Vista frontal do templo dedicado a São Sava, em Belgrado. |
Consolidado o projeto político, abdica do trono em 1196 em favor de seu filho Stefan II (que se tornou o Primeiro Rei da Sérvia) e se torna monge com o nome de São Simão, permanecendo no mosteiro de Studenica por mais de um ano.
Afresco de São Simão no Mosteiro Studenica, na Sérvia |
Nesse meio tempo, seu filho mais novo, Rastko já se encontrava, desde 1192, no norte da Grécia, no Monte Athos, no mosteiro russo de São Pantaleão, onde adotou o nome religioso de Sava. No ano seguinte, Simão parte para o Monte Athos e, junto com seu filho, inicia gestões junto ao Patriarcado de Constantinopla para a restauração do Mosteiro de Hilandar, dedicado à formação dos monges sérvios no Monte Athos. Os recursos para tal obra vieram da corte sérvia.
É no Mosteiro de Hilandar que Sava consolida seu papel de líder espiritual, canônico, político e diplomático. Constrói cânones, negocia monastérios e arruma inimigos: os cristãos romanos de Monte Athos e Constantinopla, motivo pelo qual abandona o mosteiro em 1205, após 14 anos de permanência e parte para ser o abade de Studenica. Carrega consigo os restos mortais de seu pai e os deposita no Mosteiro de Studenica, onde permanece até hoje. Simão é canonizado como São Simão no ano seguinte.
Nessa volta à Sérvia, atua como mediador entre seus irmãos Stefan e Vukan, em guerra pela disputa do trono. Talvez seja esse seu papel mais importante na História da Sérvia: a manutenção da unidade política da dinastia Nemanjic, motivo pelo qual é o herói medieval mais importante da nação o que lhe garante o status de Patrono da Sérvia.
Nessa volta à Sérvia, atua como mediador entre seus irmãos Stefan e Vukan, em guerra pela disputa do trono. Talvez seja esse seu papel mais importante na História da Sérvia: a manutenção da unidade política da dinastia Nemanjic, motivo pelo qual é o herói medieval mais importante da nação o que lhe garante o status de Patrono da Sérvia.
Afresco de São Sava no Mosteiro de Studenica |
Ai, a história da Sérvia não é simples.
Enquanto permanece em Studenica, seu irmão e rei da Sérvia, Stefan II estreita relação com o a Igreja de Roma e - apoiado pelo Papa, é coroado por Roma como rei cristão. Sua Coroação acontece no Mosteiro de Zica, a 80 km de Studenica. Esta política externa e religiosa de Stefan II entra em conflito direto com Sava, naquele momento o mais importante líder religioso da Igreja Ortodoxa na Sérvia, provocando seu abandono de Studenica e seu retorno ao Monte Athos, em 1217.
Lá ele continua seu papel diplomático e constrói a independência da Igreja Ortodoxa Sérvia, em relação à Constantinopla ( lembrar que Constantinopla estava enfraquecida com o saque da Quarta Cruzada em 1204, mas esta é uma história já contada em minha visita à Catedral de São Marcos, em Veneza, há 3 anos atrás) e se torna o primeiro Patriarca da Igreja Ortodoxa Sérvia.
Retorna à Servia em 1219 e se dedica a construir a estrutura administrativa de seu patriarcado. Cria 11 arcebispados no interior do país em locais de importância geopolítica e nesse mesmo ano, publica a primeira Constituição do país, possibilitando ao mesmo tempo a independência política e religiosa da nação e criando o verdadeiro caráter da Sérvia.
Dedica-se nos anos futuros até sua morte ao trabalho diplomático, visitando patriarcados em muitos países e aos ensinamentos religiosos. Morre aos 66 anos, em 1236 no Mosteiro de Tarnovo na Bulgária e é sepultado na Igreja dos Santos Quarenta Mártires. Um ano depois seu corpo é transferido para o Monastério de Mileseva, na cidade de Prijepolje, no sudoeste da Sérvia com honras de estado e pompas religiosas.
Monastério de Mileseva |
Foi canonizado como São Sava e seu culto atravessou os séculos. Em 1594, no levante de Banat contra os Otomanos, os sérvios levavam a imagem de São Sava em suas bandeiras. Em retaliação, os Otomanos queimaram as relíquias do santo em Vracar, o ponto mais alto de Belgrado.
Cruz no topo da Basílica de São Sava, em Belgrado |
Andjelka convidou Martin, um jovem arquiteto que trabalha na construção da igreja para nós guiar na visita ao templo, em nossa segunda manhã em Belgrado quando não tínhamos a menor noção da história da Sérvia e da importância de São Sava na construção da unidade e do caráter nacional da Sérvia.
Grande sacada! Como funcionário, Martin (leia-se nós) tinha acesso a lugares proibidos da obra. A melhor delas, com certeza, é o topo, uma passarela a 7,5 metros do solo, próxima à cruz da cúpula, que permite visão de 360º de toda a Belgrado.
Acesso por degraus inconclusos, sem corrimão e pouca luz. Mas a visão valeu a pena!!!
Martin
nos contou que nos tempos de Tito a construção ficou parada; apenas a
paredes, sem teto. O projeto foi escondido e ninguém sabia como
continuar. Com a dissolução da Iugoslávia e a perda do poder central da Sérvia, era importante politicamente construir algo majestoso, que reafirmasse a supremacia sérvia. Retomar o Templo de São Sava era perfeito para mostrar ao mundo a grandeza da Sérvia.Os recursos para a construção vêem do Estado, a quem interessa a finalização do templo..
Nos últimos 20 anos eles conseguiram subir as paredes e cuidar do teto, um intrincado sistema de cúpulas (ou eu as percebi assim).
Todo o mais ainda está no cimento bruto, à exceção da Cripta - essa em fase final de decoração. Decoração em estilo bizantino, coma pintura de vários santos da Igreja Ortodoxa Sérvia nas paredes.
Martin, Edna e Beatriz visitando as obras da Cripta. |
Para nós, de cultura cristã romana, é um grande privilégio ter acesso a tal estilo de arte. Estamos familiarizados com a reprodução de Santos, Anjos, Cristos e Virgens em estátuas dos mais variados estilos e épocas e materiais: ouro, madeira, mármore e - atualmente, de gesso e resina, Na cultura ortodoxa, há apenas ícones e pinturas. E a uniformidade das regras deixa confuso os desatentos> Cuidado para orar ao santo certo!
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