Faz calor em Petrolina. Mesmo a brisa que habita a cidade está mais rara e mais quente. Chegamos no fim da tarde e nós hospedamos num hotel já conhecido - Velho Chico. Fica fora da orla, mas de acesso fácil.
À noite demos uma volta pela orla, pelo centro antigo. A cidade gira em torno do rio. Da riqueza gerada pela agricultura irrigada das frutas, das suas vinícolas esdrúxulas, da represa de Sobradinho, que fornece energia de fonte limpa para o pais.
Sobradinho deve ter sido construída nos anos 60, pelos generais de plantão no poder. Como tudo daquela época, um projeto autoritário que soterrou cidades, expulsou pessoas e interferiu definitivamente no modelo de vida da região.
Existia um sistema de navegação doméstico pelo rio. Barcos de pequenos comerciantes que subiam e desciam o rio, desde o norte de Minas Gerais, atravessando a Bahia e Pernambuco a vender de tudo: tecidos, alimentos, aguardente e a comprar a produção de galinhas, porcos e mandioca. Pois bem, a Companhia do Vale do São Francisco, que administra a geração de energia, proibiu esses barcos. Indenizou os proprietários e ficou com todos os barcos. A partir dai, nunca mais as carrancas percorreram o rio a afastar os monstros que engoliam os barqueiros.
Uma tímida tentativa de recuperar a navegação, ou um pouco dessa história da navegação está aparecendo. Um ou dois barcos estão sendo restaurados por netos desses barqueiros e usados para turismo. Já e possível fazer pequenas viagens nesses barcos, nos fins de semana. Há dois roteiros turísticos para se desfrutar. Um saindo de Juazeiro e Petrolina, faz a eclusagem e segue para a Miolo. O segundo roteiro, mais curto e mais barato, faz apenas a navegação no rio.
Fiz o primeiro roteiro na primeira vez que vim aqui, num post chamado, Vapor do Vinho.
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