Ele, 83 anos. Ela, 76.
Conheceram-se num forro há 60 anos atrás. Casaram-se e foram viver num sítio, perto do povoado de Vargem Grande, no sudoeste do Piauí.
Nivaldo, menino de roça, na época em que a manicoba, uma árvore daqui era usada para a extração do látex. Depois acabou quando a borracha da Ásia se tornou mais competitiva. Vivia andando pelas trilhas e olhando as tocas com as paredes pintadas.
- Pai, quem fez os desenhos na Toca, que não apaga nunca?
- foram os caçadores muito antigos, filho. Eles pintavam os bichos que tinham caçado.
Um dia, em 1973, foi chamado por Niede Guidon para trabalhar como guia, abrindo as picadas e conduzindo-as as Tocas.
-Fui o primeiro guia e até hoje ainda encontro sítios, ele falou.
- E uma terra encantada, disse dona Carmelita. Quando a gente pensa que tudo já foi achado, aparece mais um.
- E ela pagava bem. Pagava o dia trabalhado e por sítio descoberto. Depois que ela chegou, nunca faltou dinheiro em nossas vidas.
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