segunda-feira, 17 de março de 2014

7.16 - Belos dias na Capadócia

Cheguei ontem a Capadócia, num voo direto de Istambul que me custou R$ 100,00. No aeroporto de Kayseri já havia contratado um transfer que me deixou direto na agência de turismo, onde já me esperava um grupo de 4 pessoas: 2 indianas de Washington e um casal de Istambul. Tudo muito profissional.
O tour contratado custou 30 euros, para o dia todo.
Na chegada, a paisagem me estranhou na sua aspereza e ausência de verde. Estamos no fim do inverno e não há folhas, uma ou outra desabrochando aqui e ali mas não consegue fazer frente a tanto arenito.



Num primeiro momento eu me lembrei da Serra da Capivara. A mesma imensidão avassaladora e rústica.



Levei algum tempo caminhando pelo Vale Róseo ( essa e a cor da pedra) para que a alma entrasse em contato com tão peculiar espaço.
Caminhamos por 3 horas pelo fundo do vale, ora admirando os chaminés de fada, ora as casas de pombos, ora apenas a cor das rochas.
Era tempo da florada do damasco; uma pequena flor rosa-esbranquiçado, como a dos pessegueiros. 



O resto era capim seco pelo inverno, pela neve. Duas paradas para matar a sede em rústicos quiosques, tomando suco de romã, um hábito nacional, junto com o suco de laranja. Mais que isso, o suco de romã é uma iguaria: frutas dum rubi intenso, muito maiores que nós conhecemos, com sementes de polpa túrgida e doce. Huuummmmm!



A caminhada terminou em Cavusin, um antigo vilarejo turco. Entre 1918 e 1922 ocorreu um grave episódio político que preciso entender melhor. Todos os gregos, cristãos ortodoxos, que viviam na Turquia e todos os turcos, muçulmanos, que moravam na Grécia foram compulsoriamente expatriados, intensificando uma ferida que não fecha nunca.







Nesse segundo dia, o tour começa com um grupo maior: 3 jovens portuguesas, de bem com a vida, enfermeiras trabalhando na Arábia Saudita, porque em Portugal não há trabalho, me contaram depois; e, é claro, os asiáticos de sempre, 3 coreanos com um guia especial para eles e um chinês, estudante de cinema. Completam o grupo um casal de Minesota, cuja moça tem um irmão que vive em Campinas.

O que me impressionou foi a estrutura turística na Capadócia. Aqui há uma universidade onde se cursa todos os cursos ligados a área de turismo e hotelaria, além dos cursos de idiomas. Ensina-se chines, coreano, japonês, alemão, francês, italiano, inglês e espanhol. E os guias estudam! E os guias falam! Fiquei maravilhada ao ouvir o jovem turco falando em coreano com a família. De novo, pensei no Brasil, onde nem no aeroporto de Guarulhos se acha alguém a falar ingles.


Primeira parada: Vale dos Pombos.
Os pombos eram muito importantes na economia rural da região. Para atrai-los, as pessoas escavavam ninhos nas pedras.

É claro que o guia precisou nos convencer da importancia dos pombos para justificar tantas escava;óes nas rochas para atrair os pombos. Disciplinada e curiosa, anotei direitinho as 6 razoes porque as pessoas atraiam pombos:
1- para comer
2- mandar mensagens
3- fertilizar o solo
4- fazer agulhas com os ossos das asas
5- penas para travesseiro
6- usar a gema do ovo com areia para pinturas em afrescos.
Hoje os pombos nao existem mais; a tecnologia os superou. Foram comidos e se acabaram.

60% da renda da Capaddoocia vem do turismo e 30% da agricultura (batatas, frutas, abóboras - eles só comem a semente). Morangos, no verão, beterrabas, girassol. 
8 milhões de pessoas são esperados na Capadócia em 2014.

Visitar a cidades subterrâneas de Derinkuyua, a maior das 67 cidades subterrâneas da Capadócia e Kaymakli nos leva a muitas reflexões: a organização da vida comunitária, as estratégias de defesas, de estocagem de alimentos.

Cidades pensadas e escavadas como abrigos por 2 civilizações: uma delas, os cristãos a esconderem- se dos pagãos (os romanos, claro) e a outra, a fugir do povo das estepes. Não esquecerei que estamos na Rota da Seda, e proteção nunca é demais.



Nenhum comentário:

Postar um comentário