Entrada e Nave Principal |
Fazia um belíssimo dia de primavera e a vegetação exibia a nudez do inverno: troncos monocromáticos e pouquíssimas folhas. A característica das florestas europeias é o monocromatismo: nenhuma biodiversidade. Bom humor, afinal estávamos em férias rumo a um dos Patrimônios Culturais da Humanidade e ainda com a perspectiva de um almoço típico num restaurante rural no vilarejo de Bogretovac: a Kafana at Miro. Kafana é o nome para os restaurantes que servem comida típica da Sérvia.
Studenica fica na zona rural, então nossa primeira impressão ao ver as muralhas e as cúpulas das duas igrejas construidas em pedra há 800 anos, numa manhã iluminada pelo sol foi de majestade e imponência. Nossa atitude enquanto adentrávamos pelo portão e caminhávamos pelo jardim era de deslumbramento: estávamos num local sagrado, construído há 800 anos e ainda permanecia com sua alma viva.
Torre incrustada nas muralhas |
Jardins no início da primavera |
Apreciando o sol ao lado da árvore que não lembro o nome |
Porta da Torre |
Posteriormente, nos séculos 13 e 14, o mosteiro recebe a decoração coma frescos em suas paredes. O mais famoso deles é a Crucificação, pintado na parede posterior da Igreja da Anunciação da Virgem Maria. Ele representa o momento após a morte de Cristo, quando toda a dor e o sofrimento se foram e Cristo pode exibir uma face calma e leve. O fundo desse afresco é em azul bizantino, o que mostra a riqueza e importância do local. O azul bizantino é uma cor rara e especial, obtida do lápis-lazúli, uma pedra raríssima com apenas duas minas conhecidas no mundo: no Afeganistão e no Chile. É claro que - naquela época - toda a pedra vinha do Afeganistão, o que elevava em muito o custo do pigmento. Apenas as igrejas ricas e importantes como Studenia, poderiam se permitir ter toda uma parede pintada em azul bizantino.
Crucificação - a obra prima de Studenica |
Parede Lateral da Igreja da Anunciação da Virgem Maria |
Depois de tanta história - é claro - uma visita à lojinha. Havia vinho à venda, feito no Mosteiro. Não arrisquei. Me contentei com os ícones da Virgem \Maria e Beatriz, com seus terços. Por fim - e para minha surpresa - nosso guia, ao se despedir de Beatriz, soltou em bom som:
- Vá com Deus!
Isso mesmo, em português! Poie é, estamos todos globalizados.
Bem, quanto à Kafana do Miro, prometo falar num outro post. A gula é um assunto muito profano para local tão sagrado.
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