terça-feira, 19 de abril de 2016

12.29 - Bálcãs - Pensamentos soltos

1. Continuam a fumar muito na Europa. Há interiores de casas, bares e quartos de hotel onde o cheiro de cigarro está tão impregnado que não adianta manter a janela aberta. Ficamos - depois das intensas campanhas dos últimos anos aqui no Brasil - com muita dificuldade de lidar com esse odor.

2. Está na moda servir água em copos de vidros coloridos, cada um de uma cor. Outro detalhe: a água natural é servida - nos restaurantes - em jarras e é de graça. Só se paga água em garrafa. Mais: a água da torneira, mesmo a do banheiro, é potável. Não há nenhum mecanismo de filtragem de água nas casas.


3. Não se toma leite quente no café da manhã em nenhum país visitado. Café quente com leite frio! Na França, e confirmado com filme - se toma café em bowls e não em xícara ou caneca. Questão de cultura!

4 . Os mosteiros da Sérvia  lembraram muito os da Romênia, apesar da Romênia ser latina e a Sérvia, de eslavos do sul.

5. A Croácia tem a cultura dos cafés: estender-se ao sol de primavera, às quatro da tarde, à mesa de um terraço, sob um ombrelone, com uma xícara de café nas mãos. Felicidade concreta!

6. A divisão da Iugoslávia em 7 (?) países, a partir dos anos 90 não é um assunto resolvido. O país era formado por 6 repúblicas + 2 províncias autônomas, divididas por maiorias étnicas. A transformação das repúblicas em países: Eslovênia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Macedônia, Montenegro e Sérvia, tirou poder da Sérvia e ela reagiu a isso com as guerras que conhecemos. Então os sérvios são odiados nas outras regiões e "quase" impedidos de circular. Vojvodina permanece província sérvia e Kosovo não é uma questão resolvida: metade do mundo reconheceu sua independência em 2009 e a outra metade - inclusive o Brasil - não reconhece ainda hoje..

7. A Croácia, apesar de pertencer à Comunidade Europeia desde Julho de 2013, não mudou sua moeda de Kruna para Euro. Seria um transtorno para a economia somado a um achatamento dos salários, dizem os croatas. A Sérvia também se candidatou, mas isso não é unanimidade na população.

8. Paris não é caro para comer (por 20 euros se come num restaurante normal), nem para se vestir. O grande problema é transporte e moradia. Ninguém consegue um apartamento em Paris adequado ao seu salário e as exigências burocráticas são infinitas, quase inviabilizando o contrato. Kim, o filho de Olga, apesar de ter um bom emprego e seus pais terem imóvel próprio, está há um ano buscando um lugar para viver.

9. A Sérvia sempre foi um país colonizador. Na guerra de 1913 invadiu e investiu pesado contra a Macedônia, tentando aniquilar a população e sua cultura: destruiu monumentos, expulsou religiosos dos mosteiros e proibiu o idioma local.

10. Três mulheres fizeram parte dessa viagem; cada uma delas contribui de uma maneira muito especial para que - ao finalizar o relato dessa viagem - tenha partilhado com elas as melhores memórias:



Beatriz: minha sobrinha de 34 anos.  Foi sua primeira viagem internacional; assisti a cada dia as transformações que uma experiencia dessa nos traz. Destemida e parceira, convivemos momentos muito especiais.
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Anoitecer no Arco do Triunfo - Paris
Edna e Beatriz


Olga: Olga é de nacionalidade sérvia por família. Teve status de refugiada a maior parte de sua vida. Seus pais fugiram da Sérvia com a instauração da República de Tito e Olga nasceu na Itália. Depois veio para o Peru, Bolívia e finalmente Brasil. Diz que foi minha vizinha em Capão Bonito quando eu tinha 3 anos, embora eu não me lembre dela. Aos 19 anos, mudou-se para Paris, fez faculdade de psicologia, casou-se com Peter e teve dois filhos: Kim e Allan. Voltou ao Brasil em 2014, quando nos reencontramos e combinamos esta viagem.

Olga nos hospedou em sua casa, nos pegou e devolveu ao aeroporto e foi nossa guia por toda a Paris. Gratidão imensa.




Andjelka: Andjelka é Sérvia e vive em Belgrado. É artista plástica e mosaicista premiada. Esteve no Brasil em 2013 e deu aulas de mosaico para Jane Jordão, minha amiga e professora de mosaico. O triangulo estava feito e quando decidi ir até os Bálcãs, fiz contato com ela. Uma pausa em suas atividades tornou possível que ela fosse a nossa guia por toda a Sérvia. Estar com ela nos permitiu acesso a lugares remotos, únicos que, sozinha jamais teria vivenciado.

Edna e Andjelka catando rochas para mosaico no Monte Goč.


11 - Custos: Viajei na pior época, com câmbio muito desfavorável. O processo politico empurrou o real para baixo.  Comprei o euro a R$ 4,36 reais; hoje 1 Euro = 3,60, diferença de quase 20%.
Gastei entre transporte, alimentação, hotel, guia, passagens aéreas o total de 3690,61 euros. Muitas coisas foram gastas comigo e Beatriz conjuntamente. Em presentes, gastei cerca de 500 euros. Vou olhar o blog da Turquia de 2 anos atrás e comparar.

12 - Porque os Bálcãs? Porque não é a primeira opção turística de brasileiros ( não encontramos nenhum, nem na Sérvia, nem na Croácia!), porque tinha poucas informações da região; porque gosto de viver as cicatrizes das guerras na pele da população (foi assim na Irlanda, na Romênia e agora na Sérvia), porque gosto de ser surpreendida pelo desconhecido... enfim, porque gosto de viajar. Para qualquer lugar.





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