Pois bem, ontem - 182 anos depois - passamos pelos mesmos locais; a embarcação era outra: um moderno catamarã, confortável e aquecido. Mas a paisagem era a mesma. Águas escuras e geladas, terras argentinas de um lado e, chilenas, de outro. Fronteiras acordadas no "Tratado de Limites com Chile", em 1881. Chovia, ventava e fazia frio. Estar fora era um exercício de vontade e aventura.
Apareceram as aves, os comorones, depois os lobos-marinhos e, finalmente, os pinguins. Lobos-marinhos são animals bizarros: machos de 300 quilos, pernas curtas e nadadeiras ao invés de pés e mãos. Ficam lutando entre si o tempo todo para romper o tédio de ter por casa uma pedra inóspita rodeada de água gelada.
Já os pinguins nos foram vendidos como bichinhos afetivos e engraçadinhos. Gostamos deles a priori. Os que estavam nidando na ilha pertenciam à espécie de Magalhães, pequenos, com as listas negras no pescoço.
Mas, uma boa surpresa, um casal de pinguins Imperador, com faixas amarelas e 1 metro de altura passeou a nossa frente, sem se incomodar com a horda de turistas que os fotografavam.
É nesse canal que fica o Farol Le Eclesieurs, conhecido como o Farol do Fim do Mundo. Não que seja o farol mais ao sul, há um outro mais austral,mas em rochas perdidas no mar. Este seria o farol mais longinquo das terras habitadas.
A bordo do catamarã moderno, aquecido e confortável, com amplos vidros panorâmicos e café expresso, conheci o Fernando. Era americano e aposentado e estava fazendo parte da Rota Panamericana, a tal estrada que vai do Alasca à Ushuaia. Havia iniciado a viagem há 90 dias atrás, em Quito, no Equador, foi à Galapagos e depois - sempre de onibus - cruzado o Peru, a Bolivia, o Chile e Argentina. Ainda viajaria mais 2 meses, tendo a Ilha de Pascoa como um dos destinos.
Foto Edna e Antonieta, feita pelo Fernando |
Catamarã ancorado na Estancia Haberton, no Canal de Beagle |
Fernando me inspirou a fazer viagem semelhante em 2016 pela Asia. Será?
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