segunda-feira, 18 de abril de 2016

12.25 - Bálcãs - Vinhos da Croácia

A Croácia tem um mapa estranho: um língua de terra partindo do continente e se esparramando pela costa mediterrânea, com centenas de ilhas. É nessas ilhas que chegaram as primeiras videiras, há 2.500 anos, trazidas pelos gregos, o que faz do vinho croata um dos mais antigos do mundo.
Mas não foi fácil chegar aos vinhos atuais, de boa qualidade e bem cotados no mercado e pelos apaixonados pelo vinho.

Todos nós sabemos que a Croácia fez parte do Império Otomano, cuja religião sempre fez restruções ao álcool. Como eles tinham boa convivencia e tolerencia com a Igreja ortodoxa, os vinhedos e a produção de vinhos ficou restrita aos mosteiros. pois o vinho fazia parte dos rituais religiosos. Mais tarde, no inicio do seculo 20, um inseto - a filoxera - fez um estrago imenso nos vinhedos da Europa, inclusive Croácia.


Ciclo de vida da Filoxera (Meyers, 1888).
Daktulosphaira vitifoliae - filoxera

Com a chegada do comunismo de Tito, as terras foram estatizadas e seus vinhedos transformados em cooperativas. A qualidade dos vinhos caiu muito, pois a prioridade era a quantidade.
Foi apenas há cerca de 3 décadas que os investimentos em vinificação retornaram à Croácia. Investimentos em grande parte vindos de fora, das grandes corporações viníferas que se associaram aos croatas, tal como acontece no Chile, Argentina e nordeste do Brasil.

As principais uvas locais brancas são: 
- MALVASIJA
- POSIP ( cultivadas na região da Dalmácia e na Ilha de Korkula)
- GRASEVINA ( Riesling italiana).
A produção é pequena: de 10 a 15 mil garrafas por ano.




As principais uvas locais tintas são:
- TERAN, cultivada na Istria
- SANSEGOT - cultivada na Ilha de Kurk
- PLAVAC MALI,  a mais emblemática e conhecida uva tinta da Croácia. 

Os croatas nos contam com o maior orgulho que a ZIRFANDEL,  a uva tinta  mais cultivada da América do Norte tem origem croata e do cruzamento da ZIRFANDEL X DUBRICIC, nasceu a PRAVAC MALI.

Minha experiencia com os vinhos da Croácia foi pequena e não incluiu visita a nenhuma vinícola. Não houve tempo para tanto.... foram 5 dias, incluindo chegada e partida. Mas a sorte sempre está ao lado dos apreciadores de vinho como eu: na mesma calçada que nosso hotel, cem metros à frente encontramos a Vinhoteca Bornstein.



Ela funcionava também como wine bar. Era uma casa antiga com paredes de pedra e a loja e bar funcionavam no subsolo, onde uma fina seleção dos melhores vinhos da Croácia estavam expostos.


Vinhos croatas da Vinoteca Bornstein

Cave e Wine bar



Degustação da uva branca Prosip


Qual escolher entre tantos rótulos?

Claro, havia os tradicionais: cabernet, merlot, chardonnay junto às uvas autócotnes. Nem sei dizer da proporção. A impressão que tive, embora muito superficial, foi que a PLAVAC MALI era o vinho mais consumido.

Era um fim de tarde quente, havíamos caminhado quilômetros ao sol. Também a gastrite ardia no meu estômago, pedindo moderação. Beatriz, depois da farra alcóolica na Sérvia, tinha voltado para a água. Então, qual escolher entre tantos rótulos?

Optei por começar pela uva branca: a Prosip!
Segundo as informações do blog winesfcoratia.wordpress.com, "esta é uma uva nativa da Ilha de Korcula, embora seja cultivada em outras regiões da Dalmácia, ao longo da costa adriática. Prosip tem cachos longos com grãos ovais, de casca fina. Os vinhos produzidos com Prosip são bem encorpados, com teor alcoólico de médio a alto, textura viscosa e notas de peras, figos, ervas mediterrâneas, flores silvestres e mel".  Os principais produtores desta uva são: BiBich, Grgic, Jako Vina-Stina, Korta Katarina, Kunjas, Toreta e Ziatan Otok." Copiei direitinho....

Havia degustado a Prosip da Kunjas! A noite começava bem... No Brasil, a Decanter importa da Korta Katarina; uma rápida olhada no site e eles tem apenas um Plavac Mali 2007 pelo custo de R$ 491,40! 

Com essa lista de produtores na mão, dei uma olhada na lista de vinhos do restaurante italiano que havíamos jantado na noite anterior:



Pois é, como sempre acontece nos lugares turísticos, os melhores vinhos não estão nos restaurantes disponíveis para quem acaba de chegar. É preciso garimpar mais e a Vineria Bornstein era o local adequado a esse garimpo.

Saí de lá com uma garrafa de Plavac Mali, escolhida pela estética do rótulo para trazer ao Brasil. Só uma. Vinhos são gadgets pesados. ....







Nenhum comentário:

Postar um comentário