sábado, 29 de abril de 2017

13.10 - Ásia. Bagan

Bagan, no centro de Myanmar, às margens do rio Irrawaddy, cujas águas cortam o país de norte a sul, é um sítio arqueológico de 13 x 8 km e abriga mais de 2.500 monumentos budistas, dos séculos X a XIV.


Vista aleatória da paisagem em Bagan
Foi a primeira capital do Reino de Myanmar, quando o país foi unificado, por volta do ano 1.000. A população primitiva migrou do sul da China no século IX, através do curso do rio Irrawaddy. As populações primitivas praticavam o budismo em variadas formas e também o hinduísmo. A cultura do império de Bagan era baseada na religião. Em seu tempo de potencia econômica e religiosa construiu mais de 10 mil templos em seu árido e plano solo.


Solo árido e plano na região central de Burma. Impróprio para agricultura
A partir do século XI, o Budismo Theravada se tornou a religião oficial do reino. O que já consegui compreender é que o budismo, enquanto religião de estado, ajudava a formatar o poder nesses reinos tão jovens. Em vários reinos, um milênio atrás, sábios monges eram convidados a vir ensinar (e convencer) o rei e sua corte dos fundamentos da religião. Difundi-la era prioridade para dar unidade e hegemonia aos territórios conquistados. Para Burma foram convidados monges do Sri Lanka, os Ceilão daqueles tempos, e centenas de monges acompanhavam o Mestre nessa empreitada. Até hoje as escolas budistas de Myanmar são conhecidas e respeitadas como centros produtores de conhecimento.

Bagan chegou a ter de 50 mil a 200 mil habitantes.  Em 1277 os Mongóis (de novo, eles!) invadiram o norte e provocou a destruição política do reino. Bagan perdeu importância, perdeu sua população e 20 anos depois (1297) perdeu o status de capital.

Durante os séculos seguintes se tornou um centro de peregrinação, principalmente nos templos próximos aos caminhos ou ao rio, os outros foram abandonados ao tempo e ruíram. Nos templos onde havia a presença de fiéis houve a conservação e durante os séculos, muitas mudanças arquitetônicas e decorativas foram introduzidas

Ainda hoje os templos são frequentados pela população que além de orar, usa as sombras internas para se proteger do sol inclemente da tarde, muitas vezes acima de 40 graus. Eram férias escolares os templos eram um bom lugar para se passear, brincar ou ganhar algum dinheiro vendendo quinquilharias para tristas... ou só para um cochilo no meio da tarde.

Meu templo, minha casa!
Bagan se assenta sobre uma zona de terremotos; de 1904 a 1975 cerca de 400 terremotos assolaram a região; o mais intenso deles foi em 1975 (8,8 graus!) destruindo ou danificando muitos templos, alguns irreparavelmente. Em 1990, visando o desenvolvimento turístico, a Junta Militar que governava o país iniciou a "recuperação" de muitos templos, porém sem o devido cuidado histórico. Isto impediu que o local fosse reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Histórico. Em 24 de agosto de 2016, um terremoto de 6,8 graus de magnitude atingiu novamente Bagan, danificando mais de 400 templos. Agora, eles estão sendo recuperados com o apoio dos especialistas da UNESCO. 

Contratei um guia por meio período (10 dólares) para visitar os templos de carro, com ar condicionado. Também há opções de bicicletas e motos, mas isso vale para os jovens.

Visitamos os maiores templos, os mais significativos:

ANANDA: construído em 1131.
O mais conhecido dos templos de Bagan. É um grande templo retangular, com quatro entradas; em cada uma, um corredor conduz a uma grande estátua de Buda - em ouro - de 12 metros de altura.


12 metros de altura em puro ouro. Uma estátua em cada uma das 4 faces do templo.
Claro que impressiona! Atualmente um convenio Myanmar-Índia permitiu que este país fizesse a restauração do templo. Segundo as informações dispostas, o projeto é limpar, neutralizar as infiltrações e impermeabilizar com resina as paredes externas do templo.

Lateral renovada do Templo Ananda

Andaimes em bambu, nas laterais da obra

Detalhes do relevo das janelas e beirais

Torre com estupa no alto, num dos ângulos do templo

Leão limpinho, guardando as laterias,
É polêmica essa intervenção; enquanto todos os outros 2.000 templos mostram as marcas do tempo, Ananda está coruscante. Se foram empregados materiais originais no trabalho e mantido a estrutura fiel do edifício, nenhum reparo. As pessoas locais veem como muito positiva o trabalho da Índia nesse templo.

Até hoje, apesar de colocar dinheiro para a restauração/recuperação dos templos, a UNESCO não considera Bagan como Patrimônio da Humanidade por causa de alterações não fiéis feitas no passado, para a conservação dos Templos. Com o novo governo democrático instalado há uma ano, as coisas devem mudar.....

SHWE GU GYI. Construído em 1131.
Já havia visto vários templos quando cheguei à Shwe Gu Gyi. Estava esfomeada, sedenta, cansada.... Numa das inúmeras barraquinhas ao redor do templo, comprei um pacote de feijões torrados e salgados... era algo confiável, em meio a um cardápio ainda desconhecido para mim.


Detalhes da decoração das portas

Decoração (parte que restou) no revestimento exterior

Decoração em coluna

Férias escolares. Muita criança nos templos.

Detalhes dos nichos no interior do templo
O Templo se assenta em larga e quadrada plataforma. 3 cantos tem terraços superiores onde se alojam estupas ricamente decoradas.



Estupa.

Thatbyinnyu - construído em 1144


Templo em reparos

Entrada Principal de  Thatbyinnyu

Eu e  Thatbyinnyu ao fundo...

Dhammayangyi - construído em 1165?


A Piramide de base quadrada de Dhammayangyi - o plástico azul nas torres laterais protege a restauração
Antes que Lívia e Diego me perguntem:
- Conseguiu andar de Balão, Edna?
- Não. Não consegui. É temporada de verão e os balões desaparecem por falta de vento. retornam em outubro e ficam  no céu até março. Cheguei no finalzinho de abril. Bagan tem os mais caros vôos de balão do mundo. 300 dólares! Em outros lugares que voei, sempre custou 100 dólares.

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