terça-feira, 30 de maio de 2017

13.40 - Ásia- O Budismo no Vietnã

Há alguns temas que passaram ao longe de nossas vidas. Um deles é a história da Ásia. Apesar de ter o mesmo grau de civilização ou até mais desenvolvida que a Europa, nossa educação nunca levou em conta 2/3 do mundo. Então, viagens como essa te dão um olhar bem mais crítico sobre a organização geopolítica do mundo.

Por exemplo, Angkor foi contemporânea de Roma e tinha os mesmos 1 milhão de habitantes... sabemos o nome de todos os Imperadores de Roma, de alguns até uma biografia mais detalhada como o nome dos amantes e do cavalo. De Angkor, nem sabíamos da existência...

Tudo isso para falar do Budismo no Vietnã. Não me preparei para o Vietnã. Entrei nele com meus 6 sentidos aguçados e deixei que eles me guiassem. E aos poucos fui percebendo que ele não se confunde com os outros países vizinhos.

Primeiro, é uma etnia diferente: nem Mon, nem Tai, nem Khmer. Já, já descubro de onde vieram...
Segundo, Vietnã era rota comercial entre Índia e China, as duas grandes civilizações mais antigas. E o Budismo caminhou nessa rota. Com influências hinduistas, o Budismo Mahayana chegou à China, Japão, Coréia, Tibete e Vietnã. O Budismo Theravada, praticado no Sri Lanka, Tailândia, Myanmar, Laos e Cambodja segue outro caminho. 


Não sei a diferença, tá? Imagino algo como católicos e protestantes....

Buda - uma para cada dia da semana - Tailândia
 
Budas de origem Theravada em Shwedagon - Myanmar
A primeira diferença é a imagem de Buda: enquanto no Theravada é um Buda longilíneo, orelhas de vaca, olhar e sorriso indefinidos, representado sempre em ouro ( as vezes em Branco), no Budismo Mahayana , é um Buda gordo, barrigudo, careca. Buda Feliz! Happy Buddha! Ou então é uma imagem de gênero indefinido, com muitos adornos como brincos e colares.





Os templos também são diferentes; os Mahayana tem muita madeira esculpida, são menores, mais contidos. Os Theravada, são mais suntuosos, mais exibidos.




O comportamento dos monges também é diferente. Nos países de Budismo Mahayana não se vê monges nas ruas, apenas dentro dos templos. Já, os Theravadas começam o dia pedindo comida nas ruas e são visíveis em todos os lugares, inclusive nos shoppings.



Chamou a atenção o fato de muitos andarem descalços. O maior sol, as pedras do chão queimando, e eles andando normalmente, como se nem percebessem o desconforto.


O piso de Shwedagon às três da tarde deve chegar a uns 70 graus!
Em algum dos meus voos, nem me lembro mais qual, voaram comigo 3 monges de idade indefinida; 2 estavam descalços.

E os mosteiros tem uma importância política intensa... ja, já conto algumas histórias.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

13.39 - Ásia - Transportes. O meu olhar

Avião: 
Ethiopian Airlines compete com Turkish e Qatar. Preços similares. A escala em Addis Abeba foi cultural, pisar no Chifre da África!


Aeronave da Ethiopian AirLines

Low Cost Companies: viajei por várias; de 60 a 80 dólares por voos de cerca de duas horas. Não perdem tempo e trabalham com custos mínimos. Não servem nada, se precisar de algo, se compra. As próprias comissárias, ao fim do voo, colocam luvas e limpam os banheiros e tiram o lixo dos bancos. O avião não desliga o motor. Quando pousa, a companhia já abre o em embarque. Sai o último passageiro, embarca o primeiro do próximo voo.
Sem perda de tempo.


Thai Air Lines - low cost company

Jet Air - Outra low cost asiática

Air Asia - A maior companhia do sudeste asiático - seu slogan"Agora todo mundo pode voar"


Táxis 
Carros: só em Bangkok há taxímetro; ops, Hanói também. Geralmente o. Hotel faz a reserva para você e se paga antecipadamente ao hotel. Não estressa. Geralmente os preços são honestos.

Uber: funcionam igual. Usava para lugares distantes. Aí , nunca sabia como iria voltar, se haveria internet disponível.

Ônibus:
O sleeping bus é o transporte mais comum entre as cidades, mesmo que a viagem seja feita durante o dia. Tem 36 lugares, em três fileiras de dois andares, com 6 bancos-leitos em cada. Tem ar-condicionado, wi-fi (mais ou menos), cobertor e água gelada.




sleeping bus no Vietnã - dois andares .

Meu pé esticado e enrolado em cobertor

Camionetes: Carroceria adaptada com bancos. Vai mais gente, é mais barato;


Camionete-táxi em Luang Prabang - Laos
Motos: na maioria dos lugares era o único transporte disponível. Preço negociado na hora. Isso era uma canseira. Geralmente, a viagem saía por 4 vezes menos que a primeira oferta. Mas chegar até lá... e os mototaxistas atravessam, roubam passageiros dos colegas, entram no meio da negociação e ofertam por menos... sem falar na viagem, às vezes com a mala grande, capacete meia boca ou sem capacete... e aquelas manobras suicidas no meio do trânsito e você, na garupa...


Cadê o capacete?

Todo mundo descansa deitado

Máscaras para proteger da poluição. Há máscaras de várias cores e estampas para se combinar com o que quiser

Sideway mototáxi:
Aqueles veículos que tem uma cadeira na lateral. Aparece muito nos filmes da Segunda Guerra. Usei uma vez. Mas é mais segura que a moto. Pouco disponível, só vi em Bagan, em Myanmar.
E a gurizada vai jogar futebol....

Bagan - Myanmar - Cadê o capacete?
Tuc-tuc 
Meus preferidos. Não há nada mais asiático 


Tuc-tuc em Bangkok com Nok e Lay Henn

Tuc-tuc em Bangkok


Tuc-tuc na despedido do Camboja - aeroporto

Charretes e carros-de-boi


Carro de boi em Myanmar

Charrete em Myanmar

domingo, 28 de maio de 2017

13.38 - Ásia - Começando a voltar

Sonhei com a obra de Monteiro Lobato. Com um livro que não existe. Com um final surpreendente. 

O texto acima escrevi no meio da noite, acordando dum sonho incrível; um conto pronto. Com começo, meio e fim. Uma obra literária num sonho! Achei que aquilo seria suficiente para me lembrar do sonho e escrever o conto.

Qual o quê! Lembro vagamente duns flashes, como um ser extraterrestre que tinha a forma de uma borboleta de plástico azul, como um broche preso no colarinho da camisa de um homem e eles ficavam conversando... não é muito, concorda?

Hoje comecei a voltar para casa! Saí pela manhã de Hoi An, num sleeping bus que te pega na porta do hotel. São os mesmos 36 lugares da Pássaro Marrom, mas o conforto é muito maior. Como cabe? São 3 fileiras de 6 poltronas camas e um segundo andar igual.

Grande sacada! Porque os aviões não adotam o mesmo projeto? Que já existem nos trens desde 1920...

De Hoi An, voltei a Hué.

Mapa do trecho da costa central do Vietnã

Não consegui escapar do mototáxi. Aquelas tiradas que me fazem gritar na rua, quando se é passageiro é mil vezes mais aterrorizante. Voltei para o mesmo hotel: o Rosaleen Boutique Hotel, de longe o melhor hotel da viagem: é bonito, moderno, limpo e confortável; seu staff me ajudou muito sem explorar nos preços.

Meu quarto no hotel. Esqueça as pétalas na cama
Almocei comida ocidental e depois fiquei ouvindo ópera. Descobri um novo tenor: Jonas Kaufmann, alemão, jovem e muito bonito. A internet me informa que há ingressos à venda para um show em Londres, dia 16 de fevereiro de 2018. Os últimos 22 ingressos! Grande presente de aniversário para mim mesma. Decidir já, Edna.

Tenho 66 mil dongs na carteira (1 dólar = 22.000 dongs). Não quero mais trocar dinheiro porque saio do país amanhã cedo e não sei se volto ao Vietnã algum dia (Na minha idade não dá mais tempo de repetir paisagens). É a conta certa das duas cervejas que estou tomando.

Saigon Beer, a amiga nestes dias de calor.

Tenho o jantar e o táxi do aeroporto amanhã cedo. Eh, vou trocar 20 dólares! O táxi é 12, sobram 8 para jantar. A comida é barata aqui. Gastei muito menos que os 100 dólares/ dia planejados.

No avião da volta, faço essa contabilidade. 



sábado, 27 de maio de 2017

13.37 - Ásia - Hoi An - Vietnã

Não sei se, porque é domingo, porque o assédio comercial é muito intenso e cansativo, ou porque me senti explorada no hotel ou ainda, porque o joelho desde um degrau fora do tamanho em Angkor, vem doendo sensivelmente depois das grandes caminhadas, ou se é só canseira de fim de viagem, o fato que hoje estou melancólica.

Melancolia!

Adoro esta palavra e o sentimento que a ela se confunde. Uma mistura de tristeza com saudade. Um vazio. 

Hoi An é a Paraty do Vietnã. Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1999, pela preservação do seu centro histórico, o que nos dá uma ideia de como era uma cidade com um importante porto comercial dos séculos 15 ao 19. Casas de madeira do período, outras em tijolos(?). Influências chinesas, vietnamitas, japonesas, portuguesas ... Hoi An foi uma cidade importante, com uma comércio vibrante.

Casa em estilo francês, hoje uma loja de couros no Centro Histórico
Loja de souvenirs, em estilo arquitetônico chinês

Estilo japonês na entrada da ponte sobre um dos canais da cidade
Estilo português na casinha azul

Hoje sobrou o turismo, ruas só para pedestres, lojas de souvenirs, rio, botes e motos. 

Rua para pedestres em Hoi An

 Ponte Japonesa esculpida em madeira em 1590 e completamente preservada

Barcos de Turismo sobre o Rio Thu Bon

A semelhança torna Hoi An cidade irmã de Paraty

Tudo lembra Paraty, a semelhança da economia, a geografia com seus rios e barcos, as lojinhas, as dezenas de restaurantes, o centro histórico bem preservado e exclusivo para pedestres...apenas o assédio aqui é muito maior. Fiz mil fotos. Muitos detalhes como lembranças, as memórias da viagem.


sexta-feira, 26 de maio de 2017

13.36 - Ásia - Hué

Saber que o Vietnã era um reino até 1945 foi uma das surpresas que essa viagem me trouxe. Melhor, 3 reinos: Tonkim, ao norte, na fronteira com a China, Annan, o maior e mais importante, ocupando centro e sul e Conchinchina, (sim, ela existe!), no sudoeste do país, mas "subordinado " ao Reino de Annan.





Hué era a capital desse reino. E os franceses viveram aqui por 100 anos como protetores, tanto é que essas regiões se chamavam Protetorados. Eles faziam "acordos" com esses reinos, mandavam na economia e na exploração dos recursos em troca de paz e proteção com os países vizinhos.

O rei Bao Dai, o último rei do Vietnã abdica do trono em 1945, a favor de Hô Chi Minh. Foi um fator a mais além da tática militar, a expulsar os franceses com a vitória na Guerra da Indochina, em 1954. A França não aceita e ocorre a Conferência de Genebra, em 1954, onde o Vietnã é dividido em dois: o do Norte sob a presidência de Hô Chi Minh e o do Sul como República do Vietnã, com a volta do rei Bao Dai à cena política , como presidente. era um presidente de aparência e o primeiro - ministro tinha o poder político.

Daí o rei chuta o balde e vai viver na França. Ele teve uma refinada educação lá, terminando com o curso de Ciências Políticas em Paris. Não dá para dizer que era despreparado.

E todo o complexo de edifícios que eram a estrutura administrativa, diplomática, religiosa e familiar da Dinastia Nguyen há 200 anos fica sem função. Hué entra em declínio.




Em 1947, os franceses em plena guerra iniciam um processo de destruição e mais tarde - em 1968 - Intensos bombardeios americanos no Complexo reduzem-no a quase ruínas. Só permanece em pé o Palácio de Audiências.




Hoje, Hué - Patrimônio Cultural da Humanidade está sendo reconstruído. Alguns pavilhões, réplicas dos anteriores já estão abertos para visitação, outro ainda em obras e,  toda uma lateral em ruínas, esperando essa reconstrução.








Essa atitude é polêmica: fazer réplicas! Mesmo a Unesco tem como lema "Preservação com um mínimo de intervenção ". Por outro lado, como contar essa história para as novas gerações e mostrá-la para o mundo?

E um estilo arquitetônico único que não é chinês, não é arquitetura budista. É arquitetura da corte de Hué! Pavilhões de um ou dois andares, telhado em 4 águas e nos ângulos, um trabalho de molduras com dragões ( em toda a Ásia, dragoes nos telhados e serpentes nas escadas são para proteger dos maus espíritos). Aqui está a singularidade de Hué: enquanto nas outras culturas esses ornamentos são dourados, aqui são feitos com cacos de louça de cerâmica, algo que 200 anos depois, seria "inventado " por um francês: o estilo Picassiete! 200 anos antes, Hué já trabalhava assim.