sábado, 3 de janeiro de 2015

10.10 - Patagonia. Glaciares

Os glaciares se formam em alguns lugares do planeta, em condições meteorológicas específicas: vento, chuva, altitude e neve. Temos a Groenlândia,  na Noruega e aqui na Patagônia. Penso que o gelo polar não é um glaciar.




Aqui, em El Calafate, ao pé dos Andes, no paralelo 50° 20' 26" S e meridiano 72° 16' 12" W se encontra o Parque Nacional de Los Glaciares, com mais de 300 glaciares.

É tao intensa a emoção de contemplar um glaciar ou um iceberg (témpano) que me pergunto como expressá-la: ¿será por uma foto ou um texto? ¿Serão os olhos a guardar a sublime imagem ou será a alma?


¿Onde ficará guardado o meu glaciar?

A alma fica alimentada, nutrida e aquecida por ter contemplado esta grande obra da natureza. As pessoas devem vir ao Parque Nacional de los Glaciares que, desde 1981, foi declarado pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade. ¡É algo tao especial e  comovente!

Ontem eu li sobre os icebergues flutuando à deriva, rumo ao seu destino líquido. Líquido destino! É de outro destino a natureza humana: subterrânea, rumo ao pó ou às cinzas.

Claro, se fotografa um glaciar. Me pergunto se as pessoas vêm, se compreendem com a plenitude dos sentidos aquilo quem a lente vê.

O que um bloco de gelo flutuando solitário rumo a seu líquido destino evoca? Para mim, será sempre o silêncio, a solidão essencial. A ausência de ruídos em seu movimento, a pureza da luz azul capturada em seu interior; tudo me fala de essências.

Talvez o glaciar represente algo intangível: a iluminação interna, a sabedoria que cada um vai absorvendo pela Vida. E essa luz interna, imaterial, intangível, mas perceptível, que o glaciar expõe.

Ontem me disseram que esse azul é uma ilusão de ótica. Todas as cores estão lá e o azul é apenas a que se reflete, a que podemos ver. Que os outros vêm em nós... e a identificação com o glaciar flutuando solitário rumo ao seu líquido destino ainda é mais intensa quando nos deparamos com as fendas, as gretas em sua superfície. Não somos todos assim, com nosso brilho azul fendido, mil pontas esmurrando nosso cotidiano?

E quantas luzes não compartilho, compactadas em minhas entranhas, testemunhas de meu solitário destino?

Foram essas as reflexões que Upsala, Perito Moreno e Spegazzini - os glaciares que avistei - provocaram.

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