domingo, 28 de dezembro de 2014

10.3 - Patagonia. El Parque del Fin Del Mundo

O Parque Nacional de la Tierra del Fuego, nos arredores de Ushuaia concentra uma vegetação específica, bem adaptada ao frio intenso. São apenas três espécies de árvores, sendo que apenas uma pode ser aproveitada, a lenga. São árvores de troncos finos e crescimento muito lento, concentrado nos meses de outubro a abril, primavera e verão. Depois elas entram num ciclo vegetativo, interrompendo todo o metabolismo.A decomposição dessas árvores é muito lenta. Não há bactérias, elas sao destruídas pelo frio. Apenas os fungos fazem esse trabalho Então, aqui nos trópicos, o que se decompõe em um par de semanas, lá se gasta 40 - 50 anos para tal. 



Olha o fantasma do prisioneiro chinês em meio às arvores












Esse parque é parte intrínseca do surgimento de Ushuaia. No início do século XX, como estratégia de ocupação do lugar, momento seguinte à pactuação da fronteira com o Chile, o governo argentino decidiu - a exemplo de outros países - construir um presídio de trabalhos forçados. Tarefa para os próprios prisioneiros. Começou a funcionar em 1914.

Desse parque vinha a lenha necessária ao aquecimento e à cozinha; uma estrada de ferro foi construída para tal. A devastação nessas árvores de dez mil anos foi dramática. Ao andar pelo Parque vê- se centenas de troncos espalhados, imensos troncos de mais de 50 cm de diâmetro. Mesmo com a desativação do presídio em 1962 e a consequente interrupção da corte desenfreado das árvores, com a criação do parque no inicio da década de 90, a vegetação ainda não se recuperou. Talvez precise de um século para isso.




Hoje o parque é um centro de turismo e a ferrovia e o seu pequeno trem a vapor, uma rota de passeio. Todo o parque é contornado pela Cordilheira Fueguina, o finzinho dos Andes. Belos cumes manchados de neve brilhando ao sol de um dia de verão. Rios e lagos, alimentados pelas geleiras na primavera tornam esse lugar um dos mais belos e intensos que já fui.





Mas o homem continuou fazendo bobagens: introduziu castores, oriundos do Canadá, com o objetivo de comercializar sua pele. Trouxe poucas espécies, cerca de 25 casais. Sem predadores, hoje é uma praga no parque e em toda a região. Mais de 200 mil bichinhos se espalham , desorganizando a natureza. Não sei se eles já têm resposta para isso.

Nesse parque fica a Baía Lapataia, uma das pontas do continente. É nela que termina a Ruta Nacional N3, prolongamento da estrada que liga o Alasca à Ushuaia, num total de 17.848 quilômetros. Nem me espantei tanto (mas um pouquinho, sim) que há pessoas que percorrem essa rota de ponta a ponta por todos os meios de transporte possivel: moto, bicicleta, carro, trailer.... penso que ninguém fez este roteiro a pé ainda.



Há ainda um outro local interessante neste parque: El Correio del Fim del Mundo. É para lá que iam as cartas destinadas aos marinheiros, aos tripulantes dos barcos que tentavam fazer a ligaçao entre os dois oceanos. O Posto de Correio funciona até hoje. 



Mandamos postais que um dia chegarão aos nossos lares, repetindo a história milenar do homem que parte,mas anseia o tempo todo por notícias do local a que - de fato - pertence. Mesmo sendo um homem dos mares. 

E, um lugar desses, -claro - é uma das sete portas de Atlântida. Já conheço a de Machu Pichu, a de São Thomé das Letras e a de Ushuaia. Onde estarão as outras quatro? Pergunto aos céus e ausculto o centro da Terra...




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