domingo, 8 de agosto de 2021

23.9. Piauí - Parnaíba

Parnaíba, no Piauí, no delta do rio do mesmo nome tem 176 anos e uma população de pouco mais de 150 mil habitantes.
É uma cidade histórica, pelo seu porto era escoada a economia do Piauí até meados do século 20; primeiro o charque, na segunda metade do século 19 pois o Piauí foi colonizado a partir de fazendas de gado que alimentava o ciclo da cana-de-açúcar em Pernambuco e Bahia. Quando o ciclo do charque declina, se inicia o ciclo do látex de maniçoba no sul do Piauí e mais tarde, já no século 20, o ciclo extrativista do óleo de babaçu e da cera de carnaúba, destinados ao mercado internacional.
Então, Parnaíba sempre foi uma cidade cosmopolita. De seus galpões no Porto das Barcas, saiam no inicio do século passado o babaçu e a carnaúba e chegavam as faianças, as sedas e as máquinas. Acredito que tudo isso se acaba com a Segunda Guerra Mundial, quando o Piauí estagnou.

Porto das Barcas - Centro histórico restaurado

O complexo arquitetônico do porto, onde funcionavam lojas, armazéns e depósitos que sustentaram esses ciclos econômicos e que ocupavam vários quarteirões (cerca de 20.000 metros quadrados) ao longo do rio Igarassu se tornou um amontoado de ruínas, onde só as paredes de pedras resistiram.

Ruínas de armazéns do porto antigo, hoje nos jardins do Museu da Pesca.

Algumas construções têm sido restauradas ao longo das últimas décadas onde se instalaram agências de viagens, bares e lojas de artesanato. É o polo turístico da cidade para onde confluem, à noite, todos os turistas que vem à região para conhecer o delta do Parnaíba.

parte turística do Porto das Barcas
O patrimônio arquitetônico desta cidade histórica está bem preservado; muitos casarões imponentes da aristocracia do século XX estão inteiros, espalhados nas ruas do Centro Histórico. Há um edifício - a Casa Inglesa, antiga sede de um posto comercial que fazia as operações comerciais entre o Piauí e a Inglaterra. Fundada em 1849 por ingleses, no melhor estilo colonizador, foi por iniciativa de seus donos que a cera de carnaúba entrou no comércio internacional. O edifício é majestoso; pintado em vermelho que resiste até hoje. Sua importância econômica era notável; foi a Casa Inglesa quem forneceu equipamentos e tecnologia para a eletrificação de 153 municípios de Maranhão, Piauí e Ceará. A parte superior do edifício funcionava como a casa de um dos seus proprietários. Mobiliada em estilo inglês, sua decoração permanece como tal. A casa está liberada para visitas, com agendamento prévio. Não fui, vim a saber depois. Mas teria valido a pena.   
Casa Inglesa no início do século XX

A cidade se volta para o turismo agora; a companhia aérea Azul faz, desde dezembro de 2020, dois voos semanais partindo de Campinas. Com a opção dos passeios de barcos pelo delta ou das praias próximas, sem dúvida é um destino fértil para quem está buscando fugir da rota turística padronizada
Como será o futuro é uma pergunta que está em aberto.

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