sábado, 29 de abril de 2017

13.11 - Ásia - Mandalay


Cheguei ontem a Mandalay. A cidade das 3 cores: vermelho, verde e branco. Vermelho do rubi, produzido nas minas de Mogok, verde do Jade de Hpa Kant e branco da heroína produzida a partir dos campos de papoula nos estados no norte, verdadeiros feudos independentes, governados pelos barões da droga.

Vim de Bagan num mini-ônibus com ar condicionado; numa viagem de 4,5 horas no sentido norte do país, margeando o rio Irrawaddy. Viajei por uma região muito, muito pobre. Muito pior que o sudoeste do Piauí, que conheço bem de antes e depois do bolsa-família e da Caritas. 

Tenho grande orgulho saber que tivemos competência para implementar um dos mais eficientes, se não o mais - programa de distribuição de renda do mundo!

Para arrepio dos amigos de Moro, Suu Kyi - a presidente velada e Premio Nobel da Paz - por sua resistência pacífica à ditadura e seus 18 anos de prisão domiciliar (uma história muito semelhante à Nelson Mandela), começa a adaptar nossa experiência em combate à pobreza aqui. Em dois estados do norte do país começa a distribuir 12 dólares ao mês - durante 2 anos - para cada gestante, visando combater a alta taxa de mortalidade infantil.

Primeira Página - programa de distribuição de renda para combater mortalidade infantil

Uma coisa legal da viagem foi que o ônibus me pegou num hotel e deixou na porta do outro.

Mandalay, mesmo com seus 1,2 milhões de pessoas é muito fácil de se orientar, todas as ruas são indicadas por número. Tá certo, não tem placa de indicação, mas as pessoas conseguem te informar. E tem o Google Maps e  a maravilhosa bolinha azul. 

Cheguei na noite de sábado com pouco dinheiro local, casas de câmbio fechadas, mesmo assim arrisquei jantar num restaurante perto do hotel, cheio de mesas no terraço (aqui só se come ao ar livre), cheio de pessoas locais tomando uísque com gelo..

Fui até o balcão e escolhi milho verde, quiabo, bolinho de peixe e uma posta de peixe enrolada em folha de bananeira. Tudo é braseado rapidamente e se come com arroz e um molho mais ácido que apimentado.

Jantar em restaurante em Mandalay

Ah, chopp geladinho também!

Planejei ficar 3 dias na cidade, escolhi um hotel central, perto do antigo palácio real. Mandalay foi a Capital de Myanmar até 1885, quando os ingleses chegaram e condenaram o rei Thibaw ao exílio no sul da Índia. Li há algum tempo o livro The Glass Palace, de um escritor indiano - Amitav Gosh. É a saga em 3 gerações dos indianos que viviam na Birmânia (o país só se chamaria Myanmar em 1989). Nele, é descrito com primor literário o séquito - em carros de boi - da família real deixando o palácio rumo a um navio inglês estacionado no Irrawaddy. Até tentei fazer esse mesmo caminho, mas o calor de 40 graus desestimulou a empreitada de 5 km.

Bem, o Palácio real foi transformado em forte militar - Fort Dufferin - durante a ocupação inglesa. Tinha a mesma lógica de tantos palácios ou cidades imperiais já visitados: um complexo de edifícios, construídos em madeira cumprindo as funções administrativas, militares e pessoais da Corte. Durante a segunda Guerra Mundial - e ela foi feroz na Ásia - os japoneses bombardearam e destruíram todas as instalações. Tudo se tornou fogo! Foi reconstruído em 1990 pela Junta Militar que - de novo - não teve o cuidado histórico de usar os mesmos materiais originais.

Visão geral do complexo de edifícios do Palácio Real - Mandalay

Visão do muro e fosso que escondem o Palácio Real
Preciso confessar: não fui visitar o Palácio. Tentei. Como o assédio dos taxistas e moto-taxistas é muito intenso, decidi caminhar os 4 km que se separavam o meu hotel da entrada para visitantes do Palácio. Eram duas da tarde e - talvez o dia mais quente da minha vida; acima dos 40 graus. A bilheteria fechava as 15 horas e - na metade do caminho - exausta, vi que não conseguiria chegar a tempo. Fiz meia volta e desisti... As fotos foram copiadas da internet.

Dia seguinte comprei um tour para visitar os arredores da cidade: valeu a pena. Um concentrado de atrações e um guia que adorava fotografar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário