sábado, 8 de novembro de 2014

8.7 - Piauí. André Pessoa

André Pessoa é um jornalista-fotógrafo. Lindo fotógrafo da Caatinga. Pernambucano de Recife, foi estudar fotografia e jornalismo em Curitiba. Não se encontrou ou não foi encontrado. Isolado, pelo sotaque arrastado a denunciar suas origens, se aliou a outros nordestinos que por lá andavam. Jovens de São Raimundo Nonato!

Vinha para cá nas férias.
Começou a andar pelo Parque, fotografando aqui e ali. Terminada a faculdade, veio morar aqui. Junto com outros jovens fundaram o movimento Raízes do Piauí, com objetivo de retirar essa terra do atraso e do modelo de desenvolvimento proposto pela oligarquia coronelista, isto eh, manter tudo como estava.

Tanto entusiasmo evidenciado pelo jornal criado como ferramenta estratégica contagiou a cidade. Em 1994, com o apoio da maioria da população e ampla aliança política, conseguiram eleger Padre Herculano como prefeito, derrotando a família Ferreira que há muitas gerações detinha o pode político da cidade.

Deu tudo errado.

Padre Herculano rejeita o apoio dos aliados para governar e se isola, construindo um dos maiores desastres políticos da cidade. André se afasta da política e se dedica a fotografar a Caatinga. Tanto fez isso, tantas imagens surpreendentes capturou em suas lentes que se tornou referência em Caatinga para toda a imprensa nacional e internacional.

Nenhum órgão de mídia vem para cá sem contatar André Pessoa. Por que eh inútil. Ninguém conhece a Caatinga melhor que ele.

Vejo sempre suas fotos no Flick. 
www.flickr.com/photos/andrepessoa

Quero todas exibidas em minhas paredes. Suas cores obtidas sempre naturalmente, sem ajuda de nenhum filtro, são quase inacreditáveis.

- " o segredo dessas cores eh a luz, ele me conta. Só fotógrafo das 5 as 7 horas da manhã e a partir das quatro da tarde. Ninguém me vê com câmera a essa hora....." ele me falou ontem, na sua casa na Serra Vermelha. André lançou um livro de fotos em 2014, chamado Piauí, com imagens da Natureza de todo o estado, a desafiar os que desqualificam a terra que adotou como sua.




Com o polêmico projeto de transposição do Rio São Francisco, outra oportunidade se ofereceu a André: documentar o trabalho de resgate da fauna. Outro livro está saindo desse trabalho; ainda mais bonito, impresso num papel que valoriza muito seu trabalho. Ontem vimos o boneco do livro. Ah, quero um.....

E ele fala entusiasmado dos seus planos de futuro: o viveiro de plantas específicas da Caatinga, a permitir o repovoamento das espécies e do Centro de Resgate de Animais Silvestres, uma iniciativa ainda embrionária a permitir que animais resgatados de caçadores ou outros incidentes sejam cuidados até que, recuperados, possam retornar a Natureza.




E - dentro de alguns dias - ele vai chamar crianças de uma escola para que soltem um tatu-bola já recuperado de volta a Natureza. Educação ambiental de forma concreta!




Sou fã do André, não há como não ser.

Neruda tem um texto sobre essa arte:
"Pero, además, estos libros zoológicos y botánicos me apasionaron
siempre. Continuaban mi infancia. Me traían el mundo infinito, el laberinto inacabable de la naturaleza. Estos libros de exploración terrestre han sido mis favoritos y rara vez me duermo sin mirar las efigies de pájaros adorables de las islas o insectos deslumbrantes y complicados como relojes"

Pablo Neruda, "El poeta no es una piedra
perdida", en Para Nacer he nacido


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