Shan é uma das mais importantes etnias que compõem o país. Ocupa um grande território a nordeste do país. Até a independência, era estruturado como uma federação de estados independentes. Agora faz parte da República de Myanmar.
Mas meu objetivo é mais modesto: viajar 4 horas até a cidade de Naung Paing.
Porquê?
Só para atravessar o Viaduto Gohteik, um primor de engenharia projetado pelo engenheiro Arthur Rendel, da Burma Railroad Company. Os ingleses queriam aumentar sua influência política sobre os Shans, bem como aumentar a disponibilidade de madeira a ser explorada e embarcada para a Europa pelos navios que subiam o rio Irrawaddy.
Encomendaram o projeto a uma companhia americana: a Pensylvania and Maryland Company. O tempo de construção foi recorde: 8 meses. De abril de 1899 a 01.01.1.900. O aço vinha de navio da Pensilvânia, subia o rio até Mandalay e depois, de trem até aqui.
Era o tempo das grandes construções em aço, a Torre Eiffel havia sido construída apenas há 10 anos. Este viaduto é a Torre Eiffel deles. Por isso vale a pena. Mas também vale a pena a atmosfera da viagem.
Apesar da herança inglesa da ferrovia, a pontualidade é quase! Uns 20 minutos atrasado. Uma delícia viajar nesse trem, devagarinho, balançando de um lado para outro, amplas janelas com brisa fresquinha.
Na chegada ao viaduto um certo frisson: ele ia se mostrando aos pouquinhos na paisagem, ora dum lado, ora de outro.
Fui entendendo sua estrutura: pilares de ferro de altura considerável (arrisco uns 70 metros), vou conferir mais tarde - a sustentar a ponte ferroviária de 689 metros.
Errei feio na altura! O pilar mais alto tem 250 metros! E a Torre Eiffel tem 321, mas é uma só; aqui são 10 pilares! O que faz dela a ponte mais alta do mundo àquela época.
E o trem passa devagarinho...
Todo turista - eu inclusive - se pendura na janela para documentar.
Depois a viagem segue até Naung Paing, só um vilarejo para meu olhar apressado.
O trem de volta havia saído de Hsipaw no horário, já apitando a partida, mal dando tempo do vendedor preencher minha passagem manualmente.
Informatização? Coisa do futuro!
A viagem de volta é morro abaixo, desenvolve uma velocidade um pouco maior. Mas, na ponte
... o trem passa devagarinho...
Jamais colocaria a cabeça na janela! Sequer olharia para fora rs! Que altura!
ResponderExcluirMuito interessante. Só não entendi as contas do tempo de construção desta mega engenharia.
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