terça-feira, 5 de abril de 2011

Chegando em casa

Para quem dirigiu até 800 km num único dia, os 450 km que separavam Capão de Pinda nos parecia moleza.E foi! No ritmo de dirigirmos duas horas cada um e com a Marginal Tietê livre, em 4 horas vimos a placa familiar.

22 dias para fazer a circunvolução terrestre pelo sul da América do Sul!!!
8400 km rodados por 5 países: Brasil, Paraguay, Argentina, Chile e Uruguay!!!
R$ 6.150,00 gastos entre transporte, alimentação e hospedagem perfazendo US$ 81,26 ou R$ 140,00 por pessoa ao dia. Esse custo me surpreendeu, ficou 30% abaixo de nossa previsão. E estivemos em bom hotéis e tivemos jantares memoráveis!
O que ficou dessa viagem, além de um monte de moedas desparelhadas e inúteis?

Ficou a convicção que um bom planejamento é fundamental para assegurar uma viagem sem problemas e crises...
Ficou o prazer da companhia em fulltime do Alexandre (desde sua adolescência  isso não acontecia)...
Ficou a convicção que o carro adequado nos deu a segurança necessária...
Ficou uma trilha sonora memorável...
Ficou nossos olhares deslumbrados com a magnificência da cordilheira, dos prados e dos rios...
Ficou um conhecimento mais concreto dos vinhos e seus vinhedos....
Ficou uma consciência geográfica e cultural da diversidade...
Ficaram sensações e emoções para o resto da vida....

Mico, havia de ter um!

Nosso penúltimo dia de viagem e o dia amanhece chovendo em Joinville. Teríamos uma longa jornada pela frente. Repetindo o ritual dos dias anteriores, consultamos o deus Google para saber a rota. Duas opções na rota do Paraná: seguir por Adrianópolis ou Ponta Grossa, 120 km a mais.
Claro que escolhemos a alternativa mais lógica: vamos pela estrada mais perto.
Decisão errada!!!!
Deveríamos ter desconfiado de algo quando não havia uma única placa indicando Colombo e Adrianópolis. Com a energia dos obssessivos, perseguimos tal caminho e o encontramos.... para nos depararmos com uma estrada de terra no meio do nada. Pergunta aqui, pergunta ali... o mapa conferia, toca seguir em frente porque voltar também era complicado.
Por fim, encontramos a BR 476, a estrada da Ribeira. Fomos descobrir (e só viajando você descobre essas coisas) que aquela região oscilava de terreno ondulado para fortemente ondulado a montanhoso (DER Paraná), o que significou 150 quilometros de curvas. De verdade: curvas, uma ao lado da outra, subindo e descendo as montanhas da Serra do Mar, a 70 km/hora.
Paisagem belíssima e deserta; nós, as montanhas e a floresta.Nossa paciência!
Lembro da minha infancia (década de 50) em Capão, quando o fluxo do trânsito entre Curitiba e São Paulo passava por lá e continuava nessa estrada.... Lembrei dos antigos caminhões FNM verdes.... imaginei-os em sua lentidão trafegando por aquelas curvas.... Eh, os motoristas de dantes tinham outro humor......
Atravessamos o Rio Ribeira de Iguape (que saiu do nada no meio da cidade) na fronteira entre os dois estados: as cidades de Adrianópolis de um lado e Ribeira de outro. Dois lugares perdidos no mundo e separadas por um rio majestoso.
Mais tres cidades: Ribeira, Apiaí e Guapiara... estávamos chegando a Capão Bonito.
pausa para ir dormir no sítio, o lugar mais lindo do mundo.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Saindo de Porto Alegre - um dia difícil

Leo nos deu a dica: fugir da BR 216 (que atravessa o país pelo interior) e vaijar pela BR 101, que estaria duplicada e cortaria a costa. Em território gaúcho foi uma maravilha: estrada dupla, pouco transito e - por pura opção, pegamos o Caminho do Mar, margeando as praias gaúchas. Praias planas, sem nenhuma baía, nenhuma enseada, nenhum coqueiro.
Após cruzarmos a fronteira com Santa Catarina, começou a chover; o trânsito (principalmente caminhões) aumentou muito e as estradas - ao contrário - pioraram. Muitos desvios, estradas provisórias e poucas pistas duplas. O litoral, se houvesse bom tempo seria belo, em alguns momentos chegava a lamber a estrada, mas estava tudo cinzento e nós - tensos pela estrada - nem prestávamos muita atenção à natureza.
Santa Catarina vale uma semana de exploração devagar e minuciosa.
Mas nem tudo era tragédia: encontramos um outlet de malhas; fizemos a festa: camisa hering básica custando R$ 13,00. Treze reais!!!!!
Conforme foi escurecendo a chuva foi apertando........ decidimos mudar os planos; pararmos em Joinville, 100 km antes de Curitiba, nosso objetivo quando pegamos a estrada pela manhã. Foi a melhor coisa: cidade encostada na BR, com bons hotéis a preços honestos, um monte de restaurantes.... Joinville cresceu de maneira parecida com Pinda, se industrializou e perdeu aquele ar de colonia alemã como conheci há 20anos atrás.

Arthur, o mais novo membro da familia Bugni, nasceu em Porto Alegre


No dia 28 de março, em Porto Alegre, nasceu Arthur Bugni Ribeiro, filho da Ana Cristina Bugni e Leonardo Ribeiro. Ana era uma garota de Sorocaba que veio para o sul para fazer hotelaria, quando ninguém ainda falava disso, numa das primeiras turmas no Brasil. Fez muitas andanças pelo país, montando hotéis; voltou há Porto Alegre há alguns anos e encontrou o Leo.

E agora tem o Arthur........

Pelotas - ah, tem um causo para contar

Pelotas é um município brasileiro da região sul do estado do Rio Grande do Sul. Considerado uma das capitais regionais do Brasil, juntamente com o município de Rio Grande, possui uma população de 327.778 habitantes e é a terceira cidade mais populosa do estado.
Está localizado às margens do Canal São Gonçalo que liga as Lagoas dos Patos e Mirim, as maiores do Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, no extremo sul do Brasil, ocupando uma área de 1.609 km² e com cerca de 92% da população total residindo na zona urbana do município. Pelotas está localizada a 250 quilômetros de Porto Alegre, a capital do estado.
Na história econômica do município destaca-se a produção do charque que era enviado para todo o Brasil, e fez a riqueza de Pelotas em tempos passados.
O município conta com cinco instituições de ensino superior, quatro grandes escolas técnicas, três teatros, uma biblioteca pública, vinte e três museus, dois jornais de circulação diária, três emissoras de televisão, um aeroporto e um porto flúvio-lacustre localizado às margens do Canal São Gonçalo.
Tanto a zona urbana quanto a rural de Pelotas conta com monumentos, paisagens e vistas belíssimas, que levaram a televisão brasileira a escolher o município já por duas vezes como cenário para suas produções: "Incidente em Antares", cuja locação foi feita na zona do porto; e "A Casa das Sete Mulheres", filmada numa charqueada na zona rural.
Em Pelotas é realizada todos os anos a tradicional Fenadoce - Feira Nacional do Doce -, festa de eventos ancorada pelos famosos doces de origem portuguesa e que fazem a fama de Pelotas.

terça-feira, 29 de março de 2011

Chuí - chegando ao Brasil


Hoje foi um dia pesado na estrada, saímos de Montevideo logo depois do almoço e rodamos 370 quilômetros até a fronteira em 4 horas de viagem. Foi uma viagem agradável com uma trilha sonora de cantoras brasileiras, estradas de pouco tráfego margeando o litoral e campos com luzes de outono.
Tínhamos uma expectativa de chegar ao Chuí, duas cidades separadas por uma avenida cujo canteiro central é a fronteira entre os dois países. Estava escurecendo e queríamos fazer o free-shop;  aqui parece um aeroporto pelo número e tamanho das lojas.
Não comprei meu óculos vermelho, só no meio do caminho constatei que queria, de verdade, aquele óculos.
Depois, no escuro, viajamos mais 350 km no meio do nada, nenhuma cidade, nenhum vilarejo, nenhum posto de gasolina.... só luzes esparsas de fazendas. Céu sem lua, com zilhões de estrelas naquela escuridão.
Dezenas de placas dizendo: "o Taim é lindo, conserve a natureza".
O que é o Taim?????

Punta del Diablo - o alternativo em meio do caminho

Punta del Diablo é a última praia ao norte do litoral uruguaio a quase 300 km de Montevideo. Era um aldeia perdida de pescadores até ser descoberta pelos alternativos. Daí, bombou! Tornou-se a praia mais interessante para aqueles que gostam de uma pitada de aventura.Caminhos de terra, casas ao leo, amontoadas num mosaico desorganizado. Casas de madeira com teto de material desconhecido para mim (semelhante ao eternit), lareiras e parillas (churrasqueiras) na frente.
Todos os alternativos estavam naquela tarde de terça-feira em Punta Del Diablo: os surfistas, as meninas do bodyboard, os dreads, os puxadores de fumo, os hippies (sim, eles ainda existem!), alguns cachorros perdidos, um e outro casal de aposentados e - nós!

Sol declinando, luz oblíqua, momento de se deitar na grama e absorver a atmosfera, a luz e o som do mar.Outro lugar para eu escrever um livro: litoral bruto, cheio de vento, água gelada, lareira acesa.....

Uruguay - um país colorido

Reservamos pouco tempo ao Uruguay: apenas dois dias; tínhamos em conta a proporção do seu território e a nossa agenda. A chegada ao país por Colônia do Sacramento surpreendeu e – ali – deu vontade de ficar. Charme nas ruelas de pedra e nos cafés se espreguiçando ao sol.
 Depois, andar por suas estradas bem cuidadas debaixo do céu azul foi muito, muito prazeroso. Vontade de conhecer mais sua geografia e sua história também.....
Montevideo foi paradoxal: amei e odiei.
 
Continuamos para leste, pelo litoral, um Atlântico diferente do que conhecemos: mais frio, mais azul, esparramado pelas colinas.... Era de campos verde o beira-mar; lembrava a estrada quando vou para Capão, para o sítio. Alexandre falou:
- O Uruguay parece Capão com praia!!!
 
Lembrávamos de amigos que tínhamos no país e que não conseguimos encontrar – ele e eu – e concluíamos que as relações entre as pessoas sempre teem a marca do destino.


Montevideo - duas impressões

Montevideo se apresentou a nós numa tarde luminosa de domingo. Apresentou-se pelo seu porto de águas azuis e nossa primeira pergunta se aquilo era rio ou era mar, vontade de provar a água para saber de sua salinidade.
Seguimos margeando o porto em direção ao centro, onde havíamos reservado o hotel (desde o início da viagem havíamos adotado como rotina antes de sair do hotel, reservar o da próxima noite)  - com wi-fi em todos os lugares e usando os sites www.booking.com e www.decolar.com.br, isso era muito fácil. Nosso guia (Lonely Planet) falava do centro histórico da cidade como a primeira visita turística.
Não foi legal!
O centro estava muito degradado e - nem mesmo os belos edificios do fim do século XIX e início do século XX nos entusiasmaram. O desejo era ir embora correndo....
Ficamos.
Dia seguinte, hora de buscar um shopping para comprar um presente para o nosso bebê de Porto Alegre.
Aí tudo mudou de figura, a cidade moderna, construída margendo o mar era agradável de se ver e passear.

Depois o almoço no Mercado do Porto.


Grelhas imensas em brasa assando todos os tipos de carne, um mercado inteiro havia se transformado em ponto turístico com restaurantes e lojinhas  de artesanato.
Nossa busca obssessiva pela melhor morcilla chegou ao fim; havíamos encontrado-la no Mercado do Porto!
E também o melhor cordeiro....

Odiei primeiro e depois amei Montevideo.

Colonia Del Sacramento - porta charmosa do Uruguay

Colonia Del Sacramento é a porta do Uruguay quando se chega da Argentina por balsa. É uma cidade pequena e turística; se fosse no Brasil seria Paraty, se fosse na França, seria uma das cidades da Costa Atlântica. Tem um centro histórico de casas de estilo espanhol do século XVIII, onde funcionam restaurantes (as mesas ficam no jardim, com vista para o rio da Prata), antiquários e lojinhas de souvenir.

Ruas calçadas com pedras, plátanos imensos, muita sombra e um pier onde se pode deitar nas tábuas de madeira e tomar sol, olhando os iates ancorados. Nada faz barulho, nada incomoda em Colonia.
Inventaram um carro para se andar pela cidade, parece muito um tuk-tuk asiático, motor de lambreta com 4 lugares e uma capota de lona. Colonia é um lugar para se ficar, para se conhecer devagar; ficaria 3 meses em Colonia e escreveria um livro ali, poderia falar de amor, dos espanhóis que chegaram ou dos indios que desapareceram..... ou do rio que ali é imenso, quase mar.

domingo, 27 de março de 2011

Buquebus - o caminho do Uruguay


Manhã de domingo!

Céu azul e água por todo o lado. Não vemos margem alguma nessa travessia do Rio da Prata rumo a Colônia del Sacramento, no Uruguay. Colônia del Sacramento é uma pequena relíquia espanhola do século XVIII, de menos de 20 mil habitantes, tombada pela UNESCO como patrimônio cultural da humanidade.
Águas imensas e escuras; desde o Rio Iguaçu, no Brasil, não víamos tanta água. A experiência mais próxima a essa foi quando fiz a travessia da Baía do Guajará, em direção à Ilha do Marajó. E precisamos, Alexandre e eu, fazermos uma recordação rápida das bacias hidrográficas brasileiras para entendermos tanta água. Por isso o Rio da Prata se parece – aqui – com o Rio Amazonas: ambos drenam e absorvem todos os rios de metade do Brasil; os rios do norte, ao Amazonas e os do Sul, para cá. Exceção do nosso Paraíba e do Rio São Francisco.

Buquebus é o nome da empresa que faz essa travessia; 3 horas nessa balsa gigantesca e luxuosa e uma hora e meia, numa balsa menor, pelo dobro do preço. Ficamos espantados com o intenso intercâmbio entre Montevidéu e Buenos Aires. Deve haver umas 10 balsas por dia. Na mesa ao lado, duas senhoras, com aspecto de freiras, conversam sem parar numa língua desconhecida, Alexandre chutou: russo, polonês, búlgaro, coisa assim.... Nem discuti, pois no hotel de Foz do Iguaçu havia uma mesa cheia de pessoas que faziam brindes, bebiam e cantavam, com espírito de quem viajou para se divertir de verdade e Alexandre foi preciso: são russos. E eram!!!!!

sábado, 26 de março de 2011

A Hora do Planeta

Hoje, entre as 20:30 hs e 21:30hs acontece um movimento mundial de apagar as luzes chamado A Hora do Planeta, onde se procura estimular uma reflexão (de luzes apagadas) sobre o consumo de energia e o aquecimento global.
Buenos Aires celebrou a data com um evento chamado "Noche a Vela" - onde cem eventos culturais gratuitos acontecem pela cidade durante toda a noite. Nós ficamos com os eventos ao redor do Obelisco, pertinho do nosso hotel. Há um grande palco montado na maior avenida da cidade - Nove de Julho - desde o show de Placido Domingo há 2 dias atrás e hoje pudemos assistir (e se emocionar) os tambores japoneses do Kairô, um show de malabaristas com fogo (e luzes apagadas!) e um concerto com a Orquestra Sinfônica de Moscou. Todos sentados ao ar livre a ouvir o concerto de música clássica e (pasmem vocês!) a platéia era de jovens!!!!
Em momentos assim tenho saudades de uma vida mais cosmopolita que a que tenho em Pinda.

Um Gosto de Sol - a música da viagem

Um Gosto de Sol

 

Composição : Milton Nascimento/Ronaldo Bastos
 

Alguém que vi de passagem
Numa cidade estrangeira
Lembrou os sonhos que eu tinha
E esqueci sobre a mesa
Como uma pêra se esquece
Dormindo numa fruteira
Como adormece o rio
Sonhando na carne da pêra
O sol na sombra se esquece
Dormindo numa cadeira

Alguém sorriu de passagem
Numa cidade estrangeira
Lembrou o riso que eu tinha
E esqueci entre os dentes
Como uma pêra se esquece
Sonhando numa fruteira

Fomos ao cinema em Buenos Aires

Era feriado em Buenos Aires; descobrimos isso ainda na viagem de tráfego carregado. Com a lojas fechadas, fomos ao shopping (nós e a metade da cidade que não viajou), pegar um cinema: El discurso del Rey. Belíssimo!!!! Filme legendado com o som original. Ao final, todos bateram palmas.....
Depois fomos a Recoleta jantar. Alexandre queria um assado criolo de cordero (ele tinha uma fantasia que em qualquer lugar da Argentina comeria esse tipo de churrasco - onde a carne é colocada na vertical e bem longe do fogo central e fica horas assando - mas só o encontramos na Recoleta; nos outros é somente uma grelha alimentada por lenha, não carvão, com aquela carne maravilhosa.
O vinho? Moleza, depois do treino em Mendoza e Casablanca: Los Alamos, Cabernet Sauvignon, 2008.

24 de março - Dia Nacional da Memória

Os argentinos celebram o 24 de março, lembrando o dia do golpe militar em que Isabella Perón foi deposta e assumiu o poder uma Junta Militar com 3 generais. Foi em 1975, treze anos depois do nosso golpe e - como no Brasil (e Chile também!) foi muito duro, com assassinatos, torturas e desaparecidos. É desses desaparecidos que eles não querem se esquecer e - todas as sextas - Las Madres de La Plaza del Mayo os relembram.
A celebração deste ano aconteceu no Obelisco, onde Placído Domingo fez um concerto para 110 mil pessoas das quais 33 mil estavam sentadas.
Fica nítida a diferença cultural entre nosso país e aqui: jamais teríamos celebrado uma data nacional com um concerto de Ópera!. Não teríamos público.

quinta-feira, 24 de março de 2011

1.19 - Ode a Mendoza

Mendoza é linda!
Acolhedora e charmosa!!
É uma grande cidade mas parece pequena, familiar, fácil de andar. Toda a cidade tem traçado geométrico, com quarteirões de 100 metros em cada lado, perfeitamente paralelos. De quando em quando – ou de sempre em sempre – praças verdes, com fontes funcionando, bancos e gramados.


Não há muitas flores em Mendoza, apenas jardins verdes e bem cuidados.

Todas as ruas têm árvores da altura de um prédio de 5 andares, plantadas a uma distância de menos de 2 metros, uma da outra, formando um imenso túnel verde por toda a cidade, abrandando o clima de deserto. Entre as árvores e a calçada, um canal de 1 metro de profundidade, onde – 1 x por semana - corre água para irrigar as árvores. É assim em cada rua, em cada vinhedo, tudo irrigado, tudo dentro de um esquema planejado de irrigação.

Mendoza tem calçadas largas e – na frente dos bares e restaurantes - há uma segunda sala na calçada, ao ar livre. São salas fixas, algumas até com sofá; como chove pouquíssimo, ninguém desmonta nada.


Mendoza tem vinhedos, uvas Malbec e vinhos, os melhores. Tem vinícolas que nos ensinaram muito.


Ah, e Mendoza tem um céu cheio de estrelas, pois o céu sempre é muito limpo.

E Mendoza tem o Arturito.....

Arturito é um pequeno restaurante, longe do circuito turistico que se apresentou a nós em nossa primeira noite. Uma grande parrilla com os carvões e lenhas brilhando rubros, um extenso bife de chorizo, macio como os bons argentinos devem ser e generosas porções de batata frita. Quer mais? Claro, um bom vinho tinto, mesas na calcada e conversa para jogar fora até não querer mais.

Con dolor en el corazón, cambiamos nuestros planos

Estamos mudando de planos!
Precisamos cancelar o terço final da nossa viagem e não iremos mais para a região dos Lagos Chilenos. Não há tempo. Precisaríamos de pelo menos, 3 semanas e temos apenas mais 10 dias de viagem.
Amanhã atravessaremos de volta a Cordilheira pelo Paço de Los Libertadores e retornaremos a Mendoza. De lá, a Buenos Aires; cruzaremos o Rio da Prata até o Uruguay e depois, entraremos de volta ao Brasil pelo Chuí.
E viva o free shop de lá!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Vale de Casablanca: a terra dos vinhos brancos!


Entre Santiago e a costa do Pacífico há um vale entre a Cordilheira dos Andes e a Cordilheira Costal, conhecido como o Vale de Casablanca, já que a cidade dominante é Casablanca (nada ver com a Casablanca, de Marrocos, imortalizada no filme de Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, nos anos 50!). É um vale pequeno: muito menor que o nosso Vale do Paraíba. Pois bem, aqui se concentram as terras mais férteis do Chile, com hectares e hectares de vinhedos e frutas (pêssegos e ameixas).
São vinhedos de chardonnay, sauvignon blanc e pinot noir, as varietais que melhor se adaptaram aqui, devido ao clima mais fresco, provocado pelos ventos do Pacífico. São vinhedos de alta tecnologia, com irrigação controlada por gotejamento, ausência de inseticidas e (muito) capital estrangeiro associado aos produtores chilenos. Há algumas viñas belíssimas à beira da estrada e facílimas de se visitar: basta parar o carro e entrar.
Aprendemos uma coisa: toda viña, e isso vale para a Argentina e Brasil tem 3 tipos de vinhos: o básico, o intermediário (premium) e o top de linha, mais complexos, produzidos com uvas de maior qualidade e em quantidades muito menores. Aqui, dentro do vinhedo, consegue-se compreender a diferença de preços entre diferentes vinhos. O Chile só exporta vinhos básicos, onde ele é competitivo no binomio qualidade-preço. Então, os grandes vinhos chilenos são de consumo interno, não os tomaremos jamais, a não ser que venhamos aqui e paguemos por eles.
Adotamos a seguinte regra para nossas degustações: fazemo-la dos vinhos premiuns, já que os top nunca estão disponíveis para isso e - se o preço for factível, compramos o vinho top. Então, estamos levando para casa uma pequena de selecão de vinhos "para as grandes ocasiões".
Do Vale de Casablanca, visitamos as vinícolas Casas del Bosque, Indomita, Morandé e Veromonte. A Morandé é belíssima: tem um restaurante anexo, com um grande terraço entre gramados e vinhedos e sua degustação foi a melhor de todas. O desejo era passar a tarde toda ali, naquela paisagem diluída no intenso azul do céu e a brisa do Pacífico.

Empapuçados de tanto vinho, chegamos a Vinã del Mar, a cuidad jardin, para almoçarmos num terraço defronte ao Pacífico, embaixo das gaivotas e pelicanos.

Atravessamos o continente inteiro, do Atlântico ao Pacífico; 4225 km!!!!!

Cachorro quente com abacate

Em Santiago as calçadas são muito largas e é comum os bares e restaurantes colocarem mesas nelas. Criam um ambiente decorado com mesas, plantas e guarda-sóis, deixando tudo muito agradável.
Colado ao nosso hotel, na Avenida Vicuña Mackena, há um bar desses: La Terraza. É mais decorado ainda pois tem uma cerca-verde que esconde a rua e tapete verde no chão. Um primor de jardim!
Descobrimos aqui uma iguaria: cachorro-quente com abacate; olha receita:
- pão de cachorro-quente
- salsicha
- tomate fresco picadinho até cobrir todo o pão.
- abacate amassado por cima até esconder o pão.
- molho de maionese.
Tomado com chopp da Brahma (que invadiu o Chile e a Argentina também - a AMBEV comprou a Quilmes, a grande cervejaria argentina), fica de lamber os beiços!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Ainda a Cordilheira

Estamos no outono, então só há neve nos picos mais elevados; as montanhas se exibem nuas, com suas fendas, seus picos, suas pedras e suas cores. Pouca vegetação no lado argentino, arbustos baixos e mato rasteiro; do lado chileno nada: apenas a pedra nua. Há todas as cores nas montanhas: do amarelo ao laranja, do ocre ao marrom, todos os tons de verde: do musgo, bem escuro até um verde pálido. Há também os vermelhos, de rosa ao vinho. Só não há azul na Cordilheira porque isto é uma exclusividade do céu. Nenhuma foto registra o que o olho capturou, mas tento. Há 3 cores nesta foto: bege, rosa e marrom. E esses contrastes mudavam a todo o momento, a cada curva.
Era uma manhã de domingo, então havia pouco trânsito de caminhões, apenas algumas dezenas de Harley-Davidson (é assim que se escreve?) dos chilenos que voltavam para casa.
Então, súbito, após uma curva, pudemos ver, a nossa direita, o Monte Aconcágua, o mais alto da Cordilheira. Amplo, majestoso, se sobressaia e nos encantava. Uma pequena estrada em terra e uma construção modesta nos indicava que era dali que os andinistas começavam suas escaladas. Ah, a estrada nos fez cócegas.....


5 dólares! Quem diria.....

Ainda em Pinda, quando fui pegar meu passaporte, achei cinco notas de UM DÓLAR. Alexandre desdenhou:
- Para que levar? Você não vai fazer nada com essas notas.....

 Nem liguei, coloquei as cinco notas dentro da pasta azul junto com todos os documentos que precisaríamos na viagem e cada vez que eu abria a pasta, as notas pareciam saltar na frente de qualquer papel, aumentando a confusão de folhas.
Em silencio, concluía que o Alexandre tinha razão; não devia ter trazido as tais notas pensava,  até que chegamos ao primeiro pedágio do Chile. Tínhamos saído da travessia da Cordilheira cansados e pulamos de 13 graus no topo para 31graus no vale chileno. Estávamos exaustos, era estrada inóspita, sem lugar para parar e muito menos onde trocar dinheiro. Diante do pedágio de 3.600 pesos chilenos que fazer?
Desci do carro e fui negociar; eles não aceitavam cartão de crédito.....xiiiii ..... mas aceitavam dólares.
CINCO DÓLARES!!!!! era o preço da tarifa.

1.13 - Atravessando a Cordilheira

E lá vamos nós...

A idéia que originou a viagem: atravessar a Cordilheira dos Andes de carro.

De Mendoza já víamos de longe o tamanho do desafio; em meio a um calor de quase 30 graus avistávamos picos cobertos de neve e imaginávamos a altura das montanhas que atravessaríamos.

Entramos na estrada em direção ao Chile e ela se mostrou poderosa.


Viajamos no outono. De Mendoza, a estrada ia por um aclive leve (ou era impressão minha) coalhada de caminhões brasileiros com cargas com destino ao Chile. Estrada tranquila, bem sinalizada num dia de céu azul. 

Não há neve na parte baixa da Cordilheira nessa época do ano, então ela se expunha a nós por suas entranhas. E quão complexa é a geologia de uma cordilheira! Camadas distintas de sedimentos e cores. Muitas cores na cordilheira: todos os tons de verde, um azul aqui e ali, agora tons amarelos e depois o ocre, o terracota, o marrom....




Bem no alto, o Paso de Los Libertadores marca a fronteira entre os dois países. Toda cadeia de montanhas tem um lugar exato para ser transposta - os passos - e, são poucos. Dois ou tres nos Alpes, uns quatro entre Chile e Argentina, uns dois nos Cárpatos e dos Balcãs, nao sei dizer nada. Nunca fui. Ainda!

Chilenos e argentinos se estranham a toda hora, há uma hostilidade velada entre eles. Na alfandega trabalham em cadeiras contíguas, um de costas ao outro. Há uma burocracia razoãvel: nossos documentos pessoais e os do carro na fila argentina com carimbos multiplos; depois o ritual se repete na fronteira chilena. Mesmo sendo uma manhã de meio de semana, gastamos mais de uma hora. A altitude 

1.12 - Nós e Obama viemos para Santiago

Chegamos primeiro, mas o presidente chega já, já. Os jornalistas e todas as TV estão em frisson; veremos como vai estar o centro da cidade daqui a pouco.....
Estamos saindo para o meio da confusão.

Os grandes edifícios da nação chilena: Parlamento, Palácio Presidencial, Tribunal de Justiça ficam no centro da cidade. Cidade velha, de ruas estreitas, ficou uma muvuca com ruas fechadas,  grades de segurança em todo o trajeto, seguranças, militares e ...... gente andando.

Obama ainda não tinha chegado e todo o centro estava parado. Nenhum clima para conhecer este pedaço da cidade. Mudamos o rumo.

sábado, 19 de março de 2011

1.11 - Vrrrrrrrrrrruummm

Coincidências.....

No mesmo final de semana que escolhemos aleatoriamente para estar em Mendoza, foi o final de semana escolhido por todos os donos de Harley Davidson do Brasil, Argentina e Chile para se encontrar na cidade. Deve haver mais de 300 motos espalhadas por todos os lados.

Por mais belas que as motocicletas sejam, Ôhhhhhhhhhhh barulho inconveniente que elas fazem!Sabe aquela Brasilia velha, ano 1976... pois é... os caras pagam 70 mil ou mais numa moto que faz o mesmo barulho que uma Brasilia!!!... até ai tudo bem.... cada um tem suas paixões; o problema é  eles ficarem acelerando essas Brasílias de duas rodas embaixo da janela do nosso quarto... às 5h da manhã....

Olha... tomara que esses motoqueiros sejam muto felizes....

1.10 - Irrigação - O pulo do gato!

Mendoza é um deserto, chove 200 mm por ano. Todavia, tem exuberância em verde, talvez seja a cidade com maior número de árvores por metro quadrado. Isto se conseguiu graças a um sistema delicado e meticuloso de canais: toda rua ou caminho tem um canal duns 80 cm de profundidade por toda a sua extensão.

Árvores foram plantadas a cada metro desses canais e, agora, fim de verão, parece um túnel verde.

Á agua desses canais vem do degelo da montanha na primavera. É armazenada em diques (?) e 1 x /semana é liberada por algumas horas.

Para a agricultura vale a mesma lógica, cada propriedade (dependendo do número de hectares plantados) tem uma cota de x horas de água por semana. Cada vinhedo tem um número de horas irrigadas por semana (fiquei imaginando nas propinas para se ter um pouco mais de água!); o órgão controlador dessa política é estatal e se chama IRRIGACIÓN.

Fico me perguntando quando tudo começou, quem teve a primeira ideia e como isso se transformou numa política pública.

sexta-feira, 18 de março de 2011

1.9 -Maipu - uma das três regiões DOC de Mendoza.

Passamos a tarde em Maipu, uma das 3 regiões de vinhedos DOC de Mendoza; as outras são Lujan de Cuyo e San Rafael. É um pequeno distrito a leste de Mendoza, com muitos vinhedos, alguns olivais e casas de gente comum, nada sofisticadas.
Estrada no distrito de Maipu com canais de irrigação margeados por altas árvores.



Visitamos 03 bodegas: a Ruttini, com os vinhos premiados Felipe Ruttini e Antologia, a Trapiche ( num lindo prédio do começo do século passado e recém-restaurado) e a Carinae, uma bodega artesanal de franceses de Toulouse: Felippe e Brigitte.

Edna, Alexandre e Brigitte, na bodega Carinae

A Ruttini é uma bodega grande, bem estruturada e antiga. Compartilha o "Museu do Vinho" de Mendoza. Um objeto me interessou: um couro de boi esticado sobre 2 sarrafos, com a forma de uma banheira de couro. Ali as uvas eram colocadas para fermentar junto com a casca e as sementes. Depois era coada e ia para os barris de madeira.
Museu do Vinho


A Bodega Trapiche, bem conhecida no Brasil produz três linhas básicas de vinho: o Trapiche, Don Nicanor e o top de linha xxxxx. A sommelière era uma garota competente e aprendemos um monte de coisas. A degustação foi muito agradável, no velho e elegante galpão reformado.
Prédio restaurado na Bodega Trapiche

Parte lateral do edificio Trapiche


Carinae é uma constelação que fica sobre o céu de Mendoza no outono e primavera.  A bodega tem esse nome porque Felippe ama astrologia e vinhedos. Esse projeto me encantou: compraram a Finca (traduza-se por sítio) no inicio da década de 90, quando a ruína da economia deixou o preço da terras lá embaixo e reformaram os vinhedos (malbec) e as construções. Hoje produzem (com excelente humor) 80 mil garrafas ano.

Fazer vinhos, me parece, algo sem fim; sempre é possvel criar algo novo, reinventar em cima do velho. Fizemos degustações incríveis (claro que os preços subiram para cerca de R$70 a R$100,00 a garrafa).

Alexandre me disse:
- Vinho barato a gente toma no Brasil, aqui temos a chance de experimentar os tops de cada bodega por preços acessíveis. É nossa melhor oportunidade de conhecer os grandes vinhos de Mendoza.

Degustação na Trapiche

1.8 - Fuuuueelga!!!!!!!!

Senhoras e Senhores....
Depois de viajar mais de 3500km, do humilde da Serrinha da Mantiqueira ao Imponente da Cordilheira dos Andes passsar de 8 a 10h dentro do carro durante a maioria dos dias de viajem... Finalmente nos demos uma folga....
Podemos:
- Lavar a roupa.
- Fazer a contabilidade
- Planejar os passeios de amanhã
- Fazer uma revisão básica no carro
- Comprar presentes...

Mas como o dia é de folga, vou tirar uma sonequinha e depois vejo o que fazer....

quinta-feira, 17 de março de 2011

1.7 - Até Cordoba, até Mendoza.

Saímos de Federal lá pelas nove, dez da manhã.
O café da manhã naquela espelunca era de chorar: 1 envelope com leite em pó, outro com café solúvel e duas bolachas. Abastecemos o carro, trocamos dinheiro no caixa eletrônico, melhor, fizemos saque com cartão de crédito e rumamos para frente.

Nossa próxima cidade: Santa Fé, que alcançamos por volta do meio-dia. Valia uma parada, ah, se valia, mas não paramos. Cruzamos a ponte sobre o rio Paraná, (quem diria que reencontraria estas águas tão longe!) e rumamos na direção de Córdoba, umas duas horas à frente.

Córdoba! Tumultuada chegada! Chovia e a busca por hotéis, sem mapa ou reserva estressou. Depois dumas três tentativas, achamos um hotel central, bem localizado, razoável e decadente. Deixamos as malas e carro e nós pusemos a caminhar. Cidade universitária, com algumas das melhores universidades do país, Córdoba foi a Capital Sulamericana da Cultura em 2010. Tem um passado jesuítico, onde no século XVIII funcionava o maior complexo cultural-religioso da Ordem dos Jesuítas. Igrejas suntuosas, colégios em estilo barroco, falando da opulencia da Terra dos Céus para os índios Guaranis.




Como cidade colonial, Córdoba conserva edifícios de impressionante beleza arquitetônica, conjugando estilos, valores e culturas europeias e indígenas. Considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, a série de construções realizadas pelos jesuítas durante o século XVII e princípios do século XVIII representa uma das principais atrações do centro histórico da cidade.

A principal atração em Córdoba é a Manzana Jesuítica: uma quadra de edifícios construídos pelos jesuítas durante o século XVII e princípios do século XVIII, incluindo colégios, templos e residências. Destaca-se a cripta do antigo noviciado, um impressionante templo subterrâneo; a igreja de la Compañia de Jesus, que é o templo mais antigo da Argentina, e o edifício da primeira universidade do país, atualmente transformado em museu histórico da Universidade Nacional de Córdoba.




O edifício religioso mais importante da cidade é a Catedral de Córdoba, cuja construção foi iniciada no século XVI. Arquitetonicamente combina elementos neoclássicos, românticos e barrocos, junto com detalhes indígenas. Na decoração do interior destacam-se as pinturas da abóbada principal e uma variedade de adornos contemporâneos. 




 Há, espalhados pela cidade, galerias de arte,  artesanato em cerâmica e madeira pensado a partir das estancias de gado locais, livrarias, bares, muitos bares a dar conta da agitada vida estudantil local.


 Praça Central mostrando Alexandre em frente ao painel ilustrativo do Bicentenário da cidade.
 Enquanto perambulávamos pelo centro, numa esquina uma surpresa: o Café Sorocabano. O que teria a ver com a distante Sorocaba, cidade onde passei boa parte da minha vida?



Num dos bares, uma cervejaria artesanal paramos ao entardecer, para dar conta da conversa, das impressões inicias da Argentina. Para a noite programamos jantar no "Parrilla do Raul" que o Lonely Planet classificava como o melhor restaurante de comida local da cidade, longe do circuito central. Um taxi nos deixou lá.

Restaurante com jeitão de clássico, uma casa com várias salas. Sentamos e pedimos vinho (nao sei o nome) e Alexandre, com brilho nos olhos, pediu una parrilla para dos. O garçom olhou-nos nos olhos e insitiu:
- Tem certeza que é uma parrilla mesmo? Alexandre, muito convicto:
- Sim. O garçom insistiu:
- Uma parrilla vem com chorizo, linguiça, rins, intestinos, bife e - não tenho certeza - testículos.
- É isso mesmo, afirmou muito seguro, o Alexandre.

 Na minha cabeça, veio a lembrança de um chouriço que havíamos comido em Buenos Aires dois anos atrás e sabia que iria apreciar o chouriço, a linguiça e o bife. Os outros miúdos ficariam por conta do Alexandre. Bem, o chouriço tinha cominho, uma especiaria que eu não gosto e que trava todo o meu paladar. 
 - Não foi desta vez, comentamos. Vamos ver o próximo...... e voltamos para o hotel. 

No outro dia, café da manhã com café-com-leite, media lunas e geleia e pé na estrada. Rumo a Mendoza, numa estrada sem fim. Pista única, quase desértica. 

Em algum momento, o marcador de gasolina começou a afundar e nada de posto de abastecimento. Nada de informações. Quanto tudo estava a perder-se, encontramos um marco dividindo a província de Cordoba da de São Luiz. Para agradar, só a informação: proximo posto a 70 km. 

Chegaremos? 

Chegamos no sopro...... Parada para abastecer, comer algumas empanadas e continuar viagem. Finalmente chegamos a Mendoza, umas 4 da tarde. 

Nos hospedamos no Hotel Aconcágua, para descontar a espelunca da véspera. Na cidade um Encontro Internacional da Harley-Davidson, fez a cidade coalhar de roupas de couro, roqueiros grisalhos e motos potentíssimas. Foram 3.561 km rodados até agora.