quarta-feira, 10 de maio de 2017

13.21 - Ásia - Armadilha; caí numa!

Ontem foi o dia mais intenso e tenso desta viagem, quiçá dos últimos tempos. Não sou uma pessoa ingênua, mas há situações onde a diferença cultural deixam a gente confusa.

E sem saída!

Escrevi no post anterior que fui abordada na rua por uma garota de Cingapura e que havíamos combinado dela me mostrar a cidade na tarde seguinte.

Tinha algo estranho mas impalpável para entender ou fugir da situação. Até agora me pergunto o quanto poderia ter evitado. 

O fato é que não evitei e concordei em seguir Aya Lee na prometida visita aos templos. Quando entramos no tuc-tuc ela falou na língua local com o motorista. Mais um sinal mas ainda não estava tensa.

Quando, uns 15 minutos depois o veículo nos deixou num barquinho apenas com casas e ruas sem saída, vi que o script havia mudado.

Que fazer?

Era a casa do tio da garota, sua segunda casa, segundo ela. J.R. foi como ele se apresentou; trabalhava num navio e estava de folga.

Trabalhava no Cassino do navio!

Aí me convidaram para almoçar e minha resistência caiu, tinha muita gentileza envolvida e eu não conseguia interpretar a situação. Apareceu uma conversa de crianças e orfanatos e de como o jogo poderia ajudar estas crianças.

Quando fui conduzida a um quarto fechado onde havia uma mesa de jogo montada soube que havia me encrencado. O que eles queriam comigo, me perguntava, com a adrenalina a mil.

- Me roubar? Tinha 50 dólares na bolsa. Tudo bem.
- Roubar meu passaporte? Poderia resolver, iria até a polícia, pegaria um visto de saída e voltaria até Bangkok onde há uma embaixada brasileira...

Mas o perigo não se apresentava. Era apenas uma tortura mental. E passei a hora seguinte vendo J.R. tentando me ensinar a técnica de roubar no Bacarat. Incrível, ela sabia cada carta de baralho que distribuia e a estratégia para ganhar ou perder.

- O que eles queriam comigo?

Por fim, a proposta: aquela era uma casa de jogo clandestina e a proposta era que eu fosse a jogadora que iria quebrar a banca! 20% para mim, 50% para ele e 30% para os órfãos!

Levantei indignada, assustada, desesperada e disse que queria ir embora imediatamente. Eles se levantaram, abriram a porta e me deixaram sair....

Havia uma moto me esperando na porta. Quem chamou? Em que momento ela foi chamada?

- You are not a gambling woman, ele me disse e, mostrando um envelope, pediu uma doação para os órfãos.

Subi na moto sem me importar em não ter capacete. Aya Lee ainda disse ao motorista para me levar ao templo e voltar para buscá-la e nos encontraríamos lá.

Virada a primeira esquina, pedi ao motorista para me trazer ao hotel e fui puxando conversa para saber o quanto ele também estaria envolvido.

Quando ele me deixou em segurança no hotel soube que havia escapado!

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