Fazendo parte do projeto da maior parte das pessoas que curte viajar, Fernando de Noronha habita minha lista há algum tempo. Mas é preciso amadurecer o desejo para que a oportunidade se concretize. Desejo maduro, companhia assegurada, era hora de passar à ação. Não é fácil ir para Noronha. Uma ilha oceânica a 300 km a nordeste da costa de Pernambuco sempre é muito longe. Quase perto do Equador.
Localização da ilha em relação à costa brasileira |
Mapa do Arquipélago mostrando a ilha principal e secundárias com suas baías e praias. |
Fernando de Noronha é, na realidade, um arquipélago composto por 21 ilhas, se bem que algumas são apenas rochedos que emergem do mar devido à erupção de um vulcão dezenas de milhões de anos atrás. Tudo muito pequeno, somando todas as superfícies: 26 km quadrados! Algumas ilhas podem ser acessíveis com autorização do ICM- Bio, o órgão federal que cuida dos Parques Nacionais. Afinal, Noronha é um parque nacional marinho desde 1988. Tou curiosa para saber dos financiamentos: o Parque Nacional da Serra da Capivara morre à míngua, com recursos quase zero do ICM-Bio.
Devido a sua formação geológica não há lençol freático na ilha nem fonte de água doce. Toda a água consumida provém da dessalinização da água do mar, da captação de água de chuva armazenada num acude construído para tal e das cisternas instaladas nas pousadas. Em anos de seca, como foi 2016, o açude chega a secar, restringindo em muito a oferta da água. Água potável vem de Recife, num barco que chega todas as terças-feira, nos familiares galões azuis de 20 litros.
Não há solo orgânico. sobre as rochas vulcânicas nada viceja.
Solo vulcânico: pedras e água salgada |
Pedras vulcânicas, base de todos os caminhos em Noronha |
Praia com paredão rochoso ao fundoAs praias, de formação sedimentar são resultado do acúmulo durante o período pós-erupção de material calcário oriundo da fragmentação de crustáceos e peixes. |
Rochedo ao final da ilha, com buraco que "lembra" o mapa do Brasil, conhecido como Ponta da Sapata |
Confesso que estou um bocadinho ansiosa, a informação que faremos o último trecho num avião menor e mais antigo, - um ATR - precursor dos jatos atuais, que voa bem mais baixo não me deixa segura. Surpresa boa, a saber logo no embarque em Recife: o avião foi substituído por um EMBRAER, mais moderno e a viagem transcorreu sem problemas.
A chegada à Noronha é confusa: dois aviões chegam ao mesmo tempo, um da GOL e outro da Azul. Como é necessário o pagamento de uma taxa de entrada na ilha ou a checagem do pré-pagamento, as filas se amontoam no exíguo salão..... É uma taxa cara, pois é cobrada por dia de permanência na ilha; R$ 68,74 por dia. Para estrangeiros a taxa é muito maior. Alguém me falou em USD 90/ dia. Consultei a versão em inglês do site oficial, mas eles são mudos sobre o assunto. Comparando a outros lugares turísticos é desanimador: Bagan, em Myanmar custou-me USD 25 pelo período inteiro e Angkor, no Cambodja custou-me USD 63 por 3 dias.... Eh, não é fácil atrair estrangeiros para o Brasil quando nossas políticas públicas são tão vorazes!
Mais alguma coisa ainda estava por vir: acomodados na Pousada do Dodó, corremos para a praia para um banho de mar que nos batizasse por toda aquela lindeza. Chegamos à Praia da Conceição, bem em seu comecinho, onde o Bar do Meio a separa da Praia do Meio. Um banho, o sentar-se para contemplar o por do sol. Merecia uma cerveja, um ficar a olhar a luz desaparecer no horizonte, a contemplar as tribos que chegam à Noronha, a ouvir a música ao vivo... Suave entardecer..... Na hora de pagar a conta, um punhal imobilizante: R$ 66,00 por 2 Heinecker com couvert artístico.
Eh, Noronha é para poucos!
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