quarta-feira, 3 de maio de 2017

13.14 - Ásia - De trem até Naung Paing

Um trem antigo, que viaja a uns 20 km/hora (essa é a minha impressão), rumo a Hsipaw, a capital do Estado Shan.

Shan é uma das mais importantes etnias que compõem o país. Ocupa um grande território a nordeste do país. Até a independência, era estruturado como uma federação de estados independentes. Agora faz parte da República de Myanmar.

Mas meu objetivo é mais modesto: viajar 4 horas até a cidade de Naung Paing. 

Porquê?

Só para atravessar o Viaduto Gohteik, um primor de engenharia projetado pelo engenheiro Arthur Rendel, da Burma Railroad Company. Os ingleses queriam aumentar sua influência política sobre os Shans, bem como aumentar a disponibilidade de madeira a ser explorada e embarcada para a Europa pelos navios que subiam o rio Irrawaddy.

Encomendaram o projeto a uma companhia americana: a Pensylvania and Maryland Company. O tempo de construção foi recorde: 8 meses. De abril de 1899 a 01.01.1.900. O aço vinha de navio da Pensilvânia, subia o rio até Mandalay e depois, de trem até aqui.

Era o tempo das grandes construções em aço, a Torre Eiffel havia sido construída apenas há 10 anos. Este viaduto é a Torre Eiffel deles. Por isso vale a pena. Mas também vale a pena a atmosfera da viagem.


Diferente da viagem Bagan a Mandalay onde o terreno árido condicionava miséria absoluta, aqui a terra fértil e clima ameno dá outra cara à paisagem.


Apesar da herança inglesa da ferrovia, a pontualidade é quase! Uns 20 minutos atrasado. Uma delícia viajar nesse trem, devagarinho, balançando de um lado para outro, amplas janelas com brisa fresquinha.

Na chegada ao viaduto um certo frisson: ele ia se mostrando aos pouquinhos na paisagem, ora dum lado, ora de outro.


Fui entendendo sua estrutura: pilares de ferro de altura considerável (arrisco uns 70 metros), vou conferir mais tarde - a sustentar a ponte ferroviária de 689 metros.

Errei feio na altura! O pilar mais alto tem 250 metros! E a Torre Eiffel tem 321, mas é uma só; aqui são 10 pilares! O que faz dela a ponte mais alta do mundo àquela época.

E o trem passa devagarinho...


Todo turista - eu inclusive - se pendura na janela para documentar.

Depois a viagem segue até Naung Paing, só um vilarejo para meu olhar apressado.


O trem de volta havia saído de Hsipaw no horário, já apitando a partida, mal dando tempo do vendedor preencher minha passagem manualmente.

Informatização? Coisa do futuro!

A viagem de volta é morro abaixo, desenvolve uma velocidade um pouco maior. Mas, na ponte

... o trem passa devagarinho...


2 comentários:

  1. Jamais colocaria a cabeça na janela! Sequer olharia para fora rs! Que altura!

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  2. Muito interessante. Só não entendi as contas do tempo de construção desta mega engenharia.

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