domingo, 26 de maio de 2013

5.2 - Uruguay - Colônia del Sacramento

Colônia del Sacramento, é cidade fundada em 1678 pelo português Manuel Lobo.
Hoje é uma cidade uruguaia, de arquitetura espanhola do século XVIII - e esta é a sua graça - com  pouco mais de 27 mil habitantes. É considerada pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade. Eu ando cada vez mais interessada em conhecer os locais listado pela UNESCO. Já tenho uma boa lista deles.

Colonia, à beira do Rio da Prata e do outro lado de Buenos Aires, tem um centro histórico muito charmoso, com ruas de pedra, casas de pedra e muitas árvores que no outono mudam de cor, enriquecendo a paisagem e deixando um barulho bom quando se pisa nas folhas secas no chão. Estive aqui um ano atrás, com o Alexandre, naquela viagem icônica de carro pela América do Sul. Havia amado e ficado emocionalmente interessada em alugar um estúdio aqui para uns três meses e produzir um livro. Sempre tenho um desejo de ficar mais tempo em alguns lugares.....

Chegamos à noitinha. Tava frio. Uns 8ºC, suponho. Depois de ficar um dia todo em trânsito, o desejo de andar a esmo pela cidade e a fome de encontrar um bom restaurante foram imediatos. Era noite de lua cheia e nesse caminhar encontramos a lua de maio a duas torres da igreja de arquitetura espanhola.









Algo insólito é que a cidade é um museu aberto de carros antigos - ficam expostos nas ruas, às vezes decorados de uma maneira bem-humorada; num deles havia um casal de peixes em papel machê.






Encontramos um restaurante indicado pela guia da pousada. Tinha um nome peculiar, que eu associei a farmácias; penso que se chamava Drogaria. Melhor, El Drugstore






À saída, um pouco mais de frio criando um clima agradável de aconchego e calor. Caminhar pela cidade, pisando em folhas secas, olhando a lua e percebendo o vapor úmido sair pela boca, conversando com os amigos sobre os fatos do dia foi muito bom. 


É muito fácil gostar do Uruguay.


E o dia seguinte acordou luminoso e frio em Colonia. Andamos a esmo pelo centro histórico e nos perdemos do Almir. Por todo o dia, naquele centro minusculo de meia dúzia de ruas, nos desencontramos.

Paramos em lojinhas, antiquários, bares para uma cerveja e - já famintos - numa parrilla. Nem era a melhor carne. É impressionante a semelhança com a cultura argentina! Eles não gostam. Estão à procura de uma identidade. Conheço pouco a história do Uruguay para saber qual foi o momento histórico em que eles se desconstruíram como nação ou se nunca o foram.




Andávamos e andávamos e sempre voltávamos para a orla. Plena de restaurantes e bares, com ombrelones para se ficar ao sol e olhar o rio.


Beira do rio da Prata, um mar que se perde em distância. Pensar que a água que corre ao redor da Casa das Hortênsias chega até aqui me dá uma sensação de pertencimento a um continente comum. Colonia tem dois píers: um deles mais afastado onde desembarca o Buquebus vindo de Buenos Aires e outro - mais central - para os iates.
Orla do Rio da Prata


Colonia tem uma arena de touros. Belíssima em estilo mourisco. Construída em 1910, para sua inauguração, a empresa proprietária da praça contratou dois dos melhores toreros da Espanha, Ricardo Torres (el Bombita Grande) e seu irmão Manuel (el Bombita Chico). 10 mil pessoas viram esta farra. Apenas oito (8!) touradas foram realizadas no local; em 1912 um decreto do governo proibiu as touradas. Hoje está em ruínas, com a visitação proibida pelos riscos de desmoronamento, mas continua belíssima e imponente.

O Uruguay é mesmo um país avançado intelectualmente. Proibiu algo em 1912 que até hoje a Espanha se estraçalha e não consegue acabar. Haja visto como hoje ele está lidando com a dependência química pela maconha. Experiencia a se acompanhar  e torcer.







Nenhum comentário:

Postar um comentário