terça-feira, 20 de novembro de 2018

18.6 - Goiás - Brasília, triste Brasília!

Há uma angústia no peito quando se caminha pelo eixo monumental. Brasília está degradada na aparência e na alma. A pintura descascada dos monumentos de Niemeyer, a grama que se foi, as calçadas de pedras portuguesas remendadas com cimento, tudo a falar dum projeto que a partir de algum momento começou a dar errado.

Visão do Palácio do Congresso Nacional
Cheguei à cidade em meio de novembro, duas semanas depois que uma eleição presidencial colocou a extrema-direita no poder, com o apoio de 51% dos votos. Penso em votos para não esquecer que eles não são a maioria neste pais, são apenas 51% dos maiores de 16 anos que decidiram votar. Mesmo assim o coração sangrava....

Chegamos em meio a uma chuva intensa, dirigindo pela ASA Norte. Mas o GPS é sempre eficiente; de alguma maneira se chega.  E chegamos à quadra dos hotéis, onde uma dezena de torres se organizavam, conectadas a uma praça central e um shopping center. Tudo impessoal mas dispostos de maneira a atender a necessidade dos que se hospedam ( há pessoas que moram nesses espaços durante a semana. São os detentores de cargos designados, na maioria de origem política).

Foto em preto e branco para minimizar a deterioração do edifício
Deixamos o carro no estacionamento do hotel e - desafiando a chuva, saímos, para olhar o eixo monumental. A deterioração do edifício do Poder Legislativo (Câmara e Senado) se coadunava com a deterioração ética de seus ocupantes. Ornava!!!!! Triste ornamento! Cúpulas com a pintura descascada, grama mal cuidada, sujeira nas rampas.....

Continuamos andando olhando cada edifício projetados para serem monumentos. Um deles escapava desse panorama: o Palácio do Itamarati, sede do Ministério das Relações Exteriores. Um palácio de arcos flutuando sobre um jardim aquático conservava a elegância com que ele foi projetado. Tenho relações sentimentais com o Itamarati e agradeci aos céus por ele não me decepcionar.

Palácio do Itamarati flutuando sobre um jardim aquático.
Defronte a ele, do outro lado do eixo, outro monumento arquitetônico não teve o mesmo destino. O Palácio da Justiça, com suas cascatas tinha tudo para ser majestoso, mas não é. Está deteriorado e - de novo a aparência e a função estão em sintonia; prédio capenga para uma justiça ainda pior....

E a decepção só se intensificava. A Biblioteca Nacional e o Museu Nacional, vazios de expressão e de conteúdo.

Biblioteca Nacional vista do pé da rampa do Museu Nacional

Terminamos na Catedral.
Catedral Metropolitana 
Era o monumento que mais me interessava. Tinha sofrido uma intervenção da artista Marianne Peretti, que revestiu seu interior com vitrais em tons de azul e verde-ciano.

Vitrais de Marianne Peretti
Claro, um trabalho belíssimo, mas o conjunto estava deteriorado. Muitos ambulantes na entrada poluindo o caminho dos apóstolos evangelistas (4 belíssimas esculturas na entrada). No interior, uma grosseira escultura de São João Bosco concorria com a leveza de uma réplica da Pietá, de Michelangelo. Mais alguns posters com avisos religiosos, tapetinhos e vasos com flores secas do cerrado e o estrago estava feito.

Os profetas evangelistas na entrada do templo

São João, sozinho em uma das laterais


Deu fome.
Onde comer naquela imensidão de edifícios burocráticos?
Procurando aqui e ali, nos deparamos com um trailer no jardim à sombra de um dos ministérios. Vendia lanches, tapiocas e bebidas; sua clientela eram os trabalhadores daquele Ministério. O inusitado foi o pagamento. Havia uma caixa com notas de dinheiro e moedas, ao lado de fora do trailer, longe da vista do seu proprietário. O cliente pagava colocando o seu dinheiro naquela caixa e retirava seu troco sem a interferência ou vigilância do proprietário.
Confiança total!

Nem tudo estava perdido em Brasília,,,,,,

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

18.5 - Goiás - Comidas de Goiás

Goiás é um estado no centro do país, com grandes espaços vazios. Até pouco tempo atrás, estradas precárias e cidades isoladas. A história de Goiás vem primeiro dos bandeirantes que ignoraram o Tratado de Tordesilhas e seguiram rumo ao oeste, em busca de minas de ouro e esmeraldas.
Acharam alguma coisa?
Acharam ouro, mas era ouro de aluvião, de batear em rio. Acabou logo. Em 50 - 70 anos de mineração não havia mais nada. Como sua geografia é de cerrado, com Árvores baixas e montanhas suaves, a pecuária chegou. Chegou e nunca mais saiu.

Com tanto isolamento, surgiu uma gastronomia peculiar, baseada nos ingredientes locais; a maioria específicos do cerrado, raros ou inexistentes em outros locais.

PEQUI: O pequi é uma fruta (pequizeiro) de uma árvore típica do cerrado de altura média, folhas pequenas. Come-se a polpa que deve ser raspada e nunca mordida, pelos espinhos que saem do caroço. Polpa amarelada e um odor ácido e adocicado que é único. Os goianos amam o pequi e usam facilmente em sua culinária cotidiana.


pequi

GUARIROBA OU GUAROBA  É o palmito de uma palmeira - (Siagrus oleracea). Tem textura semelhante ao nosso palmito-jussara, mas o sabor é bem mais amargo. Pelo consumo intenso, a palmeira está classificada como vulnerável com a proibição da extração do palmito nativo. Pode-se fazer plantações domésticas da espécie, porém não vimos nenhuma plantação doméstica, nenhuma fazenda de guariroba. A extração nativa continua intensa. E um dia vai acabar.....


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BARU: 
baru

CAGAITA : fruta nativa do cerrado, casca amarelada e polpa branca, suculenta com sabor ácido. Também produzem óleos essenciais tanto em uso na medicina popular como, de valor comercial, usado na farmacologia e estética.





CAJÁ-MANGA


cajá-manga 1

CAJUZINHO DO CERRADO
O Cajuzinho do Cerrado é uma fruta nativa do Cerrado, encontrados em Goiás,Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Anacardium nanu ou Anacardium humile.O pseudofruto (pois a fruta é a castanha) é vermelho ou amarelo, suculento e de sabor ácido. O óleo da castanha contém cardol e ácido anacárdico, (de acordo com o site Cerratinga, voltado á agricultura familiar), utilizado para fins medicinais pois é antisséptico e cicatrizante.





MANGABA
mangaba

FUBÁ DE ARROZ
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MURICI
murici
PIMENTA DE CHEIRO
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TAMARINDO
tamarindo



De tudo isso sai a culinária regional:
ARROZ DE PEQUI
O arroz de pequi é o prato regional mais comum. Você coloca para fritar junto com óleo e cebola os frutos amarelos de pequi, com polpa de sabor singular.A seguir colocar o arroz e a água. Sal, quanto quiser. Ao arroz ficar no ponto, pode servir. Muito saboroso! Muito cuidado - todo mundo diz - ao comer a fruta de pequi, devido aos espinhos, você pode roer a polpa, mas nunca morder.
Eu gostei muito do prato, Ni fez ressalvas.

EMPADÃO GOIANO
Outro prato surpresa. É uma massa com pouca manteiga, parecida com massa de torta comum. O recheio é específico, de consistência mole, com um pouco de caldo. É assado em cumbucas e come-se com colher. A bordadura que sela o empadão é decorada como empanadas.
Para o recheio, usa-se peito de frango em cubos, linguiça, batatas e pimenta-de cheiro que dá a cor e o perfume característicos do prato. O palmito amargo - guariroba - é opcional.

BOLINHO DE ARROZ

Comemos no mercado, no café da manhã; é um bolinho doce, assado em formas pequenas (talvez de empadinhas). a farinha de arroz deve substituir a farinha de trigo, então fica uma massa fofa e lebe. Bom, deu vontade de comer enquanto escrevo.
Olha a receita, apresentada no site de Neide Rizzo.

BOLO DE ARROZ DE D. RITINHA DO BRÁULIO

20 unidades pequenas
½ quilo de fubá de arroz
3 copos (americano) de açúcar
3 copos (americano) de coalhada
3 copos (americano) de queijo ralado
½ copo (americano) de óleo
2 colheres (sopa) de fermento em pó
4 ovos
Erva doce a gosto

1 Em uma bacia, junte todos os ingredientes e bata bem. 
2 Deixe a massa descansar de um dia para o outro. 
3 Asse em forminhas untadas.
Receita cedida por seu neto Aloísio Godinho


SUCO E SORVETE DE CAJUZINHO do CERRADO
SUCO E SORVETE DE CAGAITA
SUCO E SORVETE DE CAJÁ MANGA
SUCO E SORVETE DE TAMARINDO
SUCO E SORVETE DE MANGABA


PAMONHAS SALGADAS DE LINGUIÇA E QUEIJO
A pamonha que aparece em diferentes formas em toda a América latina, a partir do México é amplamente difundida entre nós. No estado de São Paulo, em minha cultura familiar, a pamonha é consumida doce, apenas milho e açúcar. Aos poucos, nas casas especializadas, a pamonha começou a ser vendida com recheio, especialmente goiabada.
Em Goiás encontramos em todas as casas a pamonha salgada, muitas vezes recheada de queijo ou linguiça.

PANELINHAS DE DIVERSOS SABORES
Panelinha foi outra novidade para mim. O que é?
Imagine uma panela de alumínio bem grosso, com aparência áspera, comum em lojas populares. Tem um diâmetro de 10-12 cm, com cabo de madeira bilateral. è pequena, uma panelinha!
Alguns restaurantes de Goiás cozinham arroz com diversos produtos locais (pequi, linguiça, palmito, frango, carne de porco) nesse recipiente e o levam quentinho, tão logo saia do fogo para a mesa do cliente.

QUEIJO BRANCO TEMPERADO COM CHEIRO VERDE
Pois é, queijo de leite de vaca, branquinho e os goianos colocam cebolinha picada. o queijo fica com manchas verdes da cebolinha e discreta alteração no paladar. vendido nas feiras ao lado do queijo branco comum.

BISCOITOS DE POLVILHO E QUEIJO
Esse biscoito é muito difundido em todo o interior de Minas, São Paulo, Mato Grosso, Goiás. Todo mundo conhece, em seus mais diferentes formatos. Estou me lembrando agora duma viagem pelo interior de Minas junto com Bia, onde fomos conhecer uma cidade que havia se tornado indicador de preferencia - IP - por causa de seus biscoitos. São Tiago. Interessante é que a maioria das fábricas não usavam o rótulo, porque não conseguiam se submeter ás exigências de padrão. Foi uma festa! cada uma saiu da cidade com uma caixa bem grande de biscoitos; a maioria feita com polvilho, tal como em Goiás.

DOCES CRISTALIZADOS DE FIGO
DOCES CRISTALIZADOS DE MAMÃO COM ABACAXI
DOCES CRISTALIZADOS DE BANANA
DOCES CRISTALIZADOS DE MURICI
DOCES CRISTALIZADOS DE AMENDOIM - CAJUZINHO


domingo, 18 de novembro de 2018

18.4 - Goiás - Cora Coralina

Cora Coralina não era seu nome; era apenas o pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas. Foi uma mulher de vanguarda, fez coisas que poucas do seu tempo o fizeram. Nasceu e morreu no mesmo quarto, na mesma casa em Vila Boa de Goyás, hoje Cidade de Goiás.

Entrar nessa casa era o objetivo principal dessa viagem. E - para minha surpresa - é uma casa com duas histórias. Antes de ser a casa da família Guimarães Peixoto, era a Casa do Quinto, onde todo o ouro encontrado era lavado, separado da areia, registrado é taxado. Testemunha disso é a bica de água que desce de uma nascente da Serra Dourada até o quintal da Casa da Ponte.

Bica de água onde o ouro era coletado

A fonte de água ficava a centenas de metros
Cora Coralina pertencia a uma família tradicional, com Anhanguera como ancestral maior. Seu pai foi desembargador e comprou essa casa.

Depois que o pai morreu sua família passa por dificuldades financeiras e vai viver numa fazenda.
 xxxx

Cora volta para a Casa da Ponte e frequenta a escola da professora yyyy. Vai se iniciando na vida literária e jornalística da cidade que - à época - era a capital do estado.

Em 1911 se casa com Cantídio Tolentino Bretas e sai da cidade. Depois de um curto preambulo se instala em Jaboticabal - SP, onde cria seus 5 filhos: Guajajarina (adotiva), Paraguassu, Jacyntha, Cantídio e Vicência. Morava numa área espaçosa na cidade e começou a produzir e vender mudas de árvores e flores. Tinha também uma loja de retalhos, onde comprava retalhos em São Paulo e os revendia, a metro, na cidade.

Cora Coralina era uma cidadã, no sentido amplo da palavra. Todas as questões da cidade lhe diziam respeito e participava de reuniões, grupos de caridade e era uma cronista ativa do cotidiano da cidade, publicando suas opiniões nos jornais locais. Mandava também material para ser publicado em Goiás. Para ela. só tinha sentido escrever se pudesse ser lida pelo seu público.

Após o casamento dos filhos, passa a viver só. Nessa época estava em curso o desbravamento do oeste paulista, com novas cidades Sendo fundadas, estradas de ferro construídas e fazendas sendo desmembradas para se tornarem propriedades de agricultura familiar.

Cora se entusiasma com essa movimentação de pessoas e energia rumo ao desbravamento do desconhecido. Em xxxx compra um sitio em Andradina e muda-se para lá. Vive na cidade, onde mantém sua loja de retalhos, mas a maior parte de sua energia dedica ao sitio. Planta algodão, milho, feijão e café, Cria galinhas e porcos.

Dessa época é sua obra-prima: o POEMA DO MILHO  e a ORAÇÃO DO MILHO. Antes dessa viagem, desse post, nunca tinha dado devida atenção ao Poema do Milho. Reli agora. Céus! Que ritmo, que pulsação! Está tudo ali. O ritmo me lembrou a Ode Marítima de Fernando Pessoa. Todos os tempos do milho ali, contados, contadinhos. Longo poema. Lindo poema!!!! A Oração do Milho, mais curta, mas não menos potente e refinada, dá para colocar neste post, para admirarmos com carinho.

Oração do Milho

Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras pobres.
Meu grão, perdido por acaso, nasce e cresce na terra descuidada. Ponho folhas e haste e se me ajudares Senhor, mesmo planta de acaso, solitária, dou espigas e devolvo em muitos grãos, o grão perdido inicial, salvo por milagre, que a terra fecundou.
Sou a planta primária da lavoura.
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo. E de mim, não se faz o pão alvo, universal.
O Justo não me consagrou Pão da Vida, nem lugar me foi dado nos altares.
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre. Alimento de rústicos e animais do jugo.
Fui o angu pesado e constante do escravo na exaustão do eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante. Sou a farinha econômica do proletário.
Sou a polenta do imigrante e a miga dos que começam a vida em terra estranha.
Sou apenas a fartura generosa e despreocupada dos paióis.
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado
Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece.
Sou o carcarejo alegre das poedeiras à volta dos seus ninhos.
Sou a pobreza vegetal, agradecida a Vós, Senhor, que me fizeste necessária e humilde
Sou o milho.

Em xxxx, 45 anos depois volta a viver em Goiás, ouvindo "o chamado das pedras". Volta a viver na mesma Casa da Ponte onde nasceu.




18.3 - Goiás - Goiás Velho

Terra de Cora. Cora Coralina. Cidade histórica, ligada à extração do ouro no século 17, fundada por Anhanguera, o bandeirante em 1721.O ouro era de aluvião, superficial e esgotou-se em 70 anos.

Foi a primeira capital do estado, onde funcionou até 1933, quando esta foi transferida para Goiânia, apesar da resistência dos moradores local. Em 2001 foi admitida como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, por preservar seu casario e ruas em calçamento pé de moleque.No dia 25 de julho é o aniversário da cidade; além de feriado, a cidade - nesse dia - se torna a capital do estado. O governador se instala no Palácio dos Conde de Arcos e despacha dali, da mesma mesa que seus predecessores de 100 anos atrás.

Localizada entre no vale entre a Serra Dourada e o Rio Vermelho, exibe um casario bastante uniforme do período colonial, com calçamento pé-de-moleque. Apesar do calor do centro-oeste é muito agradável caminhar a esmo pelas ruas imemoriais da cidade, principalmente no fim de tarde, quando uma quietude baixa na alma dos moradores e eles colocam cadeiras na calçada ( aquelas feitas em ferro e espaguetes de plastico como revestimento) e se põem a prosear. Do que conversam? Das coisas simples da vida, dos perrengues do dia a dia, da saúde e da doença.

O rio Vermelho corta a cidade e é sua coluna espinhal. O centro histórico está em suas margens e a casa mais antiga da cidade - a CASA DA PONTE - fica do outro lado do rio, contínua à rua da Lapa.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

18.1 - Goiás - Que começo atribulado

Feriado de 5 dias, entre 15 a 20 de novembro. Ni, minha irmã (bem) mais nova me convida para uma viagem; roteiro aberto. Desejo de conhecer o canyon de Itambezinho, no Rio Grande do Sul. Opção descartada pela opção gaúcha nas últimas eleições.
- Não vou entregar meu dinheiro para a extrema direita, conjecturei.
E a escolha recaiu no cerrado, mais especificamente, Goiás.

sábado, 21 de julho de 2018

17.14 - Chile - Acabou

Depois de duas semanas perambulando pelo interior do país é hora de voltar para a casa e começar um novo ano. Antes de organizar o tempo futuro, há de se falar do que se passou. Andei pelo norte do país, primeiro numa região muito turística: o Deserto do Atacama e depois por lugares perdidos na Cordilheira: o Vale do Cogoti, um afluem do Limarí. Foram experiências muito diferentes, ou nem tanto, já que o ponto comum foi o contato com a natureza.
Perrengue no aeroporto: não havia comprado bagagem para a volta; a mala contendo minhas preciosas pedras foi despachada, pagando R$ 100,00 extras. A outra, cheia de vinho, vou ter de passar na alfândega

quinta-feira, 19 de julho de 2018

17.13 - Chile - A uva Carménère

Chile e Carménère se confundem.

17.12 - Chile - Viña Dalbosco

A Viña Dalbosco é uma das vinícolas do Valle do Limarí. É uma região pouco conhecida na produção de vinhos: poucas vinícolas e produção recente. A cidade central do Valle do Limarí é Ovalle. As mais conhecidas são a Tabali, a Tamaya, a Agua Tierra...., além da Dalbosco, é claro. Outras grandes vinícolas chilenas tem vinhedos espalhados por todo o território e o Vale do Limarí não é diferente.
As características dessa região que a faz importante para a implantação dos vinhedos são o solo argiloso-arenoso e o clima seco. Não chove há 7 anos! Devido a essas características climáticas, as parreiras são irrigadas por gotejamento, o que dá um melhor controle dos vinhedos. As uvas que melhor se expressam aqui são: Syrah, Carmenère e Viognier.

terça-feira, 17 de julho de 2018

17.11 - Arte Rupestre da Cultura Molle

Os Molles viveram ao norte do Chile entre 200 Ac a c DC e representaram uma cultura de transição entre os xxx e os Diaguitas, os povos que aqui viveram até 1537, data de chegada dos espanhóis.
A primeira coisa que percebo que o ódio dos latinos aos espanhóis é muito maior que o ódio dos brasileiros aos portugueses, apesar do estrago quanto à espoliação de ouro e prata, destruição da cultura pela Igreja e matança indígena ter sido a mesma. A explicação para tudo isso tem a ver, talvez, com o processo de independência, aqui muito mais sangrento que lá.
Nao sei se os Incas chegaram até aqui; no Atacama, com certeza. Os Incas também tiveram papel importante no enfraquecimento ou na destruição das culturas pré incaicas.

17.10 - Chile - Combarbalá

Combarbalá

domingo, 15 de julho de 2018

17.9 - Chile - Ai Wei Wei

Ai Weiwei é chinês e artista plástico provocador. Nasceu em 1957, em Beijing. Faz parte da contracultura chinesa e agora, internacional. Hoje mora entre Berlim e Beijing, mas as coisas nem sempre foram fáceis assim.

sábado, 14 de julho de 2018

17.7 - Chile - Atacama

O Atacama foi território boliviano e passou para o Chile numa das muitas guerras de fronteira que acontecem por aqui. As fronteiras entre Chile, Bolívia, Peru e Argentina nunca estão bem resolvidas. De quando em quando um país coloca seus exércitos de prontidão na fronteira. E vira notícia!
Mas, se a geografia é chilena, a alma é atacamenha. A face, os gestos, o modo de vestir, o artesanato tudo lembra um povo primitivo que enfrenta o desafio de sobreviver em território tão inóspito.
Usando água do mar para mineração

quinta-feira, 12 de julho de 2018

17.7 - Chile - Os Geysers e o Vulcão de Tatio

O Atacama como destino turístico começou ha uns 10 anos; antes só havia um pueblo dos povos atacamenhos, que tem sua origem na Bolívia. Me pergunto como tudo começou, quem foi o visionário que pensou e deu corpo a esse projeto: o de montar tours exóticos que atrai gente do mundo inteiro.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

17.6 - Chile - Lagunas Altiplanicas

Elas repousam lá no alto a 3.500 metros de altitude. São duas e não precisa mais nada: Laguna Monique’s, ao pé do vulcão do mesmo nome (4.970 metros de altitude) e Laguna Miscanti. Ambas são salgadas e apesar de se alimentarem do degelo dos vulcões e montanhas, a salinidade da terra conta mais.

17.5 - Chile - Valle de la Luna

A partir de ontem comecei a relaxar com o câmbio e aproveitar a viagem. No pueblo de San Pedro do Atacama as portas ímpares são de agências de turismo e as pares, com os restaurantes. Entramos em uma que nos ofereceu o tour do Valle de la Luna por 10 mil pesos , além dos 3 mil pesos da entrada do parque.

Saímos as 3 horas, sob um sol do deserto.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

17.4 - Chile - Uma história de amor entre vulcões

É uma lenda do Atacama!
Licancabur, o vulcão perfeito vivia ao lado de fora seu irmão gêmeo: Juriquez. No meio deles (e eu não sei como ela apareceu) vivia Kimal, uma montanha de contornos arredondados e suaves..

17.3 - Chile - Atacama. Pronto, cheguei!

Aeroporto de Santiago muito parecido com o de Lisboa, pequeno e cheio; filas intermináveis; correria para não perder o avião que por fim se atrasa. Viajamos pela SKY Airlines, a low cost do Chile, 60% mais barato que a LATAM. Uma hora e pouco de voo e pousamos em Calama. Já era deserto. Calama é uma cidade difícil de definir. Parece uma cidade recém fundada, com casas iguais em ruas iguais, de teto chato e todas novinhas em folha!
Pegamos um transfer para San Pedro de Atacama e mais uma hora de viagem em meio ao nada.

domingo, 8 de julho de 2018

17.2 - Chile - Santiago

Está frio e caro em Santiago, melhor, vivemos um momento econômico dramático no Brasil que faz as viagens internacionais subirem às alturas. Mas o Chile sempre foi caro para os brasileiros. É minha terceira viagem para cá e o cambio nunca foi uma situação confortável.
As taxas: 1 real = x dólares
               1 real = y pesos chilenos

Meu espanhol estava enferrujado. imaginei que iria - aos poucos - destravando a lingua básica. Qual o quê! A negociação com o taxista no aeroporto exigiu o espanhol básico de imediato. Consegui reduzir pela metade. Mesmo assim ficou caro: R$ 152,00 até o hotel, no Bairro Providencia. Hotel numa rua tranquila, (Calle Rancagua) ao lado da Plaza Baquedano. Decepção total! Hotel decadente, com o teto caindo, segundo andar interditado.Carpete marrom e sujo, desgastado..... queria sair correndo. Respirei fundo e falei:
- apenas por uma noite! Ainda bem que as tratativas para reservar uma segunda noite ( pelo cancelamento do passeio a SEWELL) não deram certo.

Era fim de tarde, num inverno ameno. Saímos rápido para a rua, explorar os arredores. Conhecia os arredores. Na rua paralela, na Vicuña Mackenna, hospedei-me com o Alexandre num hotel que tinha um bar no térreo, onde comíamos cachorro-quente com palta (abacate pequeno, de casca rugosa). Inesquecível!

Fomos andando em direção ao Bairro Belavista. A visão da Cordilheira no horizonte, com os picos nevados, a luz dourada do sol e a faixa de poluição dividindo-a em dois, tudo era novidade para as duas meninas deslumbradas. Numa farmácia (era noite de sábado), conseguimos comprar chip para internet, mas não houve jeito de nos conectarmos. É a tal de alfabetização em um país: descobrir como as coisas funcionam.

O Bairro Belavista tem um ar de Vila Madalena: ateliês de artistas, muito grafite nas ruas, bares, muitos bares, vida noturna estudantil. Andamos a esmo. Fome chegando, achamos um restaurante com calor aceso. Comida quente. Tudo que precisávamos. Na volta. entramos no shopping Belavista, com as mesmas lojinhas de artesanato onde a Claudia, numa viagem anterior tinha enlouquecido com as jóias em prata e comprado tudo.Ainda não sabíamos que há um lugar especial para comprar souvenires: a feira del Carmem, em frente ao Cerro Santa Lucia. Depois voltar para casa e dormir na quele hotel horrivel.

Outro dia é sempre outro dia, melhor ainda se tiver sol. No café, a TV ligada mostrava as notícias do resgate das crianças presas em uma caverna na Tailândia. Doce Tailândia das minhas memórias! Check-out realizado (que alívio deixar aquele hotel), malas guardadas na recepção, vamos aproveitar o dia. Subir as colinas do Bairro Belavista em direção ao Cerro Cristobal. No caminho, conhecer La Chascona, a mais bela das três casas de Pablo Neruda, onde ele viveu com sua segunda mulher: Matilde Urrutia. A casa foi completamente destruída após o golpe militar de 1973. Foi Matilde quem a reconstruiu, trazendo objetos da rica coleção de Neruda espalhadas nas suas duas outras casas: la Sebastiana, em Valparaíso e em Isla Negra, perto de Leyda e San Antonio.

sábado, 7 de julho de 2018

17.1 - Chile - Atraso no aeroporto

É inverno e sempre há neblina pela manhã. Isso provoca esperados atrasos nos voos e um certo tumulto no aeroporto. Como nosso voo para Santiago decola às 10:20, supus que - se a confirmação meteorológica fosse real, não teríamos problema, não haveria mais neblina nesse horário.
Nem tanto!
Acabaram de informar que nossa aeronave não conseguiu pousar e voltou para Uberlândia! Sem previsão de partida! O voo está cheio e há mais pessoas que cadeiras disponíveis... num aeroporto que acabou de ser reformado.
Viajo com Beatriz e Marina, minhas duas entusiasmadas sobrinhas. A ver como o trio funciona; é a primeira vez dessa parceria.

Aeroporto de Guarulhos


A companhia é a GOL e comprei pela Decolar, junto com 2 malas de 23 quilos. Bobagem! estou viajando com 10 quilos, mas o plano é voltar com uma mala extra contendo vinhos e pedras de combarbalita, pois está em nosso roteiro uma visita a uma mina da pedra em Combarbalá.

Tínhamos comprado um tour para SEWELL, uma cidade construída para abrigar os trabalhadores da mina de cobre EL TENIENTE, mas recebi um e-mail há dois dias cancelando o passeio devido a condições meteorológicas. Informavam também que iriam devolver o valor da reserva. A aguardar...

Digamos que gostei! É uma cidade sem ruas, construída no flanco de uma montanha, só com escadas. A condição atual dos meus joelhos não gostaria desse dia de escadarias. Ainda é muito nítido o estresse da subida e descida até a Universidade de Coimbra, menos de duas semanas atrás. Tá certo que entre os dois eventos houve um tratamento, uma aplicação de liquido sinovial sintético, que deve melhorar muito o atrito, mas testar em Sewell seria temeridade.


sexta-feira, 29 de junho de 2018

16.13 - Portugal. Aeroporto Portela, voltando.

Aeroporto pequeno para o boom de turismo que explodiu no país desde 4 anos. Demorou para encontrarmos o guichê da Azul. Fica num cantinho escondido do quarto piso. Cruzamos com uma fila de africanos , perdão, afro-portugueses voando para São Tomé. Falavam um dialeto rápido e incompreensível. O taxista a nos conduzir até aqui nos falou do projeto do novo e maior aeroporto. Tá na hora.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

16.13 - Portugal - Douro Vinhateiro

Ponto alto da viagem, razão de estar aqui: vir a Peso da Régua, o coração do Douro vinhateiro. 50 mil (!!!) rótulos são produzidos aqui.

16.12 - Portugal - Guimarães

Guimarães foi a primeira capital portuguesa 900 anos atrás, quando a nação foi fundada por Afonso Henrique, primeiro rei da Dinastia de Borgonha.

terça-feira, 26 de junho de 2018

16.11 - Portugal - Doçaria Conventual Portuguesa

Que Portugal seja um país muito religioso é consenso, afinal, tão perto do Vaticano e tão pobre, a fé se torna o alimento. Consequentemente, o número de igrejas e de ordens religiosas é expressivo e - no passado - muito mais.

Foi por essa religiosidade que nasceu a Doçaria Conventual Potuguesa.

16.10 - Portugal - O Vinho do Porto e sua antiga história

Uma história com quase 400 anos.

16.9 - Portugal - Se Lisboa é Portugal, Porto é Europa

A atmosfera de Porto é diferente, mais charmosa, cosmopolita e aberta. Está frio, mas é delicioso andar pelas ruas plenas de monumentos sem ser opressivo

domingo, 24 de junho de 2018

16.6 - Portugal - Coimbra e sua Universidade

Apesar de ser a Universidade mais antiga, a Universidade de Coimbra não é a melhor universidade de Portugal. Pelo Ranking de Xangai, que classifica 1000 universidades do mundo. A primeira é Liisboa (151-200), depois Porto, Aveiro e finalmente, Coimbra (401 a 500). Só para comparar USP (151-200), Federal do Rio de Janeiro, UNESP, Federal de Minas Gerais, Federal do Rio Grande do Sul e Unicamp.

sábado, 23 de junho de 2018

16.6 - Portugal - Évora

Ufa! Deixamos os turistas para trás! Cedinho saímos de Sintra, não sem antes comer o doce local “Travesseiro de Sintra “, massa folhada recheada com creme de ovos. Conexão em Lisboa na Estação 7 Rios, onde ficamos a esperar o trem para Évora numa atmosfera muito suave; Alexandre escrevia um novo projeto e eu lia o livro Estuário, comprado na Livraria Bertrand, de Lisboa, a mais antiga do mundo. A autora, x de x tem uma escrita fluida e interessante.lembrava um pouco a escrita de Orham Pamuk, no livro Istambul.

O trem atrasou cinco minutos e foi motivo de desculpas no alto-falante. Trem normal, com vagão mais para metrô que trem europeu. Aqui trem se chama COMBOIO. Viagem de uma hora e meia, correndo pelo Alentejo. Uma planície só aos poucos ocupada por pinheiros, sobreiros (árvore típica de Portugal, donde se extrai a cortiça) e marés de vinhedos, dispostos em disciplinadas carreiras. Em Évora, o taxista que nos levou ao hotel falou dum acordo comercial onde o Alentejo parou de plantar trigo para se dedicar às monoculturas do vinho e azeite. E haja vinho! Grandes casas como a Cartuxa, a Herdade do Esporão, a Ervideira tem seus vinhedos aqui.

Nosso hotel - Solar Monfalim- , situado na praça ao lado da catedral era lindo; um casarão restaurado em frente a uma praça com arvores de flores roxas. Aconchegante.
Chegamos em Évora num intenso dia de calor (o verão do Alentejo é sempre abrasador), em dia da Feira de São João, que acontece na cidade há 500 anos e faz parte do imaginário dos eborenses desde a infância.



No centro histórico se anda a pé, saboreando a luz que bate nas paredes das casas pintadas de branco.

Casario branco numa colina de Évora

Por indicação do motorista de táxi, logo encontramos a rua com os restaurantes de melhores produtos regionais. Almoçamos no Piparoza, um prato típico chamado "alhada".   Pão misturado com bastante alho e pedaços de bacon e enrolado em tripa, como se fosse uma linguiça de pão. A taça de vinho branco gelado foi providencial. Tomaria mais de uma.

No meio do centro histórico há um templo .


sexta-feira, 22 de junho de 2018

16.5 - Sintra

Deixamos Lisboa rumo à Sintra depois de três dias na cidade. Como fizemos nos dias anteriores, paramos na padaria A Portuguesa para o café da manhã ou pequeno almoço, como se diz aqui.

Pegamos o trem na Estação do Rossio, lotada de turistas. A cidade, a 23 km de Lisboa, é o mais popular day trip de Portugal  Nossa proposta era fugir desse roteiro e passar a noite em Sintra. A viagem durou uns 40 minutos porque o trem para em todas as estações, - é o meio de transporte escolhido pelos trabalhadores que vivem na periferia. Saindo da estação em Sintra, nós (e todos os turistas) nos deparamos com os ônibus que fazem o circuito histórico estacionados junto ao meio fio. Optamos por deixar as malas no hotel primeiro, para depois conhecermos as atrações. O hotel era perto, fomos à pé,ouvindo o barulho das rodinhas da mala pelas calçadas.

Sintra foi ocupada pelos Mouros que viveram 600 anos na Península Ibérica. De onde vieram esses Mouros, me pergunto agora? Há de se pesquisar. Mas foi do enfraquecimento do poder mouro que, Dom Afonso Henrique pode - no ano de 1143 - fundar o reino de Portugal e se tornar seu primeiro rei.

Pois bem, os mouros se estabeleceram no alto da colina de Sintra com uma fortaleza defensiva, quiçá uma cidade, pois escavações posteriores revelaram silos escavados nas rochas, com vestígios de alimentos, o que significa ocupação humana regular. Hoje, só está de pé a muralha, donde se pode caminhar pelo topo e avistar Sintra e, mais ao longe, o Tejo.

Circundando esse morro há uma agradável floresta para se caminhar. Tudo junto, foi reconhecido pela UNESCO, em 1985 como Paisagem Cultural da Humanidade.

Na mesma rota, morro acima, encravado num grande rochedo, se encontra o Palácio da Pena. Esse palácio tem uma história interessante para nós os brasileiros. Originalmente, era uma capela da Ordem dos Jerônimos, muito danificada pelo terremoto de Lisboa de 1755. Em 1838, o rei D. Fernando II, marido da rainha Dona Maria II (a nossa princesa Maria da Gloria, filha dos imperadores brasileiros D. Pedro I e Dona Leopoldina), compra o local com o objetivo de aí construir o palácio de verão da dinastia. A reconstrução foi uma mistura de estilos.... feio de dar dó.
A estética da corte portuguesa sempre foi tacanha. Dona Leopoldina, mãe de Dona Maria da Glória e futura rainha de Portugal, Dona Maria II - era oriunda da refinada dinastia de Habsburgo, uma das três mais ricas dinastias a sua época, padeceu agruras com as aias portuguesas aqui no Rio de Janeiro. Foi obrigada, pelas intrigas e oposição da corte portuguesa no Rio de Janeiro, a dispensar os serviços da inglesa Maria Graham, contratada para preceptora das princesas brasileiras.
Nesse cenário, a educação cultural e artística da rainha de Portugal foi pobre. Na adolescência morou na corte francesa, junto com os príncipes  da Casa de Orléans. Mais tarde, casou-se aos 17 anos com o irmão de sua madrasta (Augusto de Leuchtenberg).  Este morre dois meses depois e novo casamento político é acordado para a jovem rainha, agora com 19 anos. Fernando de Saxe Coburgo Gotha, sobrinho do rei da Bélgica e primo de Alberto de Saxe Coburgo Gotha que viria a se casar com a rainha Vitória , da Inglaterra.
Fernando, mais afeito às artes que à política, passa sua vida a restaurar castelos e mosteiros em Portugal, inclusive o Castelo de Pena.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

16.4 - Portugal - Oceanário

Comecei a fazer mergulhos profundos no ano passado, mas minha experiência de oceanos é ainda é muito pequena. Vi alguns tubarões de pequeno porte, tartarugas e alguns peixes como o sargento ou a xyria.
Estava muito frustrada por nunca ter visto arraias... Vim ao Oceanário de Lisboa para resolver estas questões. Este foi criado em 1998, na esteira da Expo-98, que reurbanizou um pedaço da periferia de Lisboa.

Uma obra de arte reluz no centro do novo bairro, uma torre da refinaria de petróleo repaginada em 1998 para a EXPO-98. Ela foi recuperada pelos arquitetos Manuel Graça Dias e Egas José Veiga, com o objetivo de conservar a memória do tempo em que o local era uma refinaria de petróleo.

Torre de Petróleo no Parque das Nações - Lisboa


Torre da Galp ou da Sacor
Torre da Galp ou da Sacor
Chegamos de carro, melhor, de Uber. Esse tipo de transporte nos permite viver minha mais rica experiência lisboeta:  conversar com os motoristas. Por eles temos uma ideia da realidade, dos valores e rotinas dos cidadãos desse país.

No Oceanário, numa exposição à parte, havia o trabalho do japonês Takashi Amano, especialista em jardins aquáticos. Ele montou um cenário com paus, areias, rochas, plantas aquáticas do mundo inteiro e ali colocou os peixes desses ambientes.

O efeito visual, artístico é das mais finas experiencias. Tem muita influencia da cultura oriental e isso nos permite viver um ambiente muito refinado. Ele sabe que a Natureza é bela e se permite criar esses ambientes num estágio intocado.

Num vídeo, foi documentado o trabalho da equipe em montar a exposição. Céus, ele moveu céus e terras, literalmente. Cada pedrinha, cada galho de árvore, cada muda de planta, veio de locais longínquos (Malásia, Amazonis, Colombia, Japão...) e envolveu logística competente. O resultado foi perfeito. Adorei a exposição.

No andar de cima, ficava o tanque de água marinha com os tubarões e a minha arraia. Fico no maior conflito quando vejo animais aprisionados, quer seja em zoológicos ou oceanários. Se por um lado podemos ter acesso a bichos de outros mundos, nós os condenamos a viver em ambientes confinados, em temperaturas inadequadas e com alimentação artificial. Lembro com tristeza do urso polar existente no zoológico de Sorocaba,  vivendo entre 30 a 35 graus de temperatura a maior parte do tempo, ou esse imenso tubarão condenado a nadar num aquário circular de não mais que uns 20 metros de raio.....Que sao 20 metros de oceano para um tubarão ou para uma arraia? São questões muito complexas da sociedade contemporânea. Pessoalmente, prefiro ver um vídeo de um tubarão em seu habitat natural que um tubarão de verdade, confinado num aquário.

O trabalho da curadoria em montar a exposição permanente do Oceanário foi muito cuidadoso. Foram criados artificialmente diversos ambientes marinhos e ali colocados espécies pertinentes . O peixinho do filme NEMO fazia o maior sucesso com as crianças. Só concorria com o tubarão.

Desviando de todas as crianças e seu alvoroço, chegamos à saída que nos conduzia diretamente à loja do Oceanário. Cadernos, camisetas, canecas....... tudo que girava em torno do tema tinha por lá. Compramos pro João uma camiseta de tubarão....

João - em Paraty, usando a camiseta de tubarão




quarta-feira, 20 de junho de 2018

16.3 - Portugal - Copa do Mundo - Portugal x Marrocos

Estamos num bar no Largo da Graça, parada convidativa depois da subida a partir do Convento São Vicente. Andamos por toda a manhã pelos arredores do centro de Lisboa. Estamos em tempo de Copa do Mundo e hoje a seleção de Portugal vai jogar...O plano inicial era ir até a Praça do Comércio, bem em frente ao Tejo - na parte baixa - e assistir o jogo no telão da praça junto com todo mundo; mas a perspectiva de ficar duas horas em pé, ao sol, não me atraía. Então paramos nesse bar de ambiente agradável, frequentado pelos lisboetas que trabalham nos arredores e fazem aqui o horário de seu almoço, com cadeiras na calçada, árvores na praça. Cerveja e uma maravilhosa salada de polvo. Nem estávamos gostando muito da Lisboa monumental, mas sua gastronomia é formidável.

O jogo começou e entramos no interior do salão para acesso à TV. Aí, Cristiano Ronaldo marca um gol rapidinho para a alegria e vibração de toda a audiência.Mas é muito diferente do clima no Brasil; os cidadãos continuaram comendo e conversando e - de quando em quando - se fixavam na TV.

Estou no lugar que queria estar.Vendo um jogo de Portugal na Copa do Mundo, em Portugal. Ver o comportamento das pessoas me interessa muito mais que o jogo em si. Mas Alexandre não pensa assim. E ao fim do primeiro tempo, saímos do bar em direção à Praça do Comércio. Nem tinha muita gente... será que chegavam a mil pessoas? A maioria era de jovens e migrantes. Fim de jogo, 1 x 0 para Portugal, todo mundo esvazia rapidamente a praça. Sensação de anti-climax!

Portugal consegue o principal objetivo que era vencer. Ainda assim, o jogo foi muito complicado para a seleção lusa. Um golo cedo e depois uma capacidade de luta e sofrimento da equipa de Fernando Santos. Alguns problemas em segurar os extremos de Marrocos, especialmente na primeira parte, mas depois contaram ainda com um grande Rui Patrício. Uma vitória justa e o apuramento fica agora mais perto.

Esse foi o comentário do site "zero a zero.PT". Muitas palavras diferentes no vocabulário deles.