em Punta Ballena, uma ponta rochosa em angulo agudo que adentra ao mar, ops, ao rio da Prata onde Carlos Vilaró, artista plástico, construiu seu delírio arquitetônico: a Casapueblo. Vinicius era amigo de Vilaró enquanto cônsul do Uruguay e aqui tomou porres homéricos, vendo da sacada o magnífico por-do-sol. Escreveu a música da "casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada" inspirada na Casapueblo.





Vilaró tem 90 anos e ainda vive em Casapueblo. Continua pintando e fazendo esculturas. Seu trabalho lembra Picasso e Miró. No museu da Casapueblo há uma foto de Vilaró, ainda jovem, ao lado de Picasso, em sua casa em Paris. 
Essa obra é um dos espaços mais interessantes do Uruguay. Além da arquitetura em si, desconstruída, sua localização é privilegiada. Seus terraços apontam para o oeste, onde o sol de põe sobre o rio. Noivas e modelos aparecem por aqui (hoje tinha uma) para ensaios fotográficos nessa hora. Mas é muito mais que isso: é museu, onde as obras do artista estão expostas e cópias podem ser adquiridas na lojinha do museu. Adoro lojinhas de museu: além de artigos de consumo supérfluo e sempre muito caros,  deciciosos ao olhar e manuseio, se acham preciosidades. Comprei uma gravura de "Gato", em azul. Um primor.
Veja em www.carlospaezvilaro.com.uy 

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