Hora de ir embora. Uma semana na ilha. Acredito que vimos tudo, quase tudo. Não fizemos as trilhas nem do Atalaia, nem dos golfinhos; nos desviamos da praia do Bode...
Impressionados com alguns números da ilha: 4 voos diários, sendo que a Gol chega de Boeing. Cerca de 800 pessoas chegam e partem todos os dias. 4 mil turistas o ano inteiro!
Ao impedir que não-ilhéus se instalem e comercializem na ilha, os noronhenses foram sábios em se proteger da selvageria dos mercados internacionais e seus resorts de luxo, mas criou-se um oligopólio dos serviços turísticos que jogou os preços para o alto. Muito alto mesmo! Noronha é o local mais escandalosamente caro do país!
Mesmo importando tudo do continente, até água, não há nenhuma razão para um prato de risoto custar R$ 100,00 nem a diária de locação de um buggy valer R$ 300,00.
Então a beleza natural da ilha fica contaminada pela exploração comercial. Interessante que todos esses preços valem para os ilhéus: eles também têm de pagar R$ 30,00 para sentar-se embaixo de um guarda-sol e os mesmos R$ 15,00 por uma cerveja long neck.
Blog de viagens destinado a relatar em uma viagem o olhar de fora, do estranho. Meu olhar, minhas impressões e emoções, as histórias e a história dos locais.
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
terça-feira, 14 de novembro de 2017
15.6. Fernando de Noronha. É hoje!
Mergulho em águas abertas! Aqui é o lugar! Mergulhadores de todo o Brasil vem para cá pois é o melhor e mais bonito lugar para se mergulhar.
Vamos a baixa profundidade: 6 a 12 metros. O swell deve ter enfraquecido bem e as ondas no lugar do mergulho devem estar razoáveis.
Um caminhão da Atlantis Divers nos pega na pousada e, rodando pela vila vai catando os outros. Pela bagagem já dá para saber o nível de cada um. Se carregam uma sacola com equipamentos é porque estão há algum tempo na estrada. Estrada do mar!
Para mim é sempre tenso o tempo pré. Não gosto de pular de pé na água.
- olha pra frente, dá um passo e cai, me diz o instrutor, empurrando gentil e firmemente para fora do barco.
Pronto! Pulei!
Claro, não vou sozinha; ainda não tenho ferramentas para isso. Um instrutor me conduz. Conduz por águas verdes e cristalinas. Muito verdes.
Respirar e olhar, observar, gravar na retina e na alma esse momento; essa é a missão.
E respirando e olhando, vou observando o fundo do mar: alguns rochedos, pedras redondas cobertas de liquens que lhe dão um tom areia... algumas telhas quebradas. Telhas? Ninguém me conta o porquê. O primeiro cardume de peixinhos com cauda amarela. São as xiras. Haemulon crysargyreum.
Depois, o Dentão (Lutjanus jocu)
Vamos a baixa profundidade: 6 a 12 metros. O swell deve ter enfraquecido bem e as ondas no lugar do mergulho devem estar razoáveis.
Um caminhão da Atlantis Divers nos pega na pousada e, rodando pela vila vai catando os outros. Pela bagagem já dá para saber o nível de cada um. Se carregam uma sacola com equipamentos é porque estão há algum tempo na estrada. Estrada do mar!
Para mim é sempre tenso o tempo pré. Não gosto de pular de pé na água.
- olha pra frente, dá um passo e cai, me diz o instrutor, empurrando gentil e firmemente para fora do barco.
Pronto! Pulei!
Claro, não vou sozinha; ainda não tenho ferramentas para isso. Um instrutor me conduz. Conduz por águas verdes e cristalinas. Muito verdes.
Respirar e olhar, observar, gravar na retina e na alma esse momento; essa é a missão.
E respirando e olhando, vou observando o fundo do mar: alguns rochedos, pedras redondas cobertas de liquens que lhe dão um tom areia... algumas telhas quebradas. Telhas? Ninguém me conta o porquê. O primeiro cardume de peixinhos com cauda amarela. São as xiras. Haemulon crysargyreum.
Depois, o Dentão (Lutjanus jocu)
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
15.5 - Fernando de Noronha. Eita preguiça!
Ilha da Sela |
Noronha é inóspito! Uma ilha oceânica que nasceu da explosão de um vulcão, milhões de anos atrás. Não há solo orgânico, não há fonte de água doce, muito menos árvores. Como se o mar - caprichoso - construísse tanta beleza só para si.
O homem não deveria habitar Noronha. Está aqui de teimoso. O homem primitivo não sobreviveria aqui, não tem água potável! E querem que a gente saia para a rua! Só se for para ficar dentro d’água.
Memorial Noronhense
Um museu pequeno, localizado na Praça do Cruzeiro, conta - por fotografias- a história da Ilha.
Noronha teve várias fases: a ocupação francesa, depois holandesa e depois inglesa. Como Ushuaia, o pais afirma sua soberania sobre o território com a construção de um presídio para os mais perigosos: os assassinos mais cruéis, os lideres de rebeliões como a Setembrona, a Farroupilha e presídio político também. Desde Getúlio até a ditadura militar. Marighela, Arraes e Gregorio Bezerra ocuparam estas celas.
As histórias de maus-tratos, trabalho forçado, castigos, sempre me comove muito. Saí do Memorial com as emoções mexidas...
Vim para a Praia do Cachorro, a mais urbana delas. Uma pequena enseada fechada por paredões de pedra. Na frente um grande rochedo, um São Bernardo deitado, com o focinho no chão. Por isso, o nome da praia.
3 quiosques garantem o conforto; consumação mínima de R$ 50,00! Long neck custa R$ 12,00. Iscas de barracuda, (o melhor peixe de Noronha!) a R$ 70,00. Assim é Noronha...
sábado, 11 de novembro de 2017
15.3 - A Ilha
Fernando de Noronha foi descoberta em 10 de agosto de 1503 por Américo Vespúcio, numa expedição de Gonçalo Coelho, quando uma de suas caravelas bateu num recife costeiro e naufragou. Bem, mais tarde recebeu esse nome por conta do financiador da expedição: Fernão de Loronha. Foi Vespúcio quem descobriu também, o Rio São Francisco, quando sua expedição de 1508, navegou-o até as cachoeiras de Paulo Afonso.
Abandonada pelos portugueses depois de registrada em sua cartografia (os portugueses eram grandes cartógrafos!), a ilha foi ocupada pelos ingleses no século 16, pelos holandeses no século 17 e pelos franceses no século 18. Aí os portugueses acordaram e perceberam que precisavam cuidar do patrimônio.
Praia do Cachorro, três horas da tarde. Mar estreito entre duas formações vulcânicas, vento swell formando ondas descomunais. Nadinha de entrar na praia. De repente, Cristiano, o dono da barraca passa zunindo ao nosso lado com uma boia na mão. Olho pro mar e vejo duas cabeças, uma perigosamente perto das pedras.
Aí começam momentos de tensão. Ele joga a boia e o náufrago não pega; a boia vai ainda mais perto das pedras. O salva-vidas não titubeia, abandona o equipamento inútil e nada em direção ao homem. A cada braçada, a pergunta: vai conseguir? Sai correndo o garçom para ajudar o resgate. Enfim trazem o náufrago para a areia. Caminhava trôpego até se ajoelhar na areia e, de cabeça baixa, talvez orasse pela vida renascida ou pelo companheiro que ainda lutava contra as ondas.
Abandonada pelos portugueses depois de registrada em sua cartografia (os portugueses eram grandes cartógrafos!), a ilha foi ocupada pelos ingleses no século 16, pelos holandeses no século 17 e pelos franceses no século 18. Aí os portugueses acordaram e perceberam que precisavam cuidar do patrimônio.
Mapa inglês da Ilha, realizado em 1793, baseado em material francês de 1760 |
Praia do Cachorro, três horas da tarde. Mar estreito entre duas formações vulcânicas, vento swell formando ondas descomunais. Nadinha de entrar na praia. De repente, Cristiano, o dono da barraca passa zunindo ao nosso lado com uma boia na mão. Olho pro mar e vejo duas cabeças, uma perigosamente perto das pedras.
Aí começam momentos de tensão. Ele joga a boia e o náufrago não pega; a boia vai ainda mais perto das pedras. O salva-vidas não titubeia, abandona o equipamento inútil e nada em direção ao homem. A cada braçada, a pergunta: vai conseguir? Sai correndo o garçom para ajudar o resgate. Enfim trazem o náufrago para a areia. Caminhava trôpego até se ajoelhar na areia e, de cabeça baixa, talvez orasse pela vida renascida ou pelo companheiro que ainda lutava contra as ondas.
sexta-feira, 10 de novembro de 2017
15.2 - Noronha. Ilhatour, por onde a ilha começa a se exibir
O passeio começa cedo. 8 horas. Imagine o despertador te acordando às sete da manhã em seu primeiro dia! Um guia, uma camionete, 10 pessoas. Benefícios da maturidade: fomos colocados na cabine com ar condicionado. Os jovens foram para a boleia...
Fernando de Noronha é cênico, de qualquer lugar que se olhe, perde-se o fôlego.
Primeira parada: o mirante do Sancho. Do alto do paredão se vê uma praia curta, de areia clara e do melhor verde do mar. Deslumbrante! A TripAdvisor classificou, em 2017, a Praia do Sancho como a mais bela praia do mundo! Vale! Águas cristalinas, transparentes, cheias de peixes miudinhos, ondas. Não há infraestrutura nessa praia: nenhum quiosque, nenhuma cadeira, nenhum guarda-sol. Parque marinho! O acesso é hard: uma escada vertical presa na rocha, depois um corredor entre pedras, outra escada vertical e já estamos quase ao nível do mar. Mais 185 degraus, quase horizontais e - chegou-se ao paraíso. Nadei muito no Sancho, deu para atravessar a praia toda. Depois snorkeling e o primeiro contato com o mundo submarinho. Sargentos e xirias. O que só eu vi foi um cardume ondulante de peixes miudinhos...
O tour continuou, próxima praia: a Praia do Leão Marinho. Inacessível para banhos, parece que turismo é tirar fotos ou - pior - fotografar-se por selfies.Tá certo, fotos são importantes, são as memórias concretas de nossa experiência. Mas uma viagem é muito mais que isso: todos os sentidos precisam ficar aguçados para se absorver as sensações da melhor maneira possível. O silêncio, inclusive. O momento em que se contempla: a cor do mar, a linha do horizonte, o frescor da brisa, a textura dos rochedos, a espuma das ondas....
E vamos para a praia seguinte, porque os tours são sempre assim, intensos: a Praia do Sueste;mais agressiva, onde vimos tartarugas que subiam para respirar e submergiam em seguida e duas espécies de tubarões: tubarão-lixa e tubarão-limão, espécies pequenas e muito tranquilas, se não molestadas.
Os tubarões são inofensivos, não atacam humanos. Ao contrário, humanos atacam tubarões. Em dezembro de 2015, um tubarão provocado por um turista decepou-lhe o braço. É o caso mais conhecido e mais comentado na Ilha.... pessoalmente vi os bichinhos nadando calmamente abaixo de mim. Juro que não senti medo...... O medo foi nadar em mar agitado muito perto das rochas.
Por mim, o passeio acabava aí, queria um tempo para absorver tudo que havia visto, sentido e refletido. Qual o quê! Excursões só acabam ao por-do-sol. Toca a conhecer o porto, a capelinha onde é moda se casar nos dias de hoje, a base da Air France. Depois, a praia da Cacimba do Padre e o por-do-sol na praia do Americano, ao sol de jazz e bossa-nova. Terminamos com uma cerveja gelada e a certeza que tudo, tudo foi muito intenso.
Fernando de Noronha é cênico, de qualquer lugar que se olhe, perde-se o fôlego.
Primeira parada: o mirante do Sancho. Do alto do paredão se vê uma praia curta, de areia clara e do melhor verde do mar. Deslumbrante! A TripAdvisor classificou, em 2017, a Praia do Sancho como a mais bela praia do mundo! Vale! Águas cristalinas, transparentes, cheias de peixes miudinhos, ondas. Não há infraestrutura nessa praia: nenhum quiosque, nenhuma cadeira, nenhum guarda-sol. Parque marinho! O acesso é hard: uma escada vertical presa na rocha, depois um corredor entre pedras, outra escada vertical e já estamos quase ao nível do mar. Mais 185 degraus, quase horizontais e - chegou-se ao paraíso. Nadei muito no Sancho, deu para atravessar a praia toda. Depois snorkeling e o primeiro contato com o mundo submarinho. Sargentos e xirias. O que só eu vi foi um cardume ondulante de peixes miudinhos...
Sargento - Abudefdul saxatilis |
Xirias - Haemulon chrysargyreum |
E vamos para a praia seguinte, porque os tours são sempre assim, intensos: a Praia do Sueste;mais agressiva, onde vimos tartarugas que subiam para respirar e submergiam em seguida e duas espécies de tubarões: tubarão-lixa e tubarão-limão, espécies pequenas e muito tranquilas, se não molestadas.
Tubarão-limão |
Tubarão-lixa |
Por mim, o passeio acabava aí, queria um tempo para absorver tudo que havia visto, sentido e refletido. Qual o quê! Excursões só acabam ao por-do-sol. Toca a conhecer o porto, a capelinha onde é moda se casar nos dias de hoje, a base da Air France. Depois, a praia da Cacimba do Padre e o por-do-sol na praia do Americano, ao sol de jazz e bossa-nova. Terminamos com uma cerveja gelada e a certeza que tudo, tudo foi muito intenso.
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
15.1 - Fernando de Noronha
Consegui!
Fazendo parte do projeto da maior parte das pessoas que curte viajar, Fernando de Noronha habita minha lista há algum tempo. Mas é preciso amadurecer o desejo para que a oportunidade se concretize. Desejo maduro, companhia assegurada, era hora de passar à ação. Não é fácil ir para Noronha. Uma ilha oceânica a 300 km a nordeste da costa de Pernambuco sempre é muito longe. Quase perto do Equador.
A Latitude de Noronha é 3º 50’ 25’’ S, nem é o lugar mais equatorial que visitei. Estou curiosa para reler um post (9.1) meu sobre meus extremos geográficos. Vi. O lugar mais equatorial é Algodoal, no litoral do Pará, com latitude de 1º73'29".
Fernando de Noronha é, na realidade, um arquipélago composto por 21 ilhas, se bem que algumas são apenas rochedos que emergem do mar devido à erupção de um vulcão dezenas de milhões de anos atrás. Tudo muito pequeno, somando todas as superfícies: 26 km quadrados! Algumas ilhas podem ser acessíveis com autorização do ICM- Bio, o órgão federal que cuida dos Parques Nacionais. Afinal, Noronha é um parque nacional marinho desde 1988. Tou curiosa para saber dos financiamentos: o Parque Nacional da Serra da Capivara morre à míngua, com recursos quase zero do ICM-Bio.
Devido a sua formação geológica não há lençol freático na ilha nem fonte de água doce. Toda a água consumida provém da dessalinização da água do mar, da captação de água de chuva armazenada num acude construído para tal e das cisternas instaladas nas pousadas. Em anos de seca, como foi 2016, o açude chega a secar, restringindo em muito a oferta da água. Água potável vem de Recife, num barco que chega todas as terças-feira, nos familiares galões azuis de 20 litros.
Não há solo orgânico. sobre as rochas vulcânicas nada viceja.
A viagem foi picadinha: PINDA até o RIO, depois BELO HORIZONTE e agora RECIFE, só depois NORONHA. Fuso horário confuso; horário de verão em Pinda, Recife - horário normal e Noronha, uma hora mais tarde...
Confesso que estou um bocadinho ansiosa, a informação que faremos o último trecho num avião menor e mais antigo, - um ATR - precursor dos jatos atuais, que voa bem mais baixo não me deixa segura. Surpresa boa, a saber logo no embarque em Recife: o avião foi substituído por um EMBRAER, mais moderno e a viagem transcorreu sem problemas.
A chegada à Noronha é confusa: dois aviões chegam ao mesmo tempo, um da GOL e outro da Azul. Como é necessário o pagamento de uma taxa de entrada na ilha ou a checagem do pré-pagamento, as filas se amontoam no exíguo salão..... É uma taxa cara, pois é cobrada por dia de permanência na ilha; R$ 68,74 por dia. Para estrangeiros a taxa é muito maior. Alguém me falou em USD 90/ dia. Consultei a versão em inglês do site oficial, mas eles são mudos sobre o assunto. Comparando a outros lugares turísticos é desanimador: Bagan, em Myanmar custou-me USD 25 pelo período inteiro e Angkor, no Cambodja custou-me USD 63 por 3 dias.... Eh, não é fácil atrair estrangeiros para o Brasil quando nossas políticas públicas são tão vorazes!
Mais alguma coisa ainda estava por vir: acomodados na Pousada do Dodó, corremos para a praia para um banho de mar que nos batizasse por toda aquela lindeza. Chegamos à Praia da Conceição, bem em seu comecinho, onde o Bar do Meio a separa da Praia do Meio. Um banho, o sentar-se para contemplar o por do sol. Merecia uma cerveja, um ficar a olhar a luz desaparecer no horizonte, a contemplar as tribos que chegam à Noronha, a ouvir a música ao vivo... Suave entardecer..... Na hora de pagar a conta, um punhal imobilizante: R$ 66,00 por 2 Heinecker com couvert artístico.
Eh, Noronha é para poucos!
Fazendo parte do projeto da maior parte das pessoas que curte viajar, Fernando de Noronha habita minha lista há algum tempo. Mas é preciso amadurecer o desejo para que a oportunidade se concretize. Desejo maduro, companhia assegurada, era hora de passar à ação. Não é fácil ir para Noronha. Uma ilha oceânica a 300 km a nordeste da costa de Pernambuco sempre é muito longe. Quase perto do Equador.
Localização da ilha em relação à costa brasileira |
Mapa do Arquipélago mostrando a ilha principal e secundárias com suas baías e praias. |
Fernando de Noronha é, na realidade, um arquipélago composto por 21 ilhas, se bem que algumas são apenas rochedos que emergem do mar devido à erupção de um vulcão dezenas de milhões de anos atrás. Tudo muito pequeno, somando todas as superfícies: 26 km quadrados! Algumas ilhas podem ser acessíveis com autorização do ICM- Bio, o órgão federal que cuida dos Parques Nacionais. Afinal, Noronha é um parque nacional marinho desde 1988. Tou curiosa para saber dos financiamentos: o Parque Nacional da Serra da Capivara morre à míngua, com recursos quase zero do ICM-Bio.
Devido a sua formação geológica não há lençol freático na ilha nem fonte de água doce. Toda a água consumida provém da dessalinização da água do mar, da captação de água de chuva armazenada num acude construído para tal e das cisternas instaladas nas pousadas. Em anos de seca, como foi 2016, o açude chega a secar, restringindo em muito a oferta da água. Água potável vem de Recife, num barco que chega todas as terças-feira, nos familiares galões azuis de 20 litros.
Não há solo orgânico. sobre as rochas vulcânicas nada viceja.
Solo vulcânico: pedras e água salgada |
Pedras vulcânicas, base de todos os caminhos em Noronha |
Praia com paredão rochoso ao fundoAs praias, de formação sedimentar são resultado do acúmulo durante o período pós-erupção de material calcário oriundo da fragmentação de crustáceos e peixes. |
Rochedo ao final da ilha, com buraco que "lembra" o mapa do Brasil, conhecido como Ponta da Sapata |
Confesso que estou um bocadinho ansiosa, a informação que faremos o último trecho num avião menor e mais antigo, - um ATR - precursor dos jatos atuais, que voa bem mais baixo não me deixa segura. Surpresa boa, a saber logo no embarque em Recife: o avião foi substituído por um EMBRAER, mais moderno e a viagem transcorreu sem problemas.
A chegada à Noronha é confusa: dois aviões chegam ao mesmo tempo, um da GOL e outro da Azul. Como é necessário o pagamento de uma taxa de entrada na ilha ou a checagem do pré-pagamento, as filas se amontoam no exíguo salão..... É uma taxa cara, pois é cobrada por dia de permanência na ilha; R$ 68,74 por dia. Para estrangeiros a taxa é muito maior. Alguém me falou em USD 90/ dia. Consultei a versão em inglês do site oficial, mas eles são mudos sobre o assunto. Comparando a outros lugares turísticos é desanimador: Bagan, em Myanmar custou-me USD 25 pelo período inteiro e Angkor, no Cambodja custou-me USD 63 por 3 dias.... Eh, não é fácil atrair estrangeiros para o Brasil quando nossas políticas públicas são tão vorazes!
Mais alguma coisa ainda estava por vir: acomodados na Pousada do Dodó, corremos para a praia para um banho de mar que nos batizasse por toda aquela lindeza. Chegamos à Praia da Conceição, bem em seu comecinho, onde o Bar do Meio a separa da Praia do Meio. Um banho, o sentar-se para contemplar o por do sol. Merecia uma cerveja, um ficar a olhar a luz desaparecer no horizonte, a contemplar as tribos que chegam à Noronha, a ouvir a música ao vivo... Suave entardecer..... Na hora de pagar a conta, um punhal imobilizante: R$ 66,00 por 2 Heinecker com couvert artístico.
Eh, Noronha é para poucos!
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