Bagan, no centro de Myanmar, às margens do rio Irrawaddy, cujas águas cortam o país de norte a sul, é um sítio arqueológico de 13 x 8 km e abriga mais de 2.500 monumentos budistas, dos séculos X a XIV.
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Vista aleatória da paisagem em Bagan |
Foi a primeira capital do Reino de Myanmar, quando o país foi unificado, por volta do ano 1.000. A população primitiva migrou do sul da China no século IX, através do curso do rio Irrawaddy. As populações primitivas praticavam o budismo em variadas formas e também o hinduísmo. A cultura do império de Bagan era baseada na religião. Em seu tempo de potencia econômica e religiosa construiu mais de 10 mil templos em seu árido e plano solo.
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Solo árido e plano na região central de Burma. Impróprio para agricultura |
A partir do século XI, o Budismo Theravada se tornou a religião oficial do reino. O que já consegui compreender é que o budismo, enquanto religião de estado, ajudava a formatar o poder nesses reinos tão jovens. Em vários reinos, um milênio atrás, sábios monges eram convidados a vir ensinar (e convencer) o rei e sua corte dos fundamentos da religião. Difundi-la era prioridade para dar unidade e hegemonia aos territórios conquistados. Para Burma foram convidados monges do Sri Lanka, os Ceilão daqueles tempos, e centenas de monges acompanhavam o Mestre nessa empreitada. Até hoje as escolas budistas de Myanmar são conhecidas e respeitadas como centros produtores de conhecimento.
Bagan chegou a ter de 50 mil a 200 mil habitantes. Em 1277 os Mongóis (de novo, eles!) invadiram o norte e provocou a destruição política do reino. Bagan perdeu importância, perdeu sua população e 20 anos depois (1297) perdeu o status de capital.
Durante os séculos seguintes se tornou um centro de peregrinação, principalmente nos templos próximos aos caminhos ou ao rio, os outros foram abandonados ao tempo e ruíram. Nos templos onde havia a presença de fiéis houve a conservação e durante os séculos, muitas mudanças arquitetônicas e decorativas foram introduzidas
Ainda hoje os templos são frequentados pela população que além de orar, usa as sombras internas para se proteger do sol inclemente da tarde, muitas vezes acima de 40 graus. Eram férias escolares os templos eram um bom lugar para se passear, brincar ou ganhar algum dinheiro vendendo quinquilharias para tristas... ou só para um cochilo no meio da tarde.
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Meu templo, minha casa! |
Bagan se assenta sobre uma zona de terremotos; de 1904 a 1975 cerca de 400 terremotos assolaram a região; o mais intenso deles foi em 1975 (8,8 graus!) destruindo ou danificando muitos templos, alguns irreparavelmente. Em 1990, visando o desenvolvimento turístico, a Junta Militar que governava o país iniciou a "recuperação" de muitos templos, porém sem o devido cuidado histórico. Isto impediu que o local fosse reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Histórico. Em 24 de agosto de 2016, um terremoto de 6,8 graus de magnitude atingiu novamente Bagan, danificando mais de 400 templos. Agora, eles estão sendo recuperados com o apoio dos especialistas da UNESCO.
Contratei um guia por meio período (10 dólares) para visitar os templos de carro, com ar condicionado. Também há opções de bicicletas e motos, mas isso vale para os jovens.
Visitamos os maiores templos, os mais significativos:
ANANDA: construído em 1131.
O mais conhecido dos templos de Bagan. É um grande templo retangular, com quatro entradas; em cada uma, um corredor conduz a uma grande estátua de Buda - em ouro - de 12 metros de altura.
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12 metros de altura em puro ouro. Uma estátua em cada uma das 4 faces do templo. |
Claro que impressiona! Atualmente um convenio Myanmar-Índia permitiu que este país fizesse a restauração do templo. Segundo as informações dispostas, o projeto é limpar, neutralizar as infiltrações e impermeabilizar com resina as paredes externas do templo.
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Lateral renovada do Templo Ananda |
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Andaimes em bambu, nas laterais da obra |
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Detalhes do relevo das janelas e beirais |
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Torre com estupa no alto, num dos ângulos do templo |
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Leão limpinho, guardando as laterias, |
É polêmica essa intervenção; enquanto todos os outros 2.000 templos mostram as marcas do tempo, Ananda está coruscante. Se foram empregados materiais originais no trabalho e mantido a estrutura fiel do edifício, nenhum reparo. As pessoas locais veem como muito positiva o trabalho da Índia nesse templo.
Até hoje, apesar de colocar dinheiro para a restauração/recuperação dos templos, a UNESCO não considera Bagan como Patrimônio da Humanidade por causa de alterações não fiéis feitas no passado, para a conservação dos Templos. Com o novo governo democrático instalado há uma ano, as coisas devem mudar.....
SHWE GU GYI. Construído em 1131.
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