terça-feira, 19 de abril de 2016

12.26 - Bálcãs - Vinhos de Paris. E queijos. E chocolates


Passar pela França significa obrigatoriamente visitar uma Cave de Vinhos e conversar com o seu proprietário. Pedir conselhos sobre os melhores vinhos de sua prateleira. Queria muito isso, talvez minha maior expectativa da viagem: que vinhos vou trazer?

Organizei-me para isso: levei duas malas, uma dentro da outra, para caberem as garrafas, protetor de garrafas, emprestado pelo Diego Pugliese, meu parceiro de Confraria e amigo, auscultei meus desejos. depurado ao longo dos anos pelos textos ou por degustações imemoriais: queria um Chablis, um Bourgogne tinto, da melhor Pinot Noir e queira dois vinhos de Bordeuax, um de cada lado do rio. Num predomina a cabernet na assemblage, na outra a merlot.

Então atormentei a Olga, desde o primeiro momento, para me levar a uma Cave de Vinhos. Não queria vinhos de supermercado (e olha que as gondolas do Carrrefour me fazem tremer!), feitos em quantidade. Buscava os pequenos produtores e seus vinhos de boutique.

No dia da partida, Allan nos levou a uma lojinha. na pracinha de Mennecy. Seu proprietário(?), um jovem na casa dos 30 anos, havia nascido e vivido na Borgonha até os 18 anos e conhecia todos os proprietário das vinícolas e o sabor do vinho de cada uma. Um imenso prazer conversar com ele. E ele foi colocando garrafas sobre a mesa e falando de cada vinho, com a alma de quem já havia provado cada um deles. Poderia ficar ali por horas naquela conversa; teria aprendido muito.


Perdoem a foto desfocada, mas reparem na ambiance.
Se eu não soubesse que as garrafas eram pesadas e não tivesse focado meus desejos, teria me enrolado.... Pela legislação, poderia trazer 16 garrafas e 2 malas de 32 quilos. Então, tinha uma margem de escolhas. O preço? Entre 18 a 25 euros!

Decidi comprar 6 garrafas! Somadas às 2 compradas na Sérvia e 01 compradas na Croácia, teria 09 garrafas a transportar, o que significava 25 kg só em vinho. A tal mala extra estava justificada.

E o que eu escolhi?
Voilá! Minha seleção de vinhos franceses.





Bourgogne:
Tintos:
A classificação dos tintos da Borgonha, feitos basicamente com a uva Pinot Noir é Grand Cru, depois
Premier Cru. Então, estava trazendo o segundo vinho da Maison Hubert Lamy, localizado em Saint-Aubin. E era um vinho de parreiras antigas. Nada mau! Fiquei feliz com a escolha.

Nuits-Saint-Georges, uma das regiões produtoras


Gran Vin da Bourgogne


Brancos da Bourgogne : são feitos normalmente da uva Chardonnay, com aromas e sabores característicos. Cada terroir, isto é cada pedacinho da encosta da montanha produz uma uva diferente, desenvolvendo um vinho diferente. Uma das características da Bourgogne é a pluralidade de produtores para o mesmo terroir.





CHABLIS:  É o mais nobre dos vinhos brancos da Bourgogne. Feito unicamente da uva Chardonnay em uma determinada região. Diferente da região de Bordeaux, onde os grandes vinhos são feitos de assemblage de 3 ou 4 uvas, aqui, os que predominam são os varietais, ora de Pinot noir, ora com Chardonnay.



Da região de Bordeaux

Margem Esquerda
 


Assemblage com predomínio de cabernet , trouxe um vinho de Pouillac, 




















Margem Direita


Ah, meu velho conhecido e dono de muitas histórias, o Saint-Émilion!
Estive em Saint-Émilion há alguns anos atrás, talvez 2011. Estávamos de férias em Barcelona e decidimos passar o fim-de-semana na região de Bordeaux, onde Alexandre tinha morado por um tempo. Atravessamos do leste para o oeste todo o sul da França. Eta e Daiane estavam conosco. Conferi. Foi em 2009.

Passamos o sábado em Saint-Émilion. Era janeiro e ventava muito, mal dava para caminhar pelas ruas. A pequena vila medieval fica no alto de uma colina e podíamos ver as videiras recém podadas e nuas, uma igual a outra a se perder de vista.

Era um cenário marrom: marrom a terra, marrom a madeira das videiras, podadas uniformemente - um galho para a esquerda, um galho para a direita; marrom as pedras das casas, marrom o pavimento.

Lembro que demoramos para decidir almoçar e quando o fomos, toda a comida dos poucos restaurantes do local tinha acabado. Ficamos felizes porque o garçom concordou em nos servir queijo, pão e vinho.

Claro, escolhemos um Gran Cru, a supremacia dos vinhos de Bordeuax. Lembranças.... uma puxa a outra e, quando se está de férias, recordamos e tornamos a viver todas as férias de toda a vida.

No cotidiano, assoberbados pela rotina, pelo tarefismo, pelo fazer, não nos damos conta desse Patrimônio Cultural que as viagens nos trouxeram. Mas, durante uma viagem, por menor que seja, um gramado leva à outro, um cheiro remete à outro e tudo volta inteiro, nos permitindo renovar a emoção de uma descoberta.

Algumas fotos daquela viagem, para matar a saudade.








Fiquei tão empolgada com a compra dos vinhos, com as recordações de Saint-Émilion, que quase esqueço de contar da segunda parte do dia. Plenos de sacolas pesadas, tivemos de caminhar um bom pedaço até o estacionamento, guardar os vinhos no carro e seguir em frente, rumo ao Carrefour para a seção queijo x chocolate.

Chocolate, eu estava focada. Há quarenta anos atrás, a Marieta - minha amiga belga - tinha o habito de me trazer de presente ao retornar das ferias na Bélgica, uma barra de chocolate COTE D'OR, O vínculo afetivo se fez e para mim, mesmo depois de tanto tempo, ele continua sendo o melhor chocolate do mundo; Melhorou muito quando descobri o chocolate-orange, com perfume cítrico.


E o destino final, a gôndola dos queijos. Meu preferido é o Reblochon, um queijo de massa mole e odor característico, que sobre uma baguete se torna a melhor das iguarias. Meu filho, disse quando provava o queijo ainda recém tirado da bagagem
- Huhuuuummmmm, isso é melhor que sexo!

Hora de voltar para casa, fazer as malas, colocar no carro de Pierre e Olga e partir para o aeroporto. Partir é sempre excitante: uma mistura da plenitude da viagem com a saudade de casa.









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