segunda-feira, 24 de abril de 2017

13.7 - Ásia - Birmânia ou Myanmar

Vim decidida a gostar da Birmânia ou pelo seu nome atual: Myanmar. É um país que pesquisei muito nos últimos anos. Num dos meus romances, coloquei alguns personagens aqui. Agora estou vivenciando o que foi uma experiência literária. 

Cheguei ontem à Rangum; uma cidade que ficou parada no tempo. Os ingleses partiram em 1948, depois de 130 anos duma colonização bruta. Deixaram uma cidade construída dentro de seus padrões arquitetônicos com edifícios em estilo colonial, avenidas arborizadas e belos parques. A Estação Ferroviária, o Correio e - claro - o Hotel Strand, de frente para o rio Yangon.

À independência, em 1948, seguiu-se um período de instabilidade política com o assassinato de Aung San, o estrategista da independência, culminando com um golpe militar em 1962. Foram 50 anos de uma ditadura feroz que deixou o país em terra arrasada.


A decadência do Centro Histórico de Yangon
 Myanmar tem o segundo pior IDH do planeta.

Ministério das Relações Exteriores. Um dos primeiros edificios a serem restaurados, pela sua importância histórica.
Foi nos jardins desse palácio que Aung San foi ferido por um tiro. Durante o Golpe Militar, o edifício ficou abandonado. Talvez o fantasma de Aung San estivesse por lá para assombrar os generais no poder.

Foi a filha dele - Suu Kyi - quem coordenou o processo de redemocratização que conduziu - em março de 2016 - ao primeiro presidente civil eleito no país Htin Kyaw. Suu Kyi foi Premio Nobel da Paz em 1991, mas jamais foi autorizada a deixar o país para receber o Prêmio. Seu  marido recebeu por ela. 

O processo de reconstrução do país está apenas começando, mas não há dinheiro para tanto. Diferente da União Europeia que colocou zilhões de euros na reconstrução da Europa do Leste, aqui não há ajuda nenhuma. É um país esquecido, sem nenhuma importância geopolítica.

Rio Yangon, uma das grandes artérias estratégicas de comércio na Ásia
Foi por esta história que vim para cá. Tenho um carinho especial pela busca da liberdade de maneira tão dramática, radical e coerente: a não violência. Isso é que governa (ou governava) os países budistas. Por isso é tão seguro andar por aqui.

Hoje foi um dia de conhecer a cidade. O Budismo é muito forte aqui, muitos templos e mosteiros.

Templo dourado em Yangon
É preciso tirar o sapato antes de entrar nos templos, mesmo na parte externa. Como o sol é intenso, o piso fica muito quente, quase insuportável de pisar.

A simetria e a amplidão dos templos cria uma estética peculiar.

Toda a arte religiosa budista Theravada é dourada, finas folhas de ouro, como pétalas de flor são usadas para revestir as estátuas. É um budismo exibido, com grandes templos, grandes imagens de Buda, muito dourado, os monges nas ruas (não sei como seus pés descalços suportam o calor das pedras do calçamento). Já a outra linha do budismo, a Mahayana, tudo é mais contido. 

Templo do Buda deitado em Yangon
O grande Buda deitado! Fiquei impressionada quão feminina é sua face. 

Sinais da sola do pé de Buda. Que significam?
E há a história dos sinais na sola do pé. Nasceu assim e isso seria um sinal preditivo do seu futuro.


O significado das marcas na sola do pé de Buda
Nesse primeiro dia em Yangon contratei um taxista para me mostrar a cidade. Foi caro, 50 dólares. Mas a cidade é espalhada, o calor externo insuportável e havia a questão da compra da bagagem na companhia aérea, a ser resolvida no aeroporto. Nesse bilhete estava um pacote de mais 5 voos, então a prioridade era resolver isso e o aeroporto era distante.

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