O Brasil despertou para a cultura da oliveira e a consequente produção de azeite na pequena cidade de Maria da Fé - MG no início dos anos 2.000. Mudas de oliveira trazidas em 1935 por imigrantes portugueses para a Serra da Mantiqueira iniciou o primeiro ciclo da produção de azeite . Á época, foram implantados pomares em Maria da Fé, Paraisópolis, em Minas Gerais e Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí, em São Paulo. As espécies mais comuns nesses pomares eram - portuguesas, por suposto - a negroa e a galega. Esses pomares desaparecem na década de 70 principalmente pelo tabu de que a oliveira não se adaptava ao nosso clima, aliada à baixa tecnologia de cultivo e extração de azeite.
No inicio dos anos 2000 desenvolve-se um polo de pesquisas na Universidade Federal de Lavras relacionados ao cultivo da oliveira, que mais tarde migrou para a EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - hoje o centro de excelência para o tema. O ano de 2008 é emblemático pela primeira extração de azeite em Maria da Fé. 40 litros!!!!! Foi o suficiente para motivas os agricultores da região a investir na nova cultura.
Hoje são 160 produtores na Serra da Mantiqueira, disseminados em 30 municípios ( 20 em MG e 10 em SP) e organizados em torno da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assolive). A área cultivada abrange 3 mil hectares, mas apenas 20% estão em fase de produção, o que mostra a expansão muito recente da cultura. A oliveira começa a produzir azeite a partir do quarto ano de plantio. A produção em 2018 foi de 80.000 litros, mas devido a característica jovem dos pomares, a produção ainda é irregular.
Frutas da variedade catalã Arbequina em pomar em Airuoca - MG |
As variedades que melhor se adaptaram aqui foram:
1. Maria da Fé: é a única espécie brasileira, desenvolvida pela EPAMIG a partir da espécie portuguesa galega. São frutos pequenos, mas a produção compensa pela carga grande de frutos em cada pé.
Espécie Maria da Fé |
2 - Grappolo - de origem italiana (Toscana) adaptou-se bem na Serra da Mantiqueira e é muito frequente aqui, diferente da Itália onde é um cultivar em desaparecimento.
3 - Arbequina - de origem catalã. Muito frequente e bem adaptada. Industrializada como varietal ou em blends, principalmente com a grappolo.
4- Koroneiki - de origem grega. Cerca de metade do azeite produzido na Grécia vem dessa espécie, cuja origem remonta a 3.000 AC no Peloponeso. É amplamente difundida na Mantiqueira seu azeite é aromático e complexo, com amargor intenso e picância forte.
5 - Coratina - de origem italiana, da Puglia.
6 - Frantoio - de origem italiana, da Toscana. Ainda é pouco representada na Mantiqueira. Poucos produtores a cultivam.
7 - Picual - de origem espanhola, da Andaluzia. Representa a metade da produção espanhola e um quinto da produção mundial. É extremamente produtiva, bem adaptada a variados tipos de solo e resiste bem a geada.
8 - Ascolano: de origem italiana (Toscana) é uma azeitona de mesa por seu pouco teor em óleo, mas é bastante usada em blends contribuindo para o equilíbrio final do produto.
9 - Arbosana: originária da Espanha. tem grande produção por arvore. É usada em blends com arbequina e koroneiki.
Em Aiuruoca - MG, há diversas pomares de oliveiras. Fomos conhecer a Serra dos Garcias, no bairro dos Garcias. Produção artesanal pequena a partir de três espécies: arbequina, koroneiki e arbosana. Blends ou varietal. Como a colheita acontece entre 15 de fevereiro a 15 de março e o azeite é produzido e engarrafado na hora, só encontramos para vender 3 garrafas de arbequina.
Em Alagoa há outro grande produtor com abertura para turistas. Prado e Vasquez, na fazenda Cauré. Não conseguimos visitar, mas anotamos na agenda: " voltar em primeiro de março".
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