segunda-feira, 17 de julho de 2017

13.43 - Ásia - Ponto Final

Estou em casa, em pleno jet lag das 30 horas de voo. É quase atravessar o mundo! Pergunto-me o saldo. Estive em países que passaram por projetos políticos muito autoritários por longos períodos, muito recentemente e - há muito pouco tempo - se inserem no mercado de consumo. Outdoors da Samsung e da Toyota são muito recentes por lá.

... alguns dias se passaram antes que eu voltasse a este texto; não conseguia fazer uma síntese dessas sete semanas na Ásia. Descolei-me de maneira muito intensa da minha realidade cotidiana que não conseguia amalgamar as vivências a essa superfície rasa que é a vida organizada do dia a dia. Estranhamente não senti saudades da minha casa, das minhas coisas; minha casa ou um quarto de hotel ofereciam o mesmo abrigo.

Mudou a minha energia e isso não se quantifica: tantas massagens, tantos templos, meditação e solidão me colocaram em outro patamar.Percebo que enfrentei muitos desafios: a todo momento tinha de lidar com uma situação em que não conhecia os códigos.

Foi uma viagem substantiva: foram 17 voos, 10 viagens rodoviárias, 232 km de caminhadas, temperaturas maiores que 40 graus em alguns momentos. Tantos voos têm uma explicação: quase todas as vezes que voei de uma cidade à outra, precisava fazer uma conexão em Bangkok. Claro, ficou um roteiro esquizofrenico, pois - muitas vezes - viajava para leste, em latitudes muito próximas e tinha de descer até o sul, até Bangkok e voltar novamente.

Faria outro roteiro? 
- Sim e não. Organizando a viagem aqui no Brasil, este foi o roteiro possível que consegui montar. Lá - depois de conhecer geografias e rotas, percebi que havia muita coisa a mais. Talvez a mudança mais importante seria ter feito Chiang Mai a Luang Prabang por barco, pelo Mekong.... teria sido muito mais interessante!
Mas é muito fácil propor mudanças no passado, olhando de outra perspectiva.... Isso não é a realidade.

Voltaria?
- Mil vezes, Há tanta coisa por se descobrir em outros lugares ou nos mesmos lugares..... outro olhar.... outras ferramentas.

Gastei pouco, bem menos que imaginava:
- passagens aéreas:         R$ 4.905,00
- vistos                            R$   593,00
- hotéis:                          R$ 4.178,00
- comida e outros gastos:  R$ 4.668,00
- tours                             R$ 1.003,00
- IOF                               R$    903,00
Total                               R$ 16.250,00. 
                                     USD   4.973 USD (cambio de 3,268 reais por dólar)

Não contabilizo as compras. É um item muito pessoal, varável de acordo com o dinheiro disponível, o limite de bagagem e a oferta de coisas interessantes. Mesmo usando o cartão de crédito apenas para as compras de aeroporto, o IOF é uma parcela considerável. 900,00 reais!

Vou consultar postagens antigas mas deve ser o mesmo valor que gastei numa viagem de 20 dias na Turquia, há 2 anos. Aqui foram 45 dias!

Ah, mas preciso contar da Guamnyn, a deusa budista da gratidão. Apaixonei-me por sua imagem quando a vi, empoeirada e suja, numa pequena loja de antiguidades em Vientiane, no Laos. Era cara, bem cara, talvez o mais caro mimo que já me dei de presente. Paguei à vista e solicitei que a despachassem para o Brasil. Como já falei, na Ásia, tudo é uma questão de confiança.... há de se confiar. Ela chegou três dias depois da minha volta. Chegou quebrada! Sua coroa frágil não suportou a embalagem inadequada.... 


Guamnym no momento da desembalagem, sua coroa não suportou a pressão.

As peças quebradas e a dor no coração
A transportadora DHL, depois de comunicada, ressarciu-me das taxas alfandegárias (100% do valor do produto). A loja que me vendeu apesar de comunicada por e-mail duas vezes, nem tomou conhecimento. Soube pela DHL que ela recebeu o seguro para repor a peça, mas não aconteceu nada.

Consegui restaurar a peça; paciência, habilidade e materiais certos. Aí, a minha experiência em mosaicos (que é a arte de colar cacos) ajudou muito. Hoje ela enfeita minha sala com serenidade e iluminação.


Guamnyn - restaurada e nobre, iluminando minha sala
Só um sentimento para terminar esta história: Gratidão!