terça-feira, 5 de abril de 2011

Chegando em casa

Para quem dirigiu até 800 km num único dia, os 450 km que separavam Capão de Pinda nos parecia moleza.E foi! No ritmo de dirigirmos duas horas cada um e com a Marginal Tietê livre, em 4 horas vimos a placa familiar.

22 dias para fazer a circunvolução terrestre pelo sul da América do Sul!!!
8400 km rodados por 5 países: Brasil, Paraguay, Argentina, Chile e Uruguay!!!
R$ 6.150,00 gastos entre transporte, alimentação e hospedagem perfazendo US$ 81,26 ou R$ 140,00 por pessoa ao dia. Esse custo me surpreendeu, ficou 30% abaixo de nossa previsão. E estivemos em bom hotéis e tivemos jantares memoráveis!
O que ficou dessa viagem, além de um monte de moedas desparelhadas e inúteis?

Ficou a convicção que um bom planejamento é fundamental para assegurar uma viagem sem problemas e crises...
Ficou o prazer da companhia em fulltime do Alexandre (desde sua adolescência  isso não acontecia)...
Ficou a convicção que o carro adequado nos deu a segurança necessária...
Ficou uma trilha sonora memorável...
Ficou nossos olhares deslumbrados com a magnificência da cordilheira, dos prados e dos rios...
Ficou um conhecimento mais concreto dos vinhos e seus vinhedos....
Ficou uma consciência geográfica e cultural da diversidade...
Ficaram sensações e emoções para o resto da vida....

Mico, havia de ter um!

Nosso penúltimo dia de viagem e o dia amanhece chovendo em Joinville. Teríamos uma longa jornada pela frente. Repetindo o ritual dos dias anteriores, consultamos o deus Google para saber a rota. Duas opções na rota do Paraná: seguir por Adrianópolis ou Ponta Grossa, 120 km a mais.
Claro que escolhemos a alternativa mais lógica: vamos pela estrada mais perto.
Decisão errada!!!!
Deveríamos ter desconfiado de algo quando não havia uma única placa indicando Colombo e Adrianópolis. Com a energia dos obssessivos, perseguimos tal caminho e o encontramos.... para nos depararmos com uma estrada de terra no meio do nada. Pergunta aqui, pergunta ali... o mapa conferia, toca seguir em frente porque voltar também era complicado.
Por fim, encontramos a BR 476, a estrada da Ribeira. Fomos descobrir (e só viajando você descobre essas coisas) que aquela região oscilava de terreno ondulado para fortemente ondulado a montanhoso (DER Paraná), o que significou 150 quilometros de curvas. De verdade: curvas, uma ao lado da outra, subindo e descendo as montanhas da Serra do Mar, a 70 km/hora.
Paisagem belíssima e deserta; nós, as montanhas e a floresta.Nossa paciência!
Lembro da minha infancia (década de 50) em Capão, quando o fluxo do trânsito entre Curitiba e São Paulo passava por lá e continuava nessa estrada.... Lembrei dos antigos caminhões FNM verdes.... imaginei-os em sua lentidão trafegando por aquelas curvas.... Eh, os motoristas de dantes tinham outro humor......
Atravessamos o Rio Ribeira de Iguape (que saiu do nada no meio da cidade) na fronteira entre os dois estados: as cidades de Adrianópolis de um lado e Ribeira de outro. Dois lugares perdidos no mundo e separadas por um rio majestoso.
Mais tres cidades: Ribeira, Apiaí e Guapiara... estávamos chegando a Capão Bonito.
pausa para ir dormir no sítio, o lugar mais lindo do mundo.