sexta-feira, 22 de junho de 2018

16.5 - Sintra

Deixamos Lisboa rumo à Sintra depois de três dias na cidade. Como fizemos nos dias anteriores, paramos na padaria A Portuguesa para o café da manhã ou pequeno almoço, como se diz aqui.

Pegamos o trem na Estação do Rossio, lotada de turistas. A cidade, a 23 km de Lisboa, é o mais popular day trip de Portugal  Nossa proposta era fugir desse roteiro e passar a noite em Sintra. A viagem durou uns 40 minutos porque o trem para em todas as estações, - é o meio de transporte escolhido pelos trabalhadores que vivem na periferia. Saindo da estação em Sintra, nós (e todos os turistas) nos deparamos com os ônibus que fazem o circuito histórico estacionados junto ao meio fio. Optamos por deixar as malas no hotel primeiro, para depois conhecermos as atrações. O hotel era perto, fomos à pé,ouvindo o barulho das rodinhas da mala pelas calçadas.

Sintra foi ocupada pelos Mouros que viveram 600 anos na Península Ibérica. De onde vieram esses Mouros, me pergunto agora? Há de se pesquisar. Mas foi do enfraquecimento do poder mouro que, Dom Afonso Henrique pode - no ano de 1143 - fundar o reino de Portugal e se tornar seu primeiro rei.

Pois bem, os mouros se estabeleceram no alto da colina de Sintra com uma fortaleza defensiva, quiçá uma cidade, pois escavações posteriores revelaram silos escavados nas rochas, com vestígios de alimentos, o que significa ocupação humana regular. Hoje, só está de pé a muralha, donde se pode caminhar pelo topo e avistar Sintra e, mais ao longe, o Tejo.

Circundando esse morro há uma agradável floresta para se caminhar. Tudo junto, foi reconhecido pela UNESCO, em 1985 como Paisagem Cultural da Humanidade.

Na mesma rota, morro acima, encravado num grande rochedo, se encontra o Palácio da Pena. Esse palácio tem uma história interessante para nós os brasileiros. Originalmente, era uma capela da Ordem dos Jerônimos, muito danificada pelo terremoto de Lisboa de 1755. Em 1838, o rei D. Fernando II, marido da rainha Dona Maria II (a nossa princesa Maria da Gloria, filha dos imperadores brasileiros D. Pedro I e Dona Leopoldina), compra o local com o objetivo de aí construir o palácio de verão da dinastia. A reconstrução foi uma mistura de estilos.... feio de dar dó.
A estética da corte portuguesa sempre foi tacanha. Dona Leopoldina, mãe de Dona Maria da Glória e futura rainha de Portugal, Dona Maria II - era oriunda da refinada dinastia de Habsburgo, uma das três mais ricas dinastias a sua época, padeceu agruras com as aias portuguesas aqui no Rio de Janeiro. Foi obrigada, pelas intrigas e oposição da corte portuguesa no Rio de Janeiro, a dispensar os serviços da inglesa Maria Graham, contratada para preceptora das princesas brasileiras.
Nesse cenário, a educação cultural e artística da rainha de Portugal foi pobre. Na adolescência morou na corte francesa, junto com os príncipes  da Casa de Orléans. Mais tarde, casou-se aos 17 anos com o irmão de sua madrasta (Augusto de Leuchtenberg).  Este morre dois meses depois e novo casamento político é acordado para a jovem rainha, agora com 19 anos. Fernando de Saxe Coburgo Gotha, sobrinho do rei da Bélgica e primo de Alberto de Saxe Coburgo Gotha que viria a se casar com a rainha Vitória , da Inglaterra.
Fernando, mais afeito às artes que à política, passa sua vida a restaurar castelos e mosteiros em Portugal, inclusive o Castelo de Pena.

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